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O ASSASSINATO DE CRISTO: O ÓDIO AO VIVO

 


           A sociedade humana transformou a vida no Planeta em um grande labirinto, que embora saiba a saída, desenvolveu inabilidades para gestar a sua própria vida. A partir desta incapacidade, produziu um sistema de governanças políticas nefastas e que possivelmente a levará à sua própria extinção.

            O atual estágio que a humanidade atravessa com essa pandemia de COVID é o obituário dessa patologia social.

            William Reich (1897-1957), austríaco, médico, psicanalista e cientista natural, analisa essa situação em uma relação quase arquetípica com o assassinato de Cristo, realizando um comparativo com a liberdade de Adão e Eva, do Paraíso. Reich inicia o livro com a citação de Jean-Jacques Rousseau, no Contrato Social:

 

“O homem nasce livre e por todo lado está acorrentado. Mesmo quem se julga senhor dos outros, este ainda é mais escravo do que eles. Como se fez esta transformação? Não sei.”

 

O homem saindo do estado natural para a condição de civilizado implica o rompimento de cada ser com o estado natural. A partir desse rompimento, torna-se necessária a existência de um contrato social responsável por reger a soberania e as relações de poder entre os homens, que por sua vez, deve ser legítima e atender ao bem comum e à vontade geral.

A autoridade legítima e aceita pelos homens na condição de civilizados é transferida de cada um, individualmente, para o Estado, que passa a ser detentor das liberdades individuais, mas que deve, no entanto, prezar pela vontade da maioria.

Nessa transição, ocorre um grande enigma que impede que a civilização se coloque na questão correta para alcançar os seus próprios sentidos, que se resumiriam nas questões basilares que apavoram a humanidade: Quem sou? De onde vim? Para onde vou?

 Reich certamente não leu as obras espíritas, mas mesmo assim diagnosticou a situação e considerou que o enigma fundamental que não permitiu a saída da humanidade desse labirinto é a EVASIVA de todo ser humano em relação à Vida viva. O elemento escondido é a PESTE EMOCIONAL DO HOMEM.

Na questão nº 825 de O Livro dos Espíritos (O L.E.), os Reveladores Celestes alertam que não há liberdade absoluta, considerando que “todos necessitais uns dos outros, tanto os pequenos como os grandes.” Aqui está a resposta para o grande enigma/evasiva: o outro.

Na questão nº 806 de O L.E. os Reveladores respondem que as desigualdades, não sendo uma lei natural, “desaparecerão um dia juntamente com a predominância do orgulho e do egoísmo, restando tão somente a desigualdade do mérito. Chegará um dia em que os membros da grande família dos filhos de Deus não mais se olharão como de sangue mais ou menos puro, pois somente o Espírito é mais puro ou menos puro, e isso não depende de posição social (mérito espírita).” Aqui está a resposta do elemento fundamental / peste emocional do homem: orgulho e egoísmo.

Esse conjunto de fatores encerra uma questão fundamental que proporciona ao ser humano o conhecimento de si, a vitória contra o mal e o diálogo com o Espiritismo na questão nº 919, de O L.E.

Sem esses condicionantes básicos, nenhum contrato social, preocupação de Rousseau, será capaz de estancar a angústia que assola a humanidade contemporânea. Na melhor das hipóteses, os contratos sociais são paliativos para manter a vida.

Muito embora o homem já tenha conhecimento das necessidades básicas para alcançar a saída desse labirinto e se libertar dessa escravidão, falta compreender, conquanto, que as causas estão mais nos prisioneiros do que no labirinto, considerando que a chave dessa saída encontra-se cimentada na armadura do seu caráter e na rigidez mecânica do corpo e da alma, que fazem parte da estrutura profunda do homem, construída através das vidas sucessivas, sendo necessária a sua individuação: unidade na sua diversidade, pelo autoconhecimento.

Reich ainda recorre a simulacros do Mito da Caverna”, de Platão.

Esta é a grande tragédia. E Cristo a conhecia.

Para Reich, Cristo foi vítima do ódio ao Vivo por parte de seus contemporâneos e deixou uma trágica significação para a humanidade que até hoje não entendeu o seu real significado. Reich define o ódio ao Vivo, o que Karl Kautsky definiu como selvagem ódio de classe dos proletários ante os ricos. Lembre-se da passagem de Lázaro e o rico (Lucas XVI:19-31) quando este vai para o inferno e o pobre vai para o seio de Abraão. Na parábola do camelo (Lucas XII:33), fica claro que o acesso ao reino dos Céus só é acessível ao rico se este distribuir suas riquezas entre os pobres. Já Karl Marx interpreta como luta de classes.

Apesar desses mais de dois mil anos de pesquisas, livros, estudos e investigações sobre o assassinato, a verdade continua intocada. Cristo, para Reich, representa o princípio da vida em si. Suas qualidades e maneiras de comportamento soam para o caráter do homem couraçado como o efeito que um objeto vermelho exerce sobre o sistema emocional de um touro.

A libertação dessa couraça no caráter do homem, como Reich define, está disposta na questão nº 625, de O L.E.:

- Qual o tipo mais perfeito que Deus já ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo?

“Jesus.”

 

Pouco importa, diz ele, que o assassinato de Cristo tenha ocorrido no ano 3000 a.C. ou no ano 2000 d.C. porque Cristo teria sido certamente assassinado em qualquer época e em qualquer cultura em que as condições do conflito entre o princípio da vida e a peste emocional fossem, no plano social, as mesmas que eram na Palestina no tempo de Cristo. E diz mais:

“Uma das características básicas do assassinato do Vivo pelo animal humano couraçado é a de ser camuflado de várias maneiras e sob várias formas. A superestrutura da existência social do homem, tal como o sistema econômico, as ações guerreiras, os movimentos políticos irracionais sociais ao serviço da supressão da Vida, abafa a tragédia básica que assedia o animal humano numa torrente de racionalizações, de disfarces e de evasões da questão essencial; além disso, a superestrutura defende-se como uma racionalidade perfeitamente lógica e coerente, mas só é válida dentro de um sistema que opõe a lei ao crime, o Estado ao povo, a moral ao sexo, a civilização à natureza, a polícia ao criminoso, e assim por diante, percorrendo todo o rol da miséria humana.”

 

            Acrescenta Reich:

 

 

“Além disso, a partir desse pântano formaram-se grandes corporações políticas chamadas <<partidos>>, alguns dos quais defendem o que chamaram status quo na prisão, os chamados <<conservadores>> (que se esforçaram por manter as leis e os regulamentos que tornavam possível a vida na prisão) e, opondo-se-lhes, os chamados <<progressistas>>, que combateram, sofreram e morreram nas galeras por terem preconizado mais liberdade na prisão.”

 

            A <<liberdade do povo na prisão>>passa a ser a bandeira de todos os partidos e que os explora permanentemente.

            Na busca de esquecer o assassinato de Cristo, o homem o transformou em Deus, e, como forma de homenageá-lo, construiu belíssimas e majestosas igrejas, adornou-as de obras de arte, músicas esplêndidas etc.

            Contudo, a sociedade humana transformou o assassinato de Cristo em um arquétipo que sempre atuou no processo da sua liberdade do labirinto. As razões post hoc(1)do assassinato variam. Os métodos de execução variam de um país para outro e de uma época para outra, não importando se Danton foi para a guilhotina, se Lincoln foi morto por uma bala na cabeça, se Ghandi recebeu uma bala no peito ou Lenin, esmagado pelo sofrimento de ver seus sonhos despedaçados e morrer de um ataque de ira. Ou mesmo Nelson Mandela, Martin Luther King. Ou até mesmo o caminho oculto que leva Dreyfus(2) a ficar preso durante cinco anos por um crime que não cometeu; ou um juiz criminoso a condenar a vinte anos de prisão um inocente, que agradece e perdoa como um bom cristão, enquanto o juiz e o promotor criminoso ficam em liberdade. Ou mesmo uma ditadura militar ou judiciária.

            O assassinato de Cristo na perspectiva reichiana e espírita foi trazida até aqui para mergulharmos no Brasil e nas suas experiências políticas para a libertação do seu povo do labirinto. O Império fez isso com Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart e agora, recentemente, Luis Inácio Lula da Silva.

            O ódio ao Vivo que crucificou Cristo e vem se multiplicando em todos os cantos do mundo, vai assumindo nuances e esse ódio atinge hoje os princípios da democracia, do socialismo e do comunismo, que derivam dos Evangelhos do Cristo, considerando que o próprio Cristianismo também já foi cooptado pelas forças poderosas.

            E Reich assim se refere aos cristãos:

 

“Os discípulos de Cristo não compreendem realmente o que Jesus diz. Têm apenas uma vaga ideia da grande promessa que ele lhes traz. Eles sentem-na, e bebem dela em grandes goles, mas são incapazes de digeri-la. É mais ou menos como se alguém deitasse água num barril sem fundo. Os homens vazios enchem-se de água, mas a água desaparece como na areia e eles desejam mais. Suportam o sofrimento de uma frustração contínua.”

 

            E a tragédia do labirinto continua... e toda vez que os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade forem arguidos, O Assassinato de Cristo se repetirá.

            ...toda vez que uma voz clamar em favor dos deserdados do mundo o ódio ressurgirá e O assassinato de Cristo se reproduzirá.

 

(1)      A expressão latina post hoc ergo propter hoc ("depois disso, logo, causado por isso") é o nome de uma falácia lógica, também conhecida como correlação coincidente, que consiste na ideia de que dois eventos que ocorram em sequência cronológica estão necessariamente interligados através de uma relação de causa e efeito.

(2)      No dia 13 de janeiro de 1898, o escritor Émile Zola revelava ao público francês uma grande farsa. Denunciando o Tribunal e o Alto Comando Militar da França, Zola publicou no jornal L’Aurore uma longa carta revelando a fraude contra Alfred Dreyfus.

Denominada J’accuse! (Eu Acuso!), a carta revelava que o exército condenou Dreyfus à prisão perpétua baseado em documentos falsos, e acobertado por ondas de nacionalismo e xenofobia.

A acusação de Dreyfus veio da necessidade em proteger segredos estratégicos. Um novo e poderoso canhão de guerra estava sendo construído, mais eficiente que qualquer arma do Exército Alemão. Para resguardar essa informação, os franceses criaram uma série de documentos falsos sobre outra arma, que deveriam ser entregues aos alemães por um “espião”.

 

Referências:

KARDEC, Allan. O Livro dos espíritos. São Paulo: LAKE, 2000.

REICH, William. O assassinato de Cristo. Portugal: DOM QUIXOTE, 1983.

 

Comentários

  1. Muito boa e necessária reflexão.

    Continuamos assassinando o Cristo quando apoiamos a tortura, o ódio de classe e todas as formas de opressão, como um governo genocida.

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  2. Excelente artigo.
    toda vez que uma voz clamar em favor dos deserdados do mundo o ódio ressurgirá e O assassinato de Cristo se reproduzirá.

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