Pular para o conteúdo principal

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

              



               As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.
            Bezerra casou-se com Maria Cândida de Lacerda Prego[1] na  Igreja Matriz de São Cristóvão, no dia 6 de novembro de 1858. Maria Cândida era natural de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, tendo nascido no ano de 1844 ou 1845[2]. Era filha de Francisco Gomes Alves Prego e Maria Cândida de Lacerda Machado. Ainda na década de 1840 ficou órfã de pai. Sua  mãe contraiu segundas núpcias com Mariano José Machado, que se tornaria um segundo pai, dando-lhe novos irmãos.
            Quando casou, Maria Cândida tinha apenas 14 anos, idade muito comum  naquele contexto para as moças contraírem matrimônio. Ela deu a Bezerra dois filhos. O primogênito, um garotinho de nome Adolfo, nascido em 1º de janeiro de 1860, e o segundo, Antônio, nascido em 24 janeiro de 1862. No entanto, Um ano após o nascimento do segundo filho, Maria Cândida desencarnou prematuramente, no dia 24 de março de 1863, com apenas 19 anos, em decorrência de uma febre tifóide. Bezerra experimentou, até então, a prova mais dolorosa de sua existência.  

            Viúvo com dois filhos pequenos, um de três e o outro com apenas um ano de idade, viveu dias difíceis, sendo amparado pelo carinho dos familiares e dos amigos mais próximos. Porém, em 21 de janeiro de 1865, contraiu segundas núpcias com Cândida Augusta de Lacerda Machado[3], irmã materna da primeira esposa. Cândida Augusta, carinhosamente apelidada pelos familiares de Dodoca, filha de Mariano José Machado e Maria Cândida de Lacerda Machado, nasceu em 9 de setembro de 1850, no Rio de Janeiro, e desencarnaria na mesma cidade, aos 58 anos, em 20 de março de 1909[4].  
 Dodoca  assumiu os sobrinhos Adolfo e Antônio como seus filhos. De sua união com Bezerra de Menezes seriam gerados mais dez filhos. Ao que tudo indica, o menino Adolfo desencarnou ainda na década de 1860. Na fotografia que ilustra este artigo, [5] Bezerra aparece com os filhos Antônio e Maria, primogênita do segundo matrimônio. Esta fotografia fez com que alguns biógrafos se equivocassem acreditando que seriam os dois filhos do primeiro casamento. Curiosamente, como veremos a seguir, Antônio e Maria desencarnariam no mesmo ano.
Os filhos de Bezerra e Cândida Augusta foram, pela ordem de nascimento, os seguintes: Maria Cândida (1866-1887), Ernestina (1867-1950), Carolina (1870-1892), Octávio (1873-1947), Christiana (1880-1889), José Rodrigues (1881-?), Francisco da Cruz (1884-1961), Hilda (1886-1914), Maria da Conceição (1891-1912) e Consuelo (1895-1898).
O saudoso confrade Ramiro Gama ( 1898-1981), em seu popularíssimo trabalho “ Lindos Casos de Bezerra de Menezes”,[6] destaca, na introdução, uma entrevista que fez, em 9 de agosto de 1962, com Fausta Bezerra da Silva, sobrinha-neta do Médico dos Pobres. Ela era filha de Teófilo Rufino e neta de José Joaquim, irmão de Bezerra que residia no Ceará. Fausta afirma que seu ilustre ancestral teve apenas cinco filhos: Hilda, Maria, Evangelina, Octávio, conhecido pela alcunha de “Barão” e Francisco.[7]  D. Fausta conheceu o tio-avô quando adolescente o que nos faz crer que ela, por um lapso da memória, não mencionou os nomes dos outros sete filhos. Ademais, ela se equivoca, também, em relação ao nome de Evangelina. Bezerra não teve uma filha com esse nome. Acreditamos que D. Fausta confundiu esse nome com o de Ernestina.  No “Título de Herdeiros e Declaração do dia do falecimento”, documento constante do inventário de Bezerra de Menezes, do ano de 1900, há registro de que ao desencarnar, no dia 11 de abril daquele ano, Bezerra deixou apenas os seguintes herdeiros: Ernestina, Octávio, José Rodrigues, Francisco da Cruz (de dezesseis anos), Hilda ( de quatorze) e Maria da Conceição ( com apenas nove anos).
 Ao longo de sua trajetória existencial o bondoso médico cearense passou por provas acerbas. Além da companheira, desencarnada aos 19 anos, assistiu ao desenlace de cinco filhos. O menino Adolfo foi o primeiro a desencarnar, ainda na década de 1860. Mas foi em 1887 que Bezerra viu partir, num intervalo de quatro meses, seus filhos Antonio e Maria Cândida, ele aos 25 e ela com 22 anos de idade[8]. Antônio já havia, anteriormente, mobilizado a atenção e os cuidados do pai tendo passado por graves problemas espirituais. Mais tarde, Bezerra descreveria o drama do filho, estudante de medicina, em seu livro “Loucura sob um Novo Prisma”. Como se não bastasse essa dor descomunal, 18 meses após o trespasse da filha Maria, Bezerra, espírita declaradamente desde 1886, veria partir no dia 12 de abril de 1889, com apenas 9 aninhos incompletos, a menina Christiana[9]. Em 4 de fevereiro de 1892, foi a vez de Carolina, com 22 anos incompletos, em decorrência de problemas pulmonares. Por fim, os sofrimentos de Bezerra e Dodoca terminariam em 22 de junho de 1898, quando viram partir, em face de problemas cardíacos, a caçulinha Consuelo que regressou ao Mundo Espiritual antes de completar três anos de idade. “Reformador” de 1º de agosto de 1898, noticiando mais esse drama de Bezerra, descreve sua resignação comovedora e seu admirável exemplo de fé:
(...)o nosso querido chefe Dr.Bezerra de Menezes, aquele cujo afeto se gerara à tenra criatura, viu-a partir (...) mas ficou de pé, resignado e humilde, nessa atitude de crente que sabe, em qualquer caso, submeter-se aos decretos divinos.

Vimo-lo nesta tarde, cuja recordação não se apagará jamais da nossa memória. O féretro saía no meio dos soluços com que a fragilidade feminil dos entes que ficavam pagava o seu tributo à dor que os envolvia. À porta, as senhoras em lágrimas, formavam um grupo enternecido e no meio dele se destacava, como um floco de neve, a cabeça branca do velhinho, à semelhança dos antigos patriarcas no meio de sua tribo afetuosa. E, ao se recolher tão augusta serenidade, estampada no semblante, era tão sincera, tão verdadeira aquela resignação à dor que lhe tumultuava no íntimo que nos sentimos presa da mais profunda e irreprimível emoção.

 Lágrimas de enternecimento borbulharam dos nossos olhos, diante daquele exemplo vivo do poder da fé. (...) Abençoada a doutrina que assim produz tão santos frutos e é capaz de lançar tão fundas raízes no coração dos seus apóstolos! Porque só uma confiança absoluta no nosso destino futuro, só a certeza profunda na imortalidade da alma, tal como no-la ensina a nova revelação, podem gerar aquela resignação austera e verdadeira.(...)
 Foi graças a esse exemplo de fé do venerando apóstolo da Terceira Revelação no enfrentamento de tão dramáticas vicissitudes existenciais que, ao contrário talvez do que muitos pensem, ele conseguiu tocar o coração dos seus familiares, fazendo de alguns deles adeptos do Espiritismo. Dodoca, a segunda companheira, era espírita e médium. Seu filho Antônio foi submetido a um tratamento desobsessivo e era chamado de confrade pelos companheiros da Federação Espírita Brasileira. Um cunhado, Mariano José Machado Filho, tornou-se baluarte na divulgação Espírita. Dois sobrinhos, Teófilo Rufino Bezerra de Menezes e João Batista de Maia Lacerda, seguiram, igualmente, os passos do velho patriarca daquele clã, tendo o segundo deles ocupado cargo na direção da FEB.





[1] Ao casar-se passou a assinar como Maria Cândida Bezerra de Menezes.
[2] Estimamos o ano de seu nascimento por sua certidão de óbito que registra ter ela falecido com apenas 19 anos.
[3] Ao casar-se passou a assinar Cândida Augusta Bezerra de Menezes.
[4] Ver artigo que publicamos no “Reformador” de março de 2009.
[5] Esta foto, sem retoques, muito semelhante a uma outra bastante conhecida do movimento espírita, foi-nos gentilmente cedida por Renata Blanda Furtado, sobrinha-trineta de Bezerra de Menezes, residente em Fortaleza.A foto acima não é a que se refer o autor.
[6] GAMA, Ramiro. Lindos Casos de Bezerra de Menezes. 4, ed, Ed. LAKE, São Paulo, SP, 1966.

[7] Segundo D. Fausta Francisco da Cruz havia desencarnado no ano anterior. Era pai do embaixador Adolfo Justo Bezerra de Menezes, autor de várias obras que tratam de geopolítica. Foi, ao que tudo indica, o último dos filhos de Bezerra a desencarnar.
[8] Segundo seus atestados de óbito, Antônio desencarnou no dia 2 de abril, vítima de febre tifóide e Maria no dia 13 de agosto, em decorrência de uma tuberculose pulmonar.
[9] Segundo seu atestado de óbito, faleceu vítima de tifo.


Comentários

  1. Amigo Luciano, historiador de Bezerra de Menezes! Maravilha!!

    ResponderExcluir
  2. Show, gostei do rico texto é sempre muito bom saber um pouco mais. Parabéns pela clareza do texto. Saúde e paz...

    ResponderExcluir
  3. além da admiração e zelo só temos a agradecer por toda assistência que ele e sua equipe dão ate hoje muito bem colocado.texto muito rico é sempre bom aprender um pouco mais a cada dia obrigado muita saúde e paz. Mira

    ResponderExcluir
  4. Quantos filhos ele teve na realidade? 7? 10?

    ResponderExcluir
  5. Excelente matéria, parabéns ao Luciano pela autoria e ao Jorge pela divulgação.
    Isaias Maciel.

    ResponderExcluir
  6. Oi, meu nome é Fernanda e eu sou parente do Dr. Bezerra mas não sei em que grau. Se alguém puder me ajudar a descobrir, ficaria muito grata. Ultimamente tenho uma curiosidade sobre o assunto. Obrigado!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Fernanda!
      Encaminhei seu questionamento para o historiador Luciano Klein, autor do artigo. Ele, certamente, te responderá. Grato!

      Excluir
    2. Fernanda,
      Contate o Luciano Klein pelo email: kleinfilho@yahoo.com.br ou pelo telefone ZAP 85- 988471115. Fraternal abraço

      Excluir
  7. Estou querendo informações sobre meu bisavô já falecido para saber certo sua cidadania. Lembro que meu avó tinha primos da familia bEZERRA gUIMARÃES.

    Luiz Gomes Vieira casado com Maria Cãndida Guimarães Vieira.
    Seus Filhos Aurélio Guimaraes Vieira meu avõ seus irmãos Eduardo Guimarães Vieira,Leonor Guimara~es Vieira,Edemar Guimarães Vieira,Luiz Guimara~es Vieira.

    ResponderExcluir
  8. Uma história de vida que serve de exemplo para todos espíritas ou não,mostrando nos dias de hoje que podemos militar na doutrina ,em nossa profissão praticando a caridade e na política como cidadão cristão.Uma reencarnação iluminada que lhe rendeu a missão de ser o venerável da Fraternidade dos Humildes junto a Espiritualidade Superior.

    ResponderExcluir
  9. As exemplificações da vida de B.M. são um exemplo de espiritualidade `a toda prova, pudera seus ensinamentos serem absorvidos em espírito pelos espíritas que ainda não entenderam a mensagem Divina dessa reencarnação bendita . - Arlindo Caseli.

    ResponderExcluir
  10. meu avo se chamava João Lopes de Menezes de Ibipitang, bahia! sou descendente dos Bezerra de Menezes?

    ResponderExcluir
  11. Tenho uma irmã por parte de mãe que o pai dela era parente de bezerra de Menezes o nome dele era Jeová bezerra de Menezes a mãe dele se chamava Lídia bezerra de Menezes tinha como saber se eles são parente mesmo eles são de Fortaleza CE

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Maria Alice!
      Aqui é o Kleber Bezerra, filho do velho Bezerrão(João Bezerra de Menezes) e irmão do atual Bezerrão, ambos radialistas. E sou sobrinho de Jeová Bezerra de Menezes.

      Excluir
  12. Francisco José Rodrigues Bezerra de Menezes, neto de João Bezerra de Menezes e Regina de Saboia Aração Mendes Bezerra. Filho de Gerardo Mendes Bezerra, sobralense, e de Terezinha de Jesus Rodrigues Bezerra, nascida em Cariré, tendo como bisavô paterno Antônio Enéas Pereira Mendes.

    ResponderExcluir
  13. Muito Bom - A sua pesquisa trouxe Paz e Alegria a corações que admiram e confiam no Dr. Bezerra - Obrigado

    ResponderExcluir
  14. Boa noite, alguém sabe de um parente chamado Belarmino Bezerra de Menezes, casado com D'Anna Cândida Bezerra de Menezes?

    ResponderExcluir
  15. Sera que existe ainda algum parente de Bezerra de Menezes

    ResponderExcluir
  16. Não seria pedófilo? Casou com uma de 14, até aí pela época era mais comum. Mas casar com a criança que viu e foi como um pai . Não vejo coisa boa. Ele conhecia a cunhada desde criança e quando ficou viúvo tinha 12 anos. Seria como uma filha. Que decepção, Bezzerra era pedófilo? Não admiro mais. Casou com a criança que tinha como uma filha . Pra mim mais um lobo na pele de cordeiro . Toda religião é obscura pela natureza humana. Só confio em Jesus. E creio na teoria espírita.

    ResponderExcluir
  17. Bezerra de Menezes não tinha uma filha chamada Julia?

    ResponderExcluir
  18. Casar com meninas era a normalidade, são costumes de uma época, minha mãe casou com 16 anos, teve 18 filhos. Aos 30 éramos consideradas moca-velha, balzaquiana sem esperança de arrumar maridos 😂😂😂😂

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

“TUDO O QUE ACONTECER À TERRA, ACONTECERÁ AOS FILHOS DA TERRA.”

    Por Doris Gandres Esta afirmação faz parte da carta que o chefe índio Seattle enviou ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, em 1854! Se não soubéssemos de quem e de quando é essa declaração poder-se-ia dizer que foi escrita hoje, por alguém com bastante lucidez para perceber a interdependência entre tudo e todos. O modo como vimos agindo na nossa relação com a Natureza em geral há muitos séculos, não apenas usando seus recursos, mas abusando, depredando, destruindo mananciais diversos, tem gerado consequências danosas e desastrosas cada vez mais evidentes. Por exemplo, atualmente sabemos que 10 milhões de toneladas de plásticos diversos são jogadas nos oceanos todo ano! E isso sem considerar todas as outras tantas coisas, como redes de pescadores, latas, sapatos etc. e até móveis! Contudo, parece que uma boa parte de nós, sobretudo aqueles que priorizam seus interesses pessoais, não está se dando conta da gravidade do que está acontecendo...

NÃO SÃO IGUAIS

  Por Orson P. Carrara Esse é um detalhe imprescindível da Ciência Espírita. Como acentuou Kardec no item VI da Introdução de O Livro dos Espíritos: “Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos transmitiram”, sendo esse destacado no título um deles. Sim, porque esse detalhe influi diretamente na compreensão exata da imortalidade e comunicabilidade dos Espíritos. Aliás, vale dizer ainda que é no início do referido item que o Codificador também destaca: “(...) os próprios seres que se comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espíritos (...)”.

A FÉ COMO CONTRAVENÇÃO

  Por Jorge Luiz               Quem não já ouviu a expressão “fazer uma fezinha”? A expressão já faz parte do vocabulário do brasileiro em todos os rincões. A sua história é simbiótica à história do “jogo do bicho” que surgiu a partir de uma brincadeira criada em 1892, pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do zoológico do Rio de Janeiro. No início, o zoológico não era muito popular, então o jogo surgiu para incentivar as visitas e evitar que o estabelecimento fechasse as portas. O “incentivo” promovido pelo zoológico deu certo, mas não da maneira que o barão imaginava. Em 1894, já era possível comprar vários bilhetes – motivando o surgimento do bicheiro, que os vendia pela cidade. Assim, o sorteio virou jogo de azar. No ano seguinte, o jogo foi proibido, mas aí já tinha virado febre. Até hoje o “jogo do bicho” é ilegal e considerado contravenção penal.

"ANDA COM FÉ EU VOU..."

  “Andá com fé eu vou. Que a fé não costuma faiá” , diz o refrão da música do cantor Gilberto Gil. Narra a carta aos Hebreus que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Cremos que fé é a certeza da aquisição daquilo que se tem como finalidade.

JESUS TEM LADO... ONDE ESTOU?

   Por Jorge Luiz  A Ilusão do Apolitismo e a Inerência da Política Há certo pedantismo de indivíduos que se autodenominam apolíticos como se isso fosse possível. Melhor autoafirmarem-se apartidários, considerando a impossibilidade de se ser apolítico. A questão que leva a esse mal entendido é que parte das pessoas discordam da forma de se fazer política, principalmente pelo fato instrumentalizado da corrupção, que nada tem do abrangente significado de política. A política partidária é considerada quando o indivíduo é filiado a alguma agremiação religiosa, ou a ela se vincula ideologicamente. Quanto ao ser apolítico, pensa-se ser aquele indiferente ou alheio à política, esquecendo-se de que a própria negação da política faz o indivíduo ser político.

A HISTÓRIA DA ÁRVORE GENEROSA

                                                    Para os que acham a árvore masoquista Ontem, em nossa oficina de educação para a vida e para a morte, com o tema A Criança diante da Morte, com Franklin Santana Santos e eu, no Espaço Pampédia, houve uma discussão fecunda sobre um livro famoso e belo: A Árvore Generosa, de Shel Silverstein (Editora Cosac Naify). Bons livros infantis são assim: têm múltiplos alcances, significados, atingem de 8 a 80 anos, porque falam de coisas essenciais e profundas. Houve intensa discordância quanto à mensagem dessa história, sobre a qual já queria escrever há muito. Para situar o leitor que não leu (mas recomendo ler), repasso aqui a sinopse do livro: “’...

FUNDAMENTALISMO AFETA FESTAS JUNINAS

  Por Ana Cláudia Laurindo   O fundamentalismo religioso tenta reconfigurar no Brasil, um país elaborado a partir de projetos de intolerância que grassam em pequenos blocos, mas de maneira contínua, em cada situação cotidiana, e por isso mesmo, tais ações passam despercebidas. Eles estão multiplicando, por isso precisamos conhecer a maneira com estas interferências culturais estão atuando sobre as novas gerações.

O AUTO-DE-FÉ E A REENCARNAÇÃO DO BISPO DE BARCELONA¹ (REPOSTAGEM)

“Espíritas de todos os países! Não esqueçais esta data: 9 de outubro de 1861; será marcada nos fastos do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa, e não de luto, porque é a garantia de vosso próximo triunfo!”  (Allan Kardec)             Por Jorge Luiz                  Cento e sessenta e três anos passados do Auto-de-Fé de Barcelona, um dos últimos atos do Santo Ofício, na Espanha.             O episódio culminou com a apreensão e queima de 300 volumes e brochuras sobre o Espiritismo - enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurice Lachâtre - por ordem do bispo de Barcelona, D. Antonio Parlau y Termens, que assim sentenciou: “A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outros países.” ...