“Se os espíritas soubessem o
que é o centro espírita, quais são realmente a sua função e a sua
significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural
e espiritual da Terra.”
(J. Herculano Pires)
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Com frequência, nossa capacidade de explorar
um assunto, evento ou problema sob diferentes ângulos é prejudicada pelo que se
passou a designar “visão de túnel”. A “visão de túnel” é uma condição que
ocorre quando a pessoa perde a sua visão periférica e só consegue ver o que
está diretamente à sua frente. Ela enxerga apenas uma imagem limitada que está
no final do túnel.
Esse comentário inicial tem o
propósito de criar um ponto de convergência com o texto de abertura, do Prof.
J. Herculano Pires e a reflexão em texto (Trocando
a Unificação pela Arrecadação, de 29.04.2012), articulada pelo confrade
Castro quando aborda a alteração efetivada no Estatuto da Federação Espírita do
Estado do Ceará (FEEC), onde modifica a exigência para a casa espírita participar
das assembleias de “obrigações sociais”,
para “obrigações financeiras mensais”.
A decisão não fortalece a tarefa de difusão do Espiritismo e da mesma forma, os
ideais de união e unificação do movimento espírita, objetivos fundamentais de
qualquer órgão federativo.
Essa foi uma inequívoca decisão
fundamentada em “visão de túnel.”
Criado esse ponto de convergência,
vamos à diretriz que norteará o comentário da semana. Encontra-se no 1º PILAR – MUDANÇAS CONCEITUAIS:
·
FOCAR AS ATIVIDADES DA FEEC NOS SEUS
ASSOCIADOS, OS CENTROS ESPÍRITAS
O Centro Espírita é a “pedra angular”
que equilibra toda a estrutura de uma edificação doutrinária segura, tendo como
argamassa a Doutrina Espírita e suas atividades práticas.
Os Espíritos, segundo Allan Kardec no
Projeto 1868, afirmam que a ação do
Centro não será, em realidade, eficiente, senão quando ela servir de centro e
de ponto de ligação donde parta um ensinamento
preponderante sobre a opinião pública. (grifos nossos) Portanto, a finalidade do centro espírita antes
de qualquer outra é de ESCOLA, até
porque o Espiritismo é obra de EDUCAÇÃO.
Ora, o não atendimento desse objetivo
precípuo da casa espírita, descaracterizam-se as dimensões humanas e
espirituais do que é ser espírita, trabalhador espírita e dirigente espírita. O
processo dialético do Espiritismo com o plano social geral, espírita e não
espírita, fracassa.
Na visão do Espírito Francisco Thiesen,
na obra Seara Bendita, é necessário deflagrar uma campanha para nomear o centro
espírita como “célula áurea”, pois somente assim poderemos dar passos seguros
nos ideais de união e unificação sonhados por Allan Kardec, Espírito Bezerra de
Menezes, Espírito Emmanuel e todos os espíritas sérios e convictos.
A estruturação dessa diretriz traz a
reboque três outras que serão objetos de comentos futuros:
a. Fazer um levantamento censitário de todas as
Casas Espíritas do Estado do Ceará; (MUDANÇAS CONJUNTURAIS)
b. Criação da categoria de “Sócio Federativo”;
(MUDANÇAS ESTRUTURAIS)
c. Redimensionar as regiões geoespíritas
(ARE/UDE), adequando-as para dar maior representatividade ao Conselho
Federativo Estadual (CFE). (MUDANÇAS ESTRUTURAIS)
Tinha razões de sobras o Prof. J.
Herculano Pires quando abriu a introdução de sua belíssima obra “O Centro
Espírita” com esse parágrafo. Forte, contundente, viril, mas acima de tudo,
verdadeiro, como foi o caráter e a personalidade do autor.
A razão do existir de uma Federativa é
a casa espírita. A falência na sua função articuladora e agregadora é a
falência do movimento espírita; a falência da Casa Espírita na batalha para o
restabelecimento da Verdade Cristã, para cumprir na Terra a Promessa de Jesus.
Quando Allan Kardec aplicou a trilogia
“Trabalho,
Solidariedade e Tolerância” (?) adaptada à tríade educativa de
Pestalozzi – Trabalho, Solidariedade e Perseverança - ele pensou basicamente
no centro Espírita como “célula viva e pulsante, lugar de trabalho (para
todos), de solidariedade (entre todos) e de tolerância (para com todos).”,
alerta Suely Schubert.
O Espírito Joanna de Ângelis, pela
psicografia de Divaldo P. Franco, inspirada na mesma trilogia kardeciana,
propõe para o Centro Espírita a trilogia: “Espiritizar, Qualificar e Humanizar.”
Quando o grupo “Etica, Transparência e
Fidelidade Espíritas” estruturou o projeto de mudanças para o movimento
espírita cearense, o fez em consonância com o Codificador, o fortalecimento da
Instituição Espírita, conforme está em “O
Livro dos Médiuns”:
“É com um fim providencial que
devem agir todas as sociedades espíritas sérias, agrupando em seu redor todas
as que têm os mesmos sentimentos.
Convidamos todas as sociedades
espíritas a participarem desta grande obra. Que de um extremo a outro elas se
estendam a mão fraterna e assim apanharão o mal nas malhas de uma rede
inextrincável.”
Sigo com Kardec: “Então, haverá união entre elas,
simpatia e fraternidade, e nunca um vão e pueril antagonismo provocado pelo
amor-próprio, mais de palavras que de razões.”