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Mostrando postagens de agosto, 2015

LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE¹

Por Roberto Caldas (*)               Há um ditado popular que dispõe a respeito do grito. Segundo esse ditado um grito pode perder ou salvar uma manada . Parece que a crença popular se aplica a uma gama de situações em que se sitia a sociedade humana. Sabedora dessa qualidade da humanidade em formar manadas, embora tenha vencido a sua fase quadrúpede, é que lideranças de agremiações de variadas atividades investem no cultivo da falta de crítica presente no fermento da massa que teme ou se alimenta do grito.             Poucas situações são tão favoráveis à manutenção do comando, quase que por hipnose, do que manter a excitação emocional em pico para que se possa controlar a atitude do outro, enquanto são propostos conceitos e ideias que, sem a provocada alteração da emoção, provavelmente não seria aceitos. Dessa maneira vimos o mundo ser invadido literalmente pelo lixo mental que carac...

DE ONDE SURGE A MALDADE?

Por Jorge Hessen (*) O significado do termo maldade tem conexão com a qualidade daquele ou daquilo que é mau, com a ação maligna, a iniquidade e a crueldade. Mas por que alguns têm atrativo pela perversidade? O tema sempre inquietou os pensadores dos mais diversos campos do saber e da ação humana: filosofia, ciência, arte, religião. Historicamente, segundo alguns modelos previsíveis, os males humanos pareciam não mais destinados a preocupar os pensadores, pois que a maldade parecia ser circunscrita. Para alguns estudiosos o “holocausto”, durante a Segunda Grande Guerra, reacendeu-se o debate sobre os limites da barbárie, da perversidade humana, lançando no universo intelectual europeu e mundial uma onda de pessimismo e ceticismo. Hanna Arendt, filósofa judia, que estudou as questões do mal, escreveu o livro “Eichmann em Jerusalém”, que analisa o julgamento do verdugo nazista, mentor da morte de milhares de pessoas. Tendo como referencial o “caso Eichmann”, a autora justi...

INTIMIDADE ECOLÓGICA¹

Por André Trigueiro (*) Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou de alegria tem o sabor dos oceanos. A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos. Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias. Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não podemos ficar tant...

AOS AMIGOS PAULO DE TARSO E BEZERRA DE MENEZES¹

Por Roberto Caldas (*) Bezerra de Menezes Paulo de Tarso         As grandes obras, mesmas aquelas de forte destinação espiritual, necessitam de recursos humanos de lúcida disponibilidade e destacada voluntariedade, ao ponto até de exigirem altos níveis de determinação e renúncia por parte daqueles que a abraçam. É o que iremos identificar se passarmos uma vista nas biografias de Paulo de Tarso, uma das maiores expressões formatação do Cristianismo e Adolfo Bezerra de Menezes, um dos mais brilhantes expoentes da divulgação do Espiritismo em terras brasileiras. Paulo de Tarso, intrépido defensor da lei judaica, acossado pelos seus temores, justo que era, abalado pela consumação da morte de Estevão, de sua responsabilidade, passara pelo deserto da própria solidão e vacilava quanto as próprias convicções. O chamado que recebera em plena Estrada de Damasco (“Saulo, Saulo porque me persegues”) pronunciado pelo próprio Nazareno já retornado à pátria e...

A PEDAGOGIA ESPÍRITA E A EVANGELIZAÇÃO

Por Dora Incontri (*) A Pedagogia Espírita tem alguma proposta para a evangelização? Como aplicá-la na prática? O que é preciso fazer? Se a Pedagogia espírita é a aplicação do espiritismo na educação, obviamente que deve ter uma proposta para a área da evangelização infantil. Estudemos aqui alguns pontos importantes a respeito do tema. Em primeiro lugar, propomos mudar o nome de evangelização para educação espírita ou espiritismo para crianças. A CNBB (Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros) está atualmente com uma campanha de “evangelização da juventude”. Não por acaso, os espíritas usam o mesmo termo que os católicos. Já analisamos diversas vezes (essa era também a postura de Herculano Pires e até antropólogos não-espíritas hoje fazem essa avaliação) que o movimento espírita no Brasil traz uma herança católica muito forte, dado o nosso caldo cultural impregnado de tradições da Igreja e pela formação jesuítica da nossa educação.

BORJA, O BRASILEIRO QUE CONHECEU KARDEC

Gonçalves Dias (1823-1864) Em seu excelente resgate histórico, publicado sob o título “Os Intelectuais e o Espiritismo”, o jornalista e pesquisador Ubiratan Machado revela nuanças importantes sobre os primórdios do Espiritismo no Brasil. Ao discorrer sobre as experiências mediúnicas realizadas por Manoel de Araújo Porto Alegre (1806-1879), futuro Barão de Santo Ângelo, o autor menciona que, em 1863, Allan Kardec teria enviado a Araújo Porto Alegre um número da Revista Espírita. Afirma que Porto Alegre, diplomata, exercendo o cargo de cônsul do Brasil na Prússia e Saxônia, pode ter sido apresentado a Allan Kardec, através de um brasileiro chamado Borja, então residente em Paris, resultando daí o seu interesse pelo Espiritismo.  Ubiratan não atinara com informação alguma sobre esse misterioso personagem. Divulga, entretanto, trecho de uma carta de Borja, datada de 31 de janeiro de 1863, dirigida a Gonçalves Dias, o grande poeta maranhense, na qual comenta sobre u...

REVERENCIEMOS OS ANIMAIS, POIS ELES SÃO NOSSOS IRMÃOS

Por Jorge Hessen (*) O leão Cecil, morto por caçador ilegal no Zimbábue - Foto: Reuters/A.J. A Safari Club International é uma organização que luta pelos “direitos dos caçadores”. Qual o objetivo e o que leva uma pessoa a gastar muito dinheiro para caçar um animal selvagem? Será apenas uma demonstração de poder e prestígio? Isso é psicopatia e selvageria! O antropólogo Michael Gurven, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, estuda tribos de caçadores e coletores na Amazônia e ressalta o paradoxo entre caça “esportiva” e as caça para sobrevivência. Os nativos caçam animais por necessidade de alimentação. Portanto, há uma brutal diferença para caçadores que chegam a pagar US$55 mil dólares para matar um animal da selva meramente por prazer. [1]

UM PASSEIO PELO CÉU E O INFERNO¹

Por Roberto Caldas (*) Lançado em agosto de 1865, o livro O Céu e o Inferno, quarto livro do Pentateuco Kardeciano, completa 150 anos do descortinar com a maior clareza possível que os mistérios entre a terra e o céu apesar de serem numerosos podem ser perfeitamente compreendidos em sua totalidade, se aceitamos uma filosofia que não seja vã.             Essa obra simplesmente radiografa em linguagem direta toda a realidade que lança ao pó todo o receio que foi construído pela ignorância dos séculos e utilizado pelas religiões para manter fiéis cativos. O seu conteúdo é transformador porque retira a morte do seu patamar de escuridão e destrona a figura de Satanás da majestade a que fora alçado na tentativa de manter a humanidade subjugada ao medo.             Grande holofote da razão que subjuga crendices e dogmas, O Céu e o Inferno redesenha com texto de boa deg...

O CÉU E O INFERNO: "A ALFORRIA ESPIRITUAL"

Por Jorge Luiz (*) Imagine gerações que se sucederam na linha do tempo, conscientes da existência geográfica do inferno, nas próprias entranhas da Terra, segundo alguns doutores; ou em outro planeta, ou quem sabe, alhures. Imagine, ainda, que esse mundo constituído de elementos materiais, sem sol, nem lua, desprovido de todo princípio e toda a aparência do bem, sendo habitado por demônios que, para atormentarem os homens, têm asas de morcegos, chifres, pele coberta de escamas, patas com garras e dentes aguçados. Lá, monstros de muitas cabeças abrem para todos os lados goelas vorazes, esmagando os condenados em suas mandíbulas sangrentas e os vomitam mastigados, mas vivos porque eles são imortais. Há por toda a parte caldeiras ferventes, cujas tampas os anjos erguem para verem as contorções dos condenados. Deus ouve sem piedade os gemidos dos condenados por toda a eternidade.             O céu em cima e o infer...

VISÕES NO LEITO DE MORTE¹

Especialista no tratamento de traumas e processo de superação, Dr Julio Peres, analisa as experiências no final da vida e o impacto das visões espirituais ao enfermo e sua família, assim como para os profissionais da saúde que atuam em cuidados paliativos. De acordo com Dr. Júlio Peres, pesquisas recentes demonstram que um grande número de pessoas de distintas culturas têm relatado experiências no final da vida – originalmente chamadas na literatura por end-of-life experiences – sob a forma de visões no leito de morte, sugestivas da existência espiritual. Esta linha de pesquisa tem trazido contribuições que interessam diretamente aos profissionais que atuam com cuidados paliativos e mais especificamente, aqueles que desenvolveram a Síndrome de Burnout decorrente do esgotamento, angústia e incapacidade perante a falta de recursos para lidar com as sucessivas mortes de seus pacientes.

METODOLOGIA PARA A PRÁTICA DOS PRINCÍPIOS ESPÍRITAS

Por Alkíndar de Oliveira (*) Ermance Dufaux, espírito, esclarece que “não se vive o Evangelho, entre outras infinitas questões, porque não se tem trabalhado nos agrupamentos humanos, inclusive os espíritas, um método que permita esse auto-encontro em bases educativas para a alma em aprendizado.” (1) Esta especial educadora insere nessa pequena e esclarecedora mensagem - com a devida ênfase - a palavra “método”. Enfatiza que nos agrupamentos humanos, os espíritas inclusive, prevalece a ausência de metodologias. A grande questão é: como sermos alunos eficazes nessa escola de aprendizagem que é o nosso amado planeta, se não soubermos adotar e praticar metodologias adequadas?

PAI DE VERDADE CUIDA E GUIA PARA A PAZ¹

           Por Roberto Caldas (*) A inquestionável propriedade da maternidade sobre a comprovada geração de uma criança, em contrapartida à presunção da paternidade, é um tema discutido desde as primeiras experiências humanas tribais, quando a necessidade de perpetuação da espécie parecia ser a mais urgente necessidade devido a sua extrema fragilidade diante do mundo hostil que a cercava. No papel de geradora e nutridora dos primeiros anos de vida, a mãe é historicamente reconhecida como a figura central da vida do ser humano. Esse detalhe antropológico foi trazido como herança psíquica pelos milhares de anos e resistiu às revoluções civilizatórias que a sociedade humana sofreu com o passar dos tempos. Numa estrutura social atual como a nossa, apenas o homem pode registrar a criança recém nascida repassando-lhe a legitimidade da paternidade atribuindo a maternidade à mulher que pode estar ausente do local de registro, mas o contrário não pode ser...

COMO SE DEFINE UMA POESIA ESPÍRITA?

Por Dora Incontri (*) Neste ano, (1989) fui convidada para participar como jurada do V Concurso de Poesia Espírita, promovido pela Arte Poética Castro Alves. Aproveito a ocasião para explicar ao leitor e a aqueles que concorreram com seus poemas, quais os critérios usados para a escolha dos melhores. E, ao comentar esses critérios, estarei ao mesmo tempo tocando alguns traços fundamentais do que vem a poesia espírita. Atualmente, os que são espíritas e artistas, estão buscando criar uma "Estética espírita" e toda discussão a respeito vem a calhar. Um concurso como esse proporciona a reflexão sobre o tema. Um dos fatos fundamentais da Arte Espírita é que artistas não são apenas uma meia dúzia de gênios privilegiados. Todos os seres humanos, como herdeiros da divindade, têm um grande potencial de criatividade e expressão artística. Basta observar que, quando estimuladas, as crianças produzem poesias, quadros e até música com facilidade. Prova disto também é ...

UM LIVRO QUE ENSINA A SUPERAR TRAUMAS¹

Por Dora Incontri (*) O livro Trauma e Superação: o que a Psicologia, a Neurociência e a Espiritualidade ensinam , de Júlio Peres, (psicólogo clínico, doutor em Neurociências pela USP e com pós-doutorado pelo Center for Mind and Spirituality da Universidade da Pensilvânia) promove a confluência de várias áreas do conhecimento (como Psicologia, Neurociências, Religião, Filosofia, etc.) para cuidar de forma competente e original da saúde mental e do bem-estar espiritual do ser humano. Sem preconceitos, mas costurando ideias de maneira coerente e profunda, o autor traz informações das mais recentes pesquisas a respeito do cérebro (incluindo as suas próprias, com neuroimagens), conceitos da Psicologia, questões filosóficas e existenciais, sem deixar de lado a dimensão espiritual do ser. Ao mesmo tempo em que Júlio Peres tem se dedicado à pesquisa de neuroimagens, traz também sólida experiência terapêutica com pacientes traumatizados. Herdeiro de sua mãe, Maria Julia Piet...

A HONESTIDADE NÃO NECESSITA DE ELOGIOS - É OBRIGAÇÃO HUMANA

Por Jorge Hessen (*) Não experimento qualquer regozijo quando leio as notícias sobre pessoas que são festejadas por atos de honestidade. Isso significa que ser honesto é ser exceção numa maioria desonesta. Despertou-nos a atenção um recente roubo ocorrido em Canna, uma pequena ilha da Escócia. O imprevisto ocorreu em uma loja gerenciada pelos próprios fregueses, que vendia comidas, produtos de higiene pessoal e outros utensílios. Produtos como doces, pilhas e chapéus de lã artesanais foram roubados, sendo a loja revirada pelos ladrões. Parece coisa pequenina para nós brasileiros, mas o roubo assombrou os residentes de Canna, que não viam nada parecido acontecer por ali havia meio século. A loja permanece aberta em tempo integral e o pagamento da compra dos produtos é feito na “boa fé” ou “caixa da honestidade”: os fregueses deixam o dinheiro junto com um bilhete descrevendo o que compraram. Se confrontarmos a realidade do Brasil, seja na educação, na saúde, na ética, na hon...

A IMPORTÂNCIA DA ENCARNAÇÃO¹

Por Roberto Caldas (*)              Somos atores de uma grande trama existencial. O palco é o mundo, onde estrelamos as nossas disposições e talentos, apesar de desconhecermos a totalidade do roteiro que seguimos a cada amanhecer. A produção da obra que cobra a nossa participação na qualidade de protagonista terá sido planejada antes que adentrássemos a tão amigável e protetora câmara uterina, quando ainda gozávamos das lembranças amplas das experiências do passado e tínhamos como foco as necessidades regenerativas. Certamente havia amigos no papel de orientadores contornando-nos os arroubos e exageros das escolhas, dosando o peso das decisões, conhecedores de nossas deficiências, com a finalidade de proteger-nos de nós mesmos.

QUAIS AS NOSSAS BANDEIRAS?¹

Por Roberto Caldas (*)           Semear o medo é a melhor estratégia para quem pretende dominar pelo silêncio e pela força. A liberdade é uma ave que necessita de espaço para desferir vôo além. Aprisioná-la é o maior tento das ideias que sem fundamento de lógica, exibem a ponta da lança que fere a essência daquele que se atira ao afã das conquistas do seu tempo.             Na contradição é que a pessoa consegue definir a linha de pensamento a que deve se ajustar, mas se a turbulência da comunicação obscurece os diversos aspectos da verdade e impõe uma falsa hegemonia, silenciando todos os esforços que se lhe oponham, a escuridão é a grande vitrine para o espetáculo burlesco que conduz ao caos.             Todas as vezes que a ganância e a mentira se posicionaram como alicerce de algum projeto que prometia melhorar a condição da vida hum...

RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO¹

Uma das principais objeções à doutrina da Reencarnação é, dizem, que ela não consta ensinada na Bíblia. Mas estão errados os que pensam assim. Pela língua e cultura helênicas é que muitos conteúdos da Bíblia e dos Evangelhos chegaram até nós, donde ser fundamental, para um resgate de muitas ideias e conceitos algo deturpados hoje em dia, o retorno aos manuscritos antigos, ainda que sejam apenas cópias dos originais, estes, quiçá, perdidos para sempre.    No Brasil, o nome que superou todos os que empreenderam tal demanda ao grego, ao hebraico, etc., a nosso ver, foi o do Prof. Carlos Juliano Torres Pastorino, Docente do Colégio Pedro II e catedrático da Universidade Federal de Brasília; Iatinista, helenista e exímio poliglota; diplomado em Teologia e Filosofia pelo Colégio Internacional Santo Antônio Maria Zaccaria, em Roma, este insigne linguista nasceu em 04/11/1910 no Rio de Janeiro, desencarnando em Brasília em 13/06/1980. Deixou-nos raras obras-primas d...