domingo, 11 de agosto de 2013

PAI + DIÁLOGO = MUDANÇA DO MUNDO¹







 Por Roberto Caldas (*)


As grandes transformações que experimentamos no mundo decorrem de intensa e profunda necessidade de encontro do ser encarnado com a sua natureza profunda. Nada se procura além de paz e conforto. Até mesmo nos maiores delitos que explodem nos quatro cantos do planeta jamais obteremos informações, investigando os envolvidos, que denunciem existir alguém interessado em alcançar desespero e sofrimento naqueles episódios.
            Ocorre que a nossa imperfeição, ampliada pelo mergulho no corpo físico que anestesia a memória espiritual, abre espaço para o acometimento da pressa e do imediatismo, duas forças que incapacitam o raciocínio em longo prazo e levam às tomadas de atitude num cenário de ansiedade, pressão e estresse. Esse cenário interior é alimentado pelo clima de competição, disputa acirrada que o mercado estabelece, na construção de um verdadeiro explosivo prestes a ser detonado dentro do crânio das pessoas. De repente, nós que buscamos a paz e o conforto, vemo-nos enredados em situações conflituosas geradoras de mal estar, como se fosse uma bola de neve montanha a baixo.
            Essas circunstâncias que envolvem os relacionamentos humanos foram muito influenciadas pelas pressões sociais que a família sofreu no decorrer dos últimos 50 anos, quando velhos hábitos da vida doméstica foram expostos no meio da rua, sob a impulsão dos movimentos que exigiram novos paradigmas morais. A fissura sofrida pelo alicerce familiar, de certa forma carcomido pela velha moral do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” deu espaço para uma vacilação na educação das gerações e abriram espaço para que aqueles maus hábitos entre quatro paredes botassem a cara nos ambientes públicos, com decréscimo explícito da autoridade familiar sobre o comportamento, agora gerido pela mídia traduzida pelos ídolos da fantasia pela beleza, riqueza, sucesso e reconhecimento púbico a qualquer custo. Faltaram exemplos dentro de casa para fazerem o contraponto aos chamados do mundo moderno, perdidos que ficamos diante de tantos novos conceitos e contrastes.
            O diálogo é a principal ferramenta de mudança desse contexto. Sem a força que surge da capacidade de comunicarmo-nos com os outros é impossível que alcancemos a forma de entendimento para iniciar a revolução que haverá de nascer na família para a nova mudança que o mundo precisa. Nesse contexto surge a presença do pai como elemento essencial na formação do indivíduo desde os primeiros dias de sua gestação do novo organismo reencarnatório. A mistura, pai e diálogo, se mostra como a grande alavanca para a virada das tendências que fizeram o jovem buscar “heróis que morreram de over dose” pelas noites escuras nas vielas cinzentas que preenchem as cidades iluminadas e barulhentas. A atitude “ser pai” é missão da qual não se foge sem a sensação de fracasso, mas é provavelmente uma das mais intensas formas de recuperar-se fôlego espiritual para o avanço às regiões mais altas de satisfação e plenitude. Os pais que compreendem que os seus rebentos nascem em busca de paz e conforto, atributos que ele próprio ambiciona para a sua vida, e não mede esforços para consegui-los estará dando ao mundo o exemplo para que os filhos das gerações que o sucedem descubram o caminho do encontro com a sua natureza profunda, razão de nossas existências.    

¹ editorial do programa Antena Espírita de 11.08.2013

(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda. 

Um comentário:

  1. Nas relações familiares o diálogo é o principal pilar para a sustentabilidade do lar. O pai deve ser o grande catalisador do pluralismo das individualidades que compõem a família. Bela abordagem! Parabéns Roberto Caldas!

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