Por Roberto Caldas (*)
As grandes transformações que experimentamos
no mundo decorrem de intensa e profunda necessidade de encontro do ser
encarnado com a sua natureza profunda. Nada se procura além de paz e conforto.
Até mesmo nos maiores delitos que explodem nos quatro cantos do planeta jamais
obteremos informações, investigando os envolvidos, que denunciem existir alguém
interessado em alcançar desespero e sofrimento naqueles episódios.
Ocorre
que a nossa imperfeição, ampliada pelo mergulho no corpo físico que anestesia a
memória espiritual, abre espaço para o acometimento da pressa e do imediatismo,
duas forças que incapacitam o raciocínio em longo prazo e levam às tomadas de
atitude num cenário de ansiedade, pressão e estresse. Esse cenário interior é
alimentado pelo clima de competição, disputa acirrada que o mercado estabelece,
na construção de um verdadeiro explosivo prestes a ser detonado dentro do
crânio das pessoas. De repente, nós que buscamos a paz e o conforto, vemo-nos
enredados em situações conflituosas geradoras de mal estar, como se fosse uma
bola de neve montanha a baixo.
Essas
circunstâncias que envolvem os relacionamentos humanos foram muito
influenciadas pelas pressões sociais que a família sofreu no decorrer dos
últimos 50 anos, quando velhos hábitos da vida doméstica foram expostos no meio
da rua, sob a impulsão dos movimentos que exigiram novos paradigmas morais. A
fissura sofrida pelo alicerce familiar, de certa forma carcomido pela velha
moral do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” deu espaço para uma
vacilação na educação das gerações e abriram espaço para que aqueles maus
hábitos entre quatro paredes botassem a cara nos ambientes públicos, com
decréscimo explícito da autoridade familiar sobre o comportamento, agora gerido
pela mídia traduzida pelos ídolos da fantasia pela beleza, riqueza, sucesso e
reconhecimento púbico a qualquer custo. Faltaram exemplos dentro de casa para
fazerem o contraponto aos chamados do mundo moderno, perdidos que ficamos
diante de tantos novos conceitos e contrastes.
O
diálogo é a principal ferramenta de mudança desse contexto. Sem a força que
surge da capacidade de comunicarmo-nos com os outros é impossível que
alcancemos a forma de entendimento para iniciar a revolução que haverá de
nascer na família para a nova mudança que o mundo precisa. Nesse contexto surge
a presença do pai como elemento essencial na formação do indivíduo desde os
primeiros dias de sua gestação do novo organismo reencarnatório. A mistura, pai
e diálogo, se mostra como a grande alavanca para a virada das tendências que
fizeram o jovem buscar “heróis que morreram de over dose” pelas noites escuras
nas vielas cinzentas que preenchem as cidades iluminadas e barulhentas. A
atitude “ser pai” é missão da qual não se foge sem a sensação de fracasso, mas
é provavelmente uma das mais intensas formas de recuperar-se fôlego espiritual
para o avanço às regiões mais altas de satisfação e plenitude. Os pais que
compreendem que os seus rebentos nascem em busca de paz e conforto, atributos
que ele próprio ambiciona para a sua vida, e não mede esforços para
consegui-los estará dando ao mundo o exemplo para que os filhos das gerações
que o sucedem descubram o caminho do encontro com a sua natureza profunda,
razão de nossas existências.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 11.08.2013
(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 11.08.2013
(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Nas relações familiares o diálogo é o principal pilar para a sustentabilidade do lar. O pai deve ser o grande catalisador do pluralismo das individualidades que compõem a família. Bela abordagem! Parabéns Roberto Caldas!
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