Por Ana Cláudia Laurindo
A quem tem sido útil desacreditar os saberes científicos e os valores comunitários?
A existência do pensamento crítico é indispensável para organizar referências em um mundo disputado em milímetros por alguma intenção de poder remunerado.
Estamos todos envolvidos com os sistemas que direcionam os rumos da vida no planeta, ainda que sob a temporalidade da matéria e as vulnerabilidades causadas pelo desenvolvimento veloz e complexo dos turbilhões demográficos, atuamos como individualidades somadas. Nesta perspectiva, não nos cabe abrir mão de nós mesmos porque não é possível transferir a satisfação das necessidades localizadas.
Os ataques sistemáticos à memória, tradições, costumes que costuram identidades em torno de saberes empíricos ancestrais, são sinais de que existe uma intenção de uniformizar o mundo através das novas gerações, privando-as de conhecer suas ancestralidades, porque a força que nos trouxe ao presente deixou dicas no passado.
A ciência como vanguarda também traz inúmeras respostas, explicando a razão daquilo que o fenomênico apenas mostra, mas não disseca, não aponta causas. Principalmente na alçada das Ciências Sociais.
O eco sombrio da ignorância não ignora a força transformadora da razão, e movimentos importantes, ainda que merecedores de crítica, como tudo o que desponta na história humano/política, o positivismo, o iluminismo e as lutas socialistas, combateram a hegemonia autoritária e dogmática do poder absoluto sobre a ideia e a ocupação de territórios decisivos.
A política e a cultura são alimentos mantenedores da vida social humana.
Mas a qualidade das políticas aplicadas e da cultura disseminada faz essa vida minguar ou evoluir socialmente rumo ao bem ou mal-estar no mundo.
O mal-estar da maioria se transforma no luxo e na ostentação da minoria, que para justificar essa aberração criou parâmetros de justificativas, dentre os quais até a divindade criadora é utilizada como narrativa de manipulação, suavizando crenças rumo à submissão.
A comoção consumista desta era tecnológica não descarta a base condutora ideológica, como muitas vezes parece acontecer. Não há como materializar interesses sem convocar a subjetividade, ainda que para isso se utilize a força, a mentira, a perversão e a morte.
O poder não tem alma mas tem inteligência. Diluído nos territórios da reprodução econômica e na relações estabelecidas, arranha corpos e transtorna mentes, mas realiza seus intentos de dominação, sem perder o ritmo da performance.
Ainda assim, a fatalidade pode ser enfrentada e redirecionada pela resistência humano/política desencadeada pelos saberes, que são vastos legados de sobrevivência baseados em evidências, apontando o caminho.
Conhecer para combater, libertar, construir contra-cultura e conquistar direitos de benefício coletivo é uma motivação basilar. Até mesmo as concessões que nos obrigam a fazer podem servir de mote para recomeçar quantas vezes se torne necessário. A pauta proibida se chama desistir.
Enquanto for possível semear, a ideia libertadora fortalecerá o impulso transgressor rumo ao saber científico, sob a proteção da identidade comum, ancestral.
Ninguém é menos importante e todos somos necessários.
Já abriu um bom livro hoje?
Já saudou seus ancestrais?
Já percebeu sua própria importância neste processo?
COMENTÁRIO ELABORADO PELA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL - IA
ResponderExcluirAnálise do Texto: Desacreditar o Saber e Subverter o Poder
O texto em questão aborda, de forma crítica e reflexiva, a instrumentalização do desacreditar os saberes científicos e os valores comunitários como uma estratégia de poder. A principal beneficiada por essa descredibilização é uma minoria que busca a uniformização do mundo e a dominação através da manipulação e da privação da ancestralidade e do pensamento crítico.
O autor argumenta que a existência do pensamento crítico é fundamental para organizar as referências em um mundo onde o poder é disputado milimetricamente. Ele enfatiza que, apesar de estarmos todos envolvidos nos sistemas que direcionam a vida no planeta, não devemos abrir mão de nossa individualidade e da satisfação de nossas necessidades localizadas.
Ataques à Memória e Importância da Ciência e Cultura
Os ataques sistemáticos à memória, tradições e costumes são lidos como sinais de uma intenção de uniformizar as novas gerações, privando-as de suas raízes e da sabedoria do passado. Nesse contexto, a ciência, especialmente as Ciências Sociais, é apresentada como uma vanguarda que oferece respostas e disseca as causas dos fenômenos, indo além do que o empírico apenas mostra.
O texto também destaca a política e a cultura como alimentos essenciais para a vida social humana, mas alerta que a qualidade de suas aplicações e disseminações pode levar ao minguamento ou à evolução social. O mal-estar da maioria é explicitamente relacionado ao luxo e à ostentação da minoria, que inclusive utiliza a divindade criadora como narrativa de manipulação para justificar sua posição e incitar a submissão.
Poder, Consumo e a Resiliência do Saber
A comoção consumista da era tecnológica não elimina a base condutora ideológica; na verdade, ela materializa interesses por meio da convocação da subjetividade, recorrendo, se necessário, à força, mentira, perversão e morte. O autor personifica o poder como algo sem alma, mas com inteligência, capaz de realizar seus intentos de dominação ao arranhar corpos e transtornar mentes.
Contudo, o texto oferece uma perspectiva de esperança: a fatalidade pode ser enfrentada pela resistência humano-política alimentada pelos saberes. Esses saberes são descritos como vastos legados de sobrevivência baseados em evidências, apontando o caminho para o combate, a libertação, a construção de contraculturas e a conquista de direitos coletivos. A desistência é rotulada como a "pauta proibida", e a semeadura de ideias libertadoras, sob a proteção da identidade comum e ancestral, é vista como um impulso transgressor rumo ao saber científico.
A mensagem final reforça a importância individual e coletiva, convidando à reflexão sobre a leitura, a conexão com os ancestrais e a percepção da própria importância no processo.
Em suma, o texto é um manifesto em defesa do pensamento crítico, da valorização dos saberes ancestrais e científicos, e da resistência contra as formas de dominação e manipulação que buscam uniformizar o mundo e perpetuar a desigualdade. Ele nos convida a reconhecer a importância da nossa individualidade dentro de um contexto coletivo e a usar o conhecimento como ferramenta de libertação.