“Espíritas de todos
os países! Não esqueçais esta data: 9 de outubro de 1861; será marcada nos
fastos do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa, e não de luto,
porque é a garantia de vosso próximo triunfo!”
(Allan Kardec)
(Allan Kardec)
Por Jorge Luiz
Cento
e sessenta e dois anos passados do Auto-de-Fé de Barcelona, um dos últimos
atos do Santo Ofício, na Espanha.
O
episódio culminou com a apreensão e queima de 300 volumes e brochuras sobre o
Espiritismo - enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurice Lachâtre - por
ordem do bispo de Barcelona, D. Antonio Parlau y Termens, que assim sentenciou:
“A Igreja católica é universal, e os
livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles
vão perverter a moral e a religião de outros países.”
Allan
Kardec reagiu dessa forma:
“Podem queimar-se os livros, mas não se
queimam idéias; as chamas das fogueiras as superexcitam, em vez de abafar.
Aliás, as idéias estão no ar, e não há Pireneus bastante altos para as deter.
Quando uma idéia é grande e generosa encontra milhares pulmões prestes a
aspirá-la.”
Kardec
ao elaborar profunda reflexão sobre o futuro do Espiritismo, ante as
dificuldades que enfrentava e enfrentaria, elaborou um estudo sobre os diversos
períodos – curiosidade, filosófico, luta,
religioso, intermediário, renovação - do pensamento espírita no mundo,
colocando-o como o marco inicial do período de luta.
Pe. Sebastião Bernardes Carmelita |
É
sempre especulativo e questionável se afirmar sobre a reencarnação de outrem. Esse
fato, no entanto, conta com depoimento do próprio e de fontes como Yvonne do
Amaral Pereira, Divaldo P. Franco e Francisco C. Xavier, dos Espíritos Bezerra
de Menezes e Emmanuel.
A
iniciação espírita
Ao assistir ao
programa “Pinga-fogo” (1971), transmitido pela TV Tupi de São Paulo, que
entrevistou à época o médium mineiro Francisco Cândido Xavier, ele emocionado
confessa:
“(...)
E eu não parava de chorar, meus amigos. Sentia-me ingressar numa nova fase para
o meu espírito. Era como uma mancha do meu passado culposo estivesse se
apagando.”
O
contato com Yvonne do Amaral
Após ler a
Codificação Espírita, padre Sebastião leu algumas obras da Yvonne e desenvolveu
uma admiração pela médium, resolvendo escrever-lhe. Na sua primeira missiva, de
uma série que duraria 25 anos, ele narrou a sua identificação com um dos
personagens que acompanharam a médium em sua romagem reencarnatória. Esse
primeiro contato despertou em Yvonne lembranças no arquivo de memórias
extracerebrais, revelando-lhe a última encarnação do padre. Ela guardou para
si, intuída pelos mentores espirituais, para futura revelação. Ele tinha
conhecimento - declarara finalmente Yvonne – da revelação de ter sido, em
existência pretérita, responsável pela incineração pública dos 300 volumes de
obras espíritas, fato que ficou conhecido como Auto-de-Fé de Barcelona. Era um
segredo que ele guardava, juntamente com a médium, com o compromisso de ser
revelado somente após a sua desencarnação, o que realmente ocorreu, conforme
relata Gérson Sestini, em sua obra “Yvonne
– A Médium Iluminada”.
Foi
também através da médium que o padre se tornou amigo de Francisco Thiesen,
presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB).
Revista
“Reformador”
O
padre Sebastião era leitor assíduo da revista “Reformador”, cuja assinatura ele mantinha em nome do seu pai, que
o fez admirador da FEB.
Certa
feita, esquecera de renovar a assinatura, o que provocou a suspensão do envio
do periódico. Apesar de solucionar a pendência, protestou sobre a interrupção
das remessas, inclusive ressaltando ser amigo do Presidente da FEB. Não
satisfeito, recorreu à intervenção de Yvonne para que solucionasse por
definitivo a regularização das remessas do mensário espírita.
O
médium e orador espírita baiano Divaldo P. Franco, de forma bastante
espontânea, confirmou a Francisco Thiesen as notícias quanto à identificação do
padre Sebastião Carmelita como Dom Palau y Termens, bispo de Barcelona.
A mediunidade
de cura
Ainda a Gérson
Sestini, Yvonne do Amaral afirmou:
“
- (...) Recebeu a mediunidade de cura para apressar sua própria cura,
extirpando a arrogância, a soberba e todos os vícios que o orgulho engendra,
dentro da mesma batina que não soubera honrar perante Deus.”
Comentarista do
“Jornal da Manhã”, de Uberaba, no dia 15.12.1981, publicou um artigo sobre a
desencarnação do padre Sebastião, que confirma a faculdade:
“Que dons especiais tinha o Padre Sebastião?
Seria um adivinho? Seria um
observador arguto, capaz de detectar os problemas de todo o mundo com uma simples
conversa ou mesmo com a presença da pessoa? Teria os dons mediúnicos? Estes
dons, evidentemente, não são privilégios dos espiritistas. Mas o Padre era
realmente cheio de vibrações. Quando ele falava, descia fundo no íntimo das
pessoas. Não era simplório, não. Era um simples, um puro. Era um humilde de
coração.”
O padre Sebastião
aplicava passes e receitava homeopatias em doentes, principalmente os do
hospital conhecido como do “fogo-selvagem”, fundada por D. Aparecida Ferreira,
abnegada amiga de Chico Xavier.
“Um
padre Espírita?”
Certa ocasião ao
pensar em desistir das lutas como sacerdote católico, por ser incompreendido e
hostilizado mesmo na sua igreja, os Espíritos Bezerra de Menezes e Emmanuel
deram-lhe mensagem, confirmadas pelos médiuns Yvonne do Amaral e Chico Xavier:
“Se
deixar a batina, vindo para a área espírita sem ela, teremos um companheiro a
mais do lado de cá; porém, permanecendo onde se encontra, teremos um obreiro
penetrando, com luzes da Doutrina dos Espíritos, em ambientes cujo acesso nos é
compreensivelmente vedado.”
O padre Carmelita
sofreu muito. Foi submetido a uma cirurgia cerebral, e padeceu de uma micose
nos dedos, tendo que ser submetido a extração das unhas sem auxílio de
anestesia, face ao quadro inflamatório grave.
A
desencarnação
Padre Sebastião Carmelita
desencarnou aos 64 anos de idade, no dia 14 de fevereiro de 1981, em sua cidade
natal, às 14 horas. Desencarnou trabalhando, como sempre quis e repetia constantemente:
“Preferível que a morte me encontre no
trabalho a que nos surpreenda numa poltrona de luxo.”
A
médium Yvonne do Amaral afirmou que Chico Xavier compareceu ao velório e
comentou para alguns amigos, quanto à situação bastante favorável do
desencarnante na esfera espiritual.
¹ publicado originalmente em 09.10.2014.
REFERÊNCIAS:
“Reformador”. Rio de Janeiro FEB. Janeiro de 1983;
FREITAS,
Alberto M. Yvonne do Amaral Pereira – O
Voo de uma alma. Rio de Janeiro. CELD.1999;
KARDEC,
Allan. Obras Póstumas. Rio de
Janeiro. FEB. 2003;
_____________
Revista Espírita 1863. Rio de
Janeiro. FEB. 2004;
SESTINI,
Gérson. Yvonne – A médium iluminada.
Rio de Janeiro. Léon Denis.2007
Bela matéria, como belas e profundas foram as palavras de Kardec em resposta à atitude do Bispo. Parabéns amigo Jorge!
ResponderExcluirParabenizo o autor, que foi muito feliz ao escrever este artigo, em todos os aspectos.
ResponderExcluirMas sou suspeito, por ser seu amigo pessoal e apreciador do tema.
Everaldo Mapurunga
Viçosa do Ceará
Meu Caro Jorge Luis, parabéns pelo excelente e oportuno trabalho escrito sobre uma data que, conforme palavras do Codificador, deveria ensejar comemorações, o que me leva a lhe perguntar: Você, por acaso, pesquisou nas páginas da FEB e das Federativas para ver se há registros como esse do Blog Canteiro de Ideias? Caso a resposta seja negativa, redobro meus cumprimentos a você, especialmente!
ResponderExcluirObrigado pelos registros.
ResponderExcluirCaro amigo Castro, depois de sua pergunta, pesquisei e não encontrei nenhuma menção sobre a data, nem na FEB e nem em outras federativas.
O Canteiro de Ideias não poderia deixar passar em brancas nuvens essa data.
É o que eu imaginava! É muito triste, o movimento espírita não está muito interessado na Doutrina não, mas só em patrulhar quem não reza na cartilha deles! É lamentável.
ResponderExcluirExcelente artigo, vale para profundas reflexões e que tudo se transforma através das oportunidades múltiplas que a reencarnação proporciona.
ResponderExcluirAbraço, Augusto Leão
Caro amigo Leão!
ResponderExcluirMuito bem pontuada a sua opinião.
Espero que tenhas gostado do brinde enviado pelo Canteiro de Ideias.
Abração!
Belo e emocionante artigo... Agradeço pela oportunidade do aprendizado!
ResponderExcluirBelo reprise Jorge Luiz. Não podemos esquecer datas como essa, em que a intolerância chegou ao seu ápice. Importante o registro do desconhecido ou anônimo, mas registrou sua opinião. Parabéns a você Jorge e ao Canteiro de Ideias por repercutir datas como essa, seguindo a sugestão de Kardec!
ResponderExcluirCara, que massa!
ResponderExcluirAmigão Jorge,uma bela matéria,um abração fraterno,casal 20.
ResponderExcluirQue homem incrível foi esse padre. Agora, livre dos impedimentos do corpo físico, espalha seu amor e bondade com facilidade!
ResponderExcluirHoje tivemos o prazer de ler esse texto em nosso programa radiofonico que realizamos através da Palmares Fm, todos os domingos das 10:00 às 11:00 horas, e na nossa reunião pública Online que o Centro Espirita Maria de Nazaré de Milagres, Ceará, que realiza todos os domingos, às 19:00 horas. Parabéns Jorge Luiz, continue perseverante.
ResponderExcluirGrande amigo Camilo,
ExcluirQue grata surpresa.