Pular para o conteúdo principal

O ESPIRITISMO COMO "TÁBUA DE SALVAÇÃO DA HUMANIDADE" - PARTE I

 

El Dilúvio Universal - Teto da Capela Sistina

Por Valnei França

“Conta-se que Paulo, o Apóstolo, em viagem à Roma, para depor, teve seu navio que enfrentar uma terrível tempestade. O navio, de madeira, esfacela-se nas rochas, próximo à costa. Então, Paulo orienta que àqueles que sabem nadar vão para a terra e aqueles que não sabem nadar se agarrem a uma tábua para sua salvação”.

            Essa narrativa vem a reforçar a imaginação crescente da educação religiosa a partir de então. Tornar-se uma expressão a ser utilizada por várias áreas do conhecimento.

            – Podemos considerar o Espiritismo como uma Tábua de Salvação?

No jargão filosófico existem três perguntas fundamentais:

            – De onde viemos?

            – Por quê estamos aqui?

            – Para onde iremos?

             Nos acostumamos a conhecer o passado pela História, mas quando Darwin nos conta a “história biológica” dos seres vivos e propõe um conceito que alia a História com a Biologia, desenvolvendo a “Evolução das Espécies”, criou-se um caos. O momento era de afirmação de um tipo de conhecimento que ainda tentava romper seus vínculos com o conhecimento religioso – o conhecimento científico. Como explica Muniz, 2023(1), a respeito do Concurso, na cidade de Bordeaux, França, em 1741, sobre “Desafios de explicar a Negritude, conforme quadro a seguir. Basicamente para responder sobre: - Quem é o Negro? - Por que é Negro? - O que significa ser Negro?

 00:00 - Contexto Histórico e Fundação da Academia: Perguntas sobre a Diferença Negra 00:46 - O Concurso Científico em Bordeaux: Desafios de Explicar a Negritude 01:25 - Questões Científicas e Competições Acadêmicas: Explorando a Anatomia Negra 02:33 - Crescente Interesse pela Anatomia dos Povos Não Europeus: Enfoque na Negritude 03:43 - Concurso de 1739 e a Busca por Explicações Científicas: Desafios da Pele Negra 07:11 - Diversas Teorias e Explicações Propostas: Imaginário Social e Estereótipos 17:49 - A Influência na Europa e Desenvolvimento Pseudocientífico: Impacto Duradouro na Percepção Negra 23:12 - Legado Histórico e Atualidades em Bordeaux: Reflexos Contemporâneos sobre a Negritude

            O século dezenove foi um período onde as descobertas, foram influenciadas com altas doses de superioridade na relação dos europeus com o resto do Mundo, “descoberto” e a “descobrir” – eurocentrismo, relativismo cultural, superioridade racial dentre outros.

             Num mesmo século, por exemplo, temos Darwin (1809-1882), Marx (1818-1883), Comte (1798-1857), Kardec (1804-1869). Com exceção de Darwin, os outros olharam o presente com o olhar para o futuro, cada um com sua particularidade, sua singularidade.

             Aqui confluem duas tendências religiosas baseadas na Filosofia Grega, Platão e Aristóteles, numa a alma antecede, e sobrevive, ao corpo e na outra alma e corpo surgem simultaneamente, assim como acabam. São estes os limites que nortearão muitos pensadores a partir de então.

             Na Sociedade, século XIX, o Capitalismo industrial e sua necessidade de matéria-prima, mão de obra e mercado, globaliza e, cada vez mais crescentemente, impõe ao nascente “conhecimento científico” uma “necessidade de retorno financeiro”. Fato que fará desenvolver conhecimentos nas mais variadas áreas do conhecimento. Notadamente criando metodologias críveis.

             Assim, também, cria-se o Estado Moderno, laico, e como ele as garantias individuais – os direitos, a cidadania. O cidadão, por exemplo, pode escolher sua religião, independente da do governante.

             Em meio às discussões sobre se a mulher tinha alma e de que tipo, a ausência de alma no negro africano virou um debate científico. São criadas várias Teorias Racistas ou de cunho pseudocientífico. É neste período que surge um fenômeno – as mesas girantes, que desperta o interesse, principalmente, de um pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido, hoje, como Allan Kardec.

A projeção ideológica de diferenças sociais e sexuais sobre a noção de natureza humana produz mais do que uma duplicação dessa noção: seu desdobramento em graus, em formas hierarquizadas. Na base da escala, um pouco acima da animalidade, encontramos a figura do “selvagem”, estado “o mais vil e mais abjeto da natureza humana” (Bérulle, versão “tradicional”) ou o “tipo sensorial vegetativo e tátil” (Ferrière, versão “nova”). De quem se trata, socialmente? Fundamentalmente, de quem trabalha a matéria: o artesão em Platão; o escravo, apto a ser coisa de outro e obedecer passivamente a seus comandos, em Aristóteles; trabalhador qualificado. Que perde suas qualidades de homem e cuja mente permanece simplista, em Ferrière. No topo da escala, encontramos, é claro, a figura pouco disfarçada de quem escreve o texto, filósofo ou erudito seja Platão, seja Aristóteles, seja Ferrière. A discriminação sexual pode igualmente ser projetada na ideia de natureza humana, com mulher que sofre de fraqueza na parte deliberativa da alma (Aristóteles) ou no domínio da abstração (Claparède), o que é compensado por uma vida afetiva mais desenvolvida. (Chalot, 2020, p. 47-48)(2)

            Ao questionarmos o nosso passado, a partir daquele momento, as outras duas questões fundamentais – o presente e o futuro, passam a ser melhores explicadas em cada área do conhecimento e com intervenção direta ou indireta no cotidiano das pessoas. Desde as mais simples até a “O Estado existe para servir o cidadão ou o cidadão existe para servir o Estado”. Estendendo-se a todas as instituições sociais.

Não se apaga o passado, ele continua na memória individual e/ou coletiva – é parte essencial da cultura, esta é uma das características que diferenciam o Ser Humano dos outros animais. Então, os limites entre Platão e Aristóteles se conservaram e passam a influenciar cada vez mais a partir do avanço dos meios de informação e comunicação.

             – Podemos refletir a questão para onde vamos?

             É aceito a partir da História, nosso passado, que podemos compreender as condições e/ou os condicionantes de nossas vidas no presente. Aqui, novamente, surge o conceito cotidiano. “Olhar para o futuro” é mais complexo. Não é uma questão de “probabilidades” e sim de especulação ou mesmo de adivinhação – profecia? Ainda temos conflitos sobre “de onde nós viemos”(3) e “para onde vamos”, não foge disto. Como analogia do cotidiano, podemos usar a Educação. Ao olharmos a Educação, por exemplo, temos a Pedagogia Tradicional e a Progressista e, assim, podemos ter uma ideia do como construímos o nosso futuro, e o que nos espera. Enfim, qual o objetivo final do que fazemos agora?

“Meritíssimo, sinto que fui condenado por violar um estatuto injusto. Continuarei no futuro, como fiz no passado, a me opor a essa lei de todas as maneiras que puder. Qualquer outra ação seria uma violação do meu ideal de liberdade acadêmica, isto é, ensinar a verdade garantida em nossa constituição, de liberdade pessoal e religiosa. Eu acho que a lei e a multa são injustas”. Declaração do professor de Ciências John T. Scopes em seu julgamento, ao ouvir sentença.(4)

             A primeira, a Tradicional, com forte influência religiosa, herda o pensamento antropológico que, nascido do “pecado original” estamos aqui para expiar os pecados. E indica que o corpo precisa sofrer para se livrar da influência da matéria, traduz-se na rigidez dos processos pedagógicos. Seria, como no dizer de Arendt, combater o “inimigo objetivo”, no caso o demônio? Na primeira, a princípio, não tinha espaço para as mulheres e, no decorrer, para os pobres. A não ser a “doutrinação religiosa” da catequese. “O corpo precisa sofrer”. A segunda, a Progressista, segue o sentido oposto, rejeita a influência religiosa, da dor, e busca o que tem de mais natural no ser humano, sua essência, a capacidade de aprender e ensinar, natas. Influência de Rousseau, no seu texto “Emílio”(5)?

             Numa a visão, o sofrimento é o caminho onde o Ser Humano, seu espírito/alma, se eleva em relação à influência da matéria. No outro, basta desenvolver a sua naturalidade, sua essência.

Se, por um lado, (Lefebvre) enfatiza que representação não é necessariamente ideologia, por outra, afirma que é impossível vida sem representação, que as representações são formas de comunicar e reelaborar o mundo, aproximações da realidade que, no entanto, não podem substituir o mundo vivido. É justamente quando o vivido é substituído pelo concebido que a representação se torna ideologia. (Grifo nosso) Lefebvre apud Serra, 2014)(6)

 

Referências

1)            MUNIZ, Flávio. Da Origem da Pele Negra e o Surgimento das Teorias Raciais no Século 18. Youtube, 27 de Dezembro de 2023. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=PLXhrJwQHBY>

2)            CHARLOT, Bernard. Educação ou Barbárie? Uma escolha para a Sociedade Contemporânea. Tradução Sandra Pina. 1. Ed. Cortez, 2020.

3)            A exemplo do caso do “Julgamento do Macaco”. Acessado em 19/09/2023. Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues. <https://ensinarhistoria.com.br/linha-do-tempo/condenado-o-professor-de-ciencias-que-ensinou-o-evolucionismo/>

4)            Declaração do professor de Ciências John T. Scopes em seu julgamento, ao ouvir sentença – O Julgamento do Macaco. Ob. Citada nota 3.

5)            ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da educação. Tradução Roberto Leal Ferreira. Ed. Martins Fontess. São Paulo, 1999. Pdf, acessado em 01 de Outubro de 2024. <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5102710/mod_resource/content/1/EM%C3%8DLIO%20-%20TRECHOS%20SELECIONADOS.pdf>

6)            SERRA, A. Teoria das representações em Henri Lefebvre: uma abordagem cultural e multidimensional da geografia. GEOUSP – Espaço e Tempo, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 487-495, 2014.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

JESUS E A IDEOLOGIA SOCIOECONÔMICA DA PARTILHA

  Por Jorge Luiz               Subjetivação e Submissão: A Antítese Neoliberal e a Ideologia da Partilha             O sociólogo Karl Mannheim foi um dos primeiros a teorizar sobre a subjetividade como um fator determinante, e muitas vezes subestimado, na caracterização de uma geração, isso, separando a mera “posição geracional” (nascer na mesma época) da “unidade de geração” (a experiência formativa e a consciência compartilhada). “Unidade de geração” é o que interessa para a presente resenha, e é aqui que a subjetividade se torna determinante. A “unidade de geração” é formada por aqueles indivíduos dentro da mesma “conexão geracional” que processam ou reagem ao seu tempo histórico de uma forma homogênea e distintiva. Essa reação comum é que cria o “ethos” ou a subjetividade coletiva da geração, geração essa formada por sujeitos.

O NATAL DE CADA UM

  Imagens da internet Sabemos todos que “natal” significa “nascimento”, o que nos proporciona ocasião para inúmeras reflexões... Usualmente, ao falarmos de natal, o primeiro pensamento que nos ocorre é o da festa natalina, a data de comemoração do nascimento de Jesus... Entretanto, tantas são as coisas que nos envolvem, decoração, luzes, presentes, ceia, almoço, roupa nova, aparatos, rituais, cerimônias etc., que a azáfama e o corre-corre dos últimos dias fazem-nos perder o sentido real dessa data, desse momento; fazem com a gente muitas vezes se perca até de nós mesmos, do essencial em nós... Se pararmos um pouquinho para pensar, refletir sobre o tema, talvez consigamos compreender um pouco melhor o significando do nascimento daquele Espírito de tão alto nível naquele momento conturbado aqui na Terra, numa família aparentemente comum, envergando a personalidade de Jesus, filho de Maria e José. Talvez consigamos perceber o elevado significado do sacrifício daqueles missionári...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

A ESTUPIDEZ DA INTELIGÊNCIA: COMO O CAPITALISMO E A IDIOSSUBJETIVAÇÃO SEQUESTRAM A ESSÊNCIA HUMANA

      Por Jorge Luiz                  A Criança e a Objetividade                Um vídeo que me chegou retrata o diálogo de um pai com uma criança de, acredito, no máximo 3 anos de idade. Ele lhe oferece um passeio em um carro moderno e em um modelo antigo, daqueles que marcaram época – tudo indica que é carro de colecionador. O pai, de maneira pedagógica, retrata-os simbolicamente como o amor (o antigo) e o luxo (o novo). A criança, sem titubear, escolhe o antigo – acredita-se que já é de uso da família – enquanto recusa entrar no veículo novo, o que lhe é atendido. Esse processo didático é rico em miríades que contemplam o processo de subjetivação dos sujeitos em uma sociedade marcada pela reprodução da forma da mercadoria.

A DOR DO FEMINICÍDIO NÃO COMOVE A TODOS. O QUE EXPLICA?

    Por Ana Cláudia Laurindo A vida das mulheres foi tratada como propriedade do homem desde os primevos tempos, formadores da base social patriarcal, sob o alvará das religiões e as justificativas de posses materiais em suas amarras reprodutivas. A negação dos direitos civis era apenas um dos aspectos da opressão que domesticava o feminino para servir ao homem e à família. A coroação da rainha do lar fez parte da encenação formal que aprisionou a mulher de “vergonha” no papel de matriz e destituiu a mulher de “uso” de qualquer condição de dignidade social, fazendo de ambos os papéis algo extremamente útil aos interesses machistas.

DIVERSIDADE SEXUAL E ESPIRITISMO - O QUE KARDEC TEM A VER COM ISSO?

            O meio espírita, por conta do viés religioso predominante, acaba encontrando certa dificuldade na abordagem do assunto sexo. Existem algumas publicações que tentam colocar o assunto em pauta; contudo, percebe-se que muitos autores tentam, ainda que indiretamente, associar a diversidade sexual à promiscuidade, numa tentativa de sacralizar a heterocisnormatividade e marginalizar outras manifestações da sexualidade; outros, quando abrem uma exceção, ressaltam os perigos da pornografia e da promiscuidade, como se fossem características exclusivas de indivíduos LGBTQI+.

EU POSSO SER MANIPULADO. E VOCÊ, TAMBÉM PODE?

  Por Maurício Zanolini A jornalista investigativa Carole Cadwalladr voltou à sua cidade natal depois do referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia (Brexit). Ela queria entender o que havia levado a maior parte da população da pequena cidade de Ebbw Vale a optar pela saída do bloco econômico. Afinal muito do desenvolvimento urbanístico e cultural da cidade era resultado de ações da União Europeia. A resposta estava no Facebook e no pânico causado pela publicidade (postagens pagas) que apareciam quando as pessoas rolavam suas telas – memes, anúncios da campanha pró-Brexit e notícias falsas com bordões simplistas, xenofobia e discurso de ódio.