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O PONTO DE REFERÊNCIA

 


 Por Orson P. Carrara

 

Por que muitos espíritas se fecham no próprio Centro em que atuam e não participam de eventos espíritas de outras casas ou cidades?

Medo, insegurança, acomodação, indiferença?

Não sabemos!

E nem nos cabe saber ou julgar, pois um dos pontos marcantes da Doutrina é a liberdade que se faculta ao espírita.

 Porém, há algo a pensar.

Os eventos, sejam encontros ou congressos, simples palestras ou até mesmo reuniões, são verdadeiros referencias de comparação e análise do que fazemos e do que fazem nossos companheiros de outras casas e cidades.

Não comparação no sentido de menosprezo pelo que fazem os outros, mas comparação no sentido de encontrar-se referências para crescimento próprio e do Movimento. Sim, pois o intercâmbio, a troca de ideias, as experiências diferentes fortalecem a todos os envolvidos.

Sendo uma Doutrina de liberdade, o Espiritismo é interpretado conforme o amadurecimento e estágio evolutivo de quem o estuda.

E como vivemos num planeta onde se misturam diversos estágios de conhecimento, amadurecimento e experiências, todos tem algo a oferecer. O que sobra em nós, falta em outro. Do mesmo modo, o que falta em nós, podemos aprender com os outros.

Só por este motivo temos que valorizar o intercâmbio entre grupos, pois sempre há o que aprender e experiências a trazer e levar. Mas existem outros motivos também importantes:

a) O que dizer sobre a fraternidade que Jesus busca espalhar sobre o planeta? E nos negaremos a também sermos instrumentos desse trabalho?

 

b) Nossa experiência, nossos dons e habilidades ficarão trancados onde atuamos, sem beneficiar outros que podem ser beneficiados com aquilo que fazemos de bom? Não seria egoísmo, que tanto falamos combater?

c) A Doutrina nos faz tanto bem. Vamos querê-la só para o nosso grupo. O objetivo não é espalhar a semente espírita por toda parte, beneficiando a humanidade? Pois isto começa da união entre os próprios espíritas que, unidos, abrirão novos caminhos...

d) Quantas habilidades são desconhecidas pela falta de intercâmbio, de união?

e) Procuremos não esquecer que os espíritos se manifestam por toda parte, sem preferências de qualquer espécie, objetivando despertar as mentes para a realidade que já é do nosso conhecimento. E nós vamos querer segurar, trancar, controlar, como pretensos donos de uma exclusividade irreal?

Por isso, sempre pensamos na utilidade dos eventos espíritas, de oportunidades que reunam os espíritas. Eles estimulam a fraternidade, abrem caminhos. E melhor, se tornam verdadeiros pontos de referência para muitos que ali encontram o desabrochar de suas habilidades e potencialidades.

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