terça-feira, 15 de março de 2016

AO TEMPORAL SEGUE A BONANÇA¹



Por Roberto Caldas (*)


Diz a poesia “é pau, é pedra, é o fim do caminho, é um resto de toco, é um pouco sozinho... são as águas de março fechando o verão...” (Águas de Março – Tom Jobim). O texto fala de uma situação cíclica que sugere uma inadvertida incapacidade de solução de problemas e que acabam se repetindo, como se fosse normal e aceita.
            Jesus nos chama a atenção aos compromissos que adquirimos com a própria consciência sempre que decidimos agir nos contextos a que somos chamados nas curvas dos caminhos. É urgente e necessário sabermos efetivamente que os nossos estados emocionais é a pedra de toque para a manutenção do equilíbrio diante das ações exigidas a cada momento. Quando nos chama a atenção, de forma imperiosa, que “... a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34), Jesus traduz um alerta para que lembremos que sentimentos de raiva, perseguição e vingança jamais serão capazes de gerar uma única atitude sadia.

            Serenidade e análise de contexto, diante de qualquer propositura que nos traga de rebote a hesitação ou a dúvida, pode ser a melhor postura antes de desenhar os rumos a serem escolhidos, pesadas as expectativas e redimensionamentos da escolha.
            Durante as suas peregrinações no planeta, por onde passava e era seguido pelas populações, Jesus permitia que três gradações de vibrações fossem produzidas, fato percebido em diversos relatos do Novo Testamento, a saber: a sua própria vibração, aquela dos discípulos e enfim a da multidão. Estariam tais vibrações no mesmo nível de intenções? Teriam a mesma categoria de valores?
            Vivemos na Terra numa psicosfera conjunta sendo influenciados e influenciando uma diversidade de pessoas, encarnadas e desencarnadas, associando-nos aos grupos que pensam em sintonia conosco. Se fosse possível decidir em qual vibração sintonizar, entre essas que Jesus promovia, qual delas escolheríamos?
            As questões de O Livro dos Espíritos que tratam da Influência Oculta dos Espíritos Sobre os Nossos Pensamentos e as Nossas Ações 459 a 472) podem ser ampliadas para a compreensão da mutualidade de nossas influências também entre encarnados. O tempo todo estamos secundados por pensamentos e juízos que nos propositam sensações, intuições, vislumbres e sentimentos. Felizmente não somos joguetes de tais possibilidades. A individualidade nos confere a condição de filtro para que se absorvam apenas os conteúdos que se adéquem ao estágio mental que ocupamos.
            A construção verdadeira, aquela que intenta um novo tempo para a humanidade jamais poderá ser forjada sob sentimentos que se traduzam em ódio, senão no amplo consenso de fraternidade. Avaliemos o nosso coração diante de qualquer passo a ser dado. Caminhemos na direção apontada apenas quando os sentimentos que nos animem possam nos permitir fazer parte do grupo de vibrações daqueles que seguem a Jesus e não estejam simplesmente na multidão. Águas de Março, apenas na canção. Na vida, viremos a página. Deixemos que a paz vença a guerra. 
   


¹ editorial do programa Antena Espírita de 13/03/2016.
(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
           
           

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