quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O FUTURO É TUDO






Tive oportunidade de comentar, seja em programas radiofônicos, em livros, seja em palestras ou seminários, sobre as doutrinas de J.- B. Roustaing. E Deus sabe o preço que pago por isto... Mas nada vale o silêncio acerca deste assunto, senão em proveito de colaboração com erros manifestos, a pretexto do cultivo de virtudes que são quase sempre desconhecidas da turminha seráfica do deixa-disso. Aliás, o estudo das instruções de Kardec e dos espíritos superiores que o assistiram não deixa qualquer dúvida quanto ao que se deve fazer:
Ah! crede-me, não temais desmascarar os velhacos que, novos Tartufos, [1] se introduziriam entre vós sob a máscara da religião; sede igualmente impiedosos para com os lobos devoradores, que se ocultariam sob peles de cordeiro. [2]

É preciso que se saiba que o Espiritismo sério se faz patrono, com alegria e apressuramento, de toda obra realizada com critério, qualquer que seja o país de onde provém, mas que, igualmente, repudia todas as publicações excêntricas. Todos os espíritas que, de coração, vigiam para que a doutrina não seja comprometida, devem, pois, sem hesitação, denunciá-las, tanto mais porque, se algumas delas são produtos da boa-fé, outras constituem trabalho dos próprios inimigos do Espiritismo, que visam a desacreditá-lo e poder motivar acusações contra ele. Eis porque, repito, é necessário que saibamos distinguir aquilo que a Doutrina Espírita aceita daquilo que ela repudia. [3] Nunca me interessou a polêmica em si. Fui surpreendido em meus estudos pelo que se me revelou a simbólica matriz de todos os esforços deturpadores do pensamento kardeciano, do legítimo ensino espiritual de Jesus a novos tempos. Como deixar de denunciar tal foco vicioso se isto corresponde a genuínos interesses doutrinários e das futuras gerações de espíritas?
Um quase silêncio fomentou-se à custa de tolerância bastarda e de rotunda ignorância... A verdade costuma cair no esquecimento. Então, alguns vêm com a tarefa ingrata de lembrá-la aos outros e a si mesmos, num trabalho tão necessário ao conjunto quanto todos os demais. Sempre que emerge uma nova geração ávida pela verdade, justiça costuma ser feita aos que, embora carentes do reconhecimento de seus pares, não hesitaram em trabalhar pelo próprio futuro e pelo de todos, ainda que sob os golpes da tibieza e da incompreensão de seus contemporâneos... Tal, a razão que levou o mestre lionês a dizer:
O presente é fugidio; amanhã não existirá mais; para nós nada é; o futuro é tudo, e é para o futuro que trabalhamos. Sabemos que as simpatias verdadeiras nos seguirão; as que estão à mercê de um interesse material não concretizado ou de um amor-próprio insatisfeito, não merecem este nome. [4]
Devendo o Espiritismo notabilizar-se nos fastos da Humanidade, será interessante para as gerações futuras saber porque meios ele se terá estabelecido. [...] A intriga e a ambição não devem usurpar o lugar que lhes não pertence, nem um reconhecimento e uma honraria que lhes não são devidos. Se há Judas, forçoso é que sejam desmascarados. [...] o Espiritismo sendo chamado a desempenhar um grande papel na História, importa que seu papel não seja desnaturado, e opor uma história autêntica às histórias apócrifas que o interesse pessoal poderia engendrar. [5]
Portanto, espelhemo-nos em Kardec e naquele que o protegia “de modo muito particular”. [6] Fiquemos em guarda contra o “fermento” dos fariseus e saduceus. Fixemos a higidez perene da individualidade imortal, que conhece a verdade porque ama e ama porquê de fato conhece a verdade.

[1] Falsos devotos, indivíduos hipócritas.
[2] Revista Espírita . Nov/1861. Primeira Epístola de Erasto aos Espíritas de Bordéus.
[3] Viagem Espírita em 1862. Instruções Particulares. VI.
[4] Revista Espírita . Jun/1865. Nova Tática dos Adversários do Espiritismo.
[5] Revista Espírita . Set/1862. O Que Deve Ser a História do Espiritismo.
[6] Cf. Obras Póstumas, 09/09/186



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