Pular para o conteúdo principal

O HOMEM DE BEM

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.”Allan Kardec – O Evangelho Segundo O Espiritismo - Item 4 - Cap. XVII.


Por Francisco Castro (*)


O Capítulo XVII de O Evangelho Segundo O Espiritismo, cujo título, Sede Perfeitos, parece impossível de ser atingido por nós, haja vista nos encontrarmos ainda a braços com tantas imperfeições e ligados a um planeta de expiações e provas.
A perfeição é algo próprio dos mundos classificados em categoria da qual a Terra ainda se encontra muito distante, talvez por isso, a leitura desse capítulo de O Evangelho Segundo O Espiritismo seja colocada pelos espíritas, apenas, como ilustrativa, muito distante de ser atingida por nós aqui encarnados.
Nos últimos tempos a espiritualidade tem nos alertado sobre a fase em que, nesse momento, se encontra o planeta que habitamos, denominada de “transição planetária”, que em outras palavras significa dizer que a Terra está avançando da condição de planeta de expiações e provas para a categoria de mundo de regeneração.

A progressão do planeta Terra é irreversível, e a da humanidade que o habita? Será que se encontra capaz de acompanha-lo? Sem dúvidas que não! Mas por falta de meios e de avisos é que não foi, basta que se faça uma leitura rápida dos conselhos contidos nesse capítulo XVII de O Evangelho Segundo O Espiritismo.
Vejamos algumas das características necessárias, listadas por Allan Kardec no item 3 do capítulo citado acima, para que alguém possa ser catalogado na condição de “Homem de Bem” que será o primeiro estágio necessário a ser atingido por aqueles que tenham a pretensão de habitar o Planeta Terra nessa nova condição a que ele será alçado:
“Cumpre a lei de justiça, de amor e caridade;
Deposita fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria;
Tem fé no futuro, coloca os bens espirituais acima dos bens temporais;
Sabe que todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar;
Faz o bem pelo bem; encontra satisfação nos benefícios que espalha; É bom, humano e benevolente para com todos sem distinção; Respeita nos outros todas as convicções sinceras;
Toma por guia a caridade;
Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança;
É indulgente para com as fraquezas alheias;
Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las;
Finalmente, respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da natureza, como quer respeitado os seus”.

Kardec finaliza, dizendo que não ficam enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem, mas aquele que se esforce por possuir as que foram mencionadas, no caminho se acha que a todas as demais conduz!
No item seguinte, número 4, cujo título é bastante sugestivo, “Os bons espíritas”, Allan Kardec diz que o Espiritismo, bem compreendido, leva aos resultados acima expostos, acrescentando que, muitos dos que acreditam nos fatos das manifestações, não lhes apreendem as consequências, nem o alcance moral, ou se os apreendem não os aplicam a si mesmos.
Usando da didática que lhe era peculiar, logo em seguida ele pergunta: A que atribuir isso? A alguma falta de clareza da Doutrina? E ele mesmo responde, a clareza é da sua essência mesma e é donde lhe vem toda a força.
Para logo em seguida fazer outra pergunta: Será então necessária uma inteligência fora do comum para compreendê-la? Ele mesmo respondendo, não, tanto que há homens de notória capacidade que não a compreendem, ao passo que inteligências vulgares, moços mesmo, apenas saídos da adolescência, lhes apreendem, com admirável precisão, os mais delicados matizes!
O Codificador finaliza esse item 4 nos dando uma fórmula, que colocamos em destaque encimando esse texto, para que possamos identificar o verdadeiro espírita: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.”

Quando, um dia, tivermos concluído esse processo, seremos aquilo que Kardec colocou no título do item 3 do capítulo “Sede Perfeitos”, ou seja, homens e mulheres de bem! Quando isso acontecer, poderemos então, aspirar ter o privilégio de habitar essa nova fase do Planeta Terra: De Mundo de Regeneração! Que tal começar agora?

(*) membro da AMLEF, escritor espírita, integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E.Grão de Mostarda.

Comentários

  1. Francisco Castro de Sousa2 de janeiro de 2015 às 10:35

    Esse texto, embora seja dirigido aos Espíritas, serve para qualquer pessoa que deseje se melhorar e acredite que Deus nosso Pai e Criador é Soberanamente Justo e Bom, e que criou todos nós com a mesma destinação, independentemente do nosso credo religioso! Só o bem é capaz de elevar o Espírito na hierarquia Divina. É uma boa reflexão para o Ano que se inicia. Feliz 2015 para todos!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

A CULPA É DA JUVENTUDE?

    Por Ana Cláudia Laurindo Para os jovens deste tempo as expectativas de sucesso individual são consideradas remotas, mas não são para todos os jovens. A camada privilegiada segue assessorada por benefícios familiares, de nome, de casta, de herança política mantenedora de antigos ricos e geradora de novos ricos, no Brasil.

09.10 - O AUTO-DE-FÉ E A REENCARNAÇÃO DO BISPO DE BARCELONA¹ (REPOSTAGEM)

            Por Jorge Luiz     “Espíritas de todos os países! Não esqueçais esta data: 9 de outubro de 1861; será marcada nos fastos do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa, e não de luto, porque é a garantia de vosso próximo triunfo!”  (Allan Kardec)                    Cento e sessenta e quatro anos passados do Auto-de-Fé de Barcelona, um dos últimos atos do Santo Ofício, na Espanha.             O episódio culminou com a apreensão e queima de 300 volumes e brochuras sobre o Espiritismo - enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurice Lachâtre - por ordem do bispo de Barcelona, D. Antonio Parlau y Termens, que assim sentenciou: “A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outr...

O MOVIMENTO ESPÍRITA MUNDIAL É HOJE MAIS AMPLO E COMPLEXO, MAS NÃO É UM MUNDO CAÓTICO DE UMA DOUTRINA DESPEDAÇADA*

    Por Wilson Garcia Vivemos, sem dúvida, a fase do aperfeiçoamento do Espiritismo. Após sua aurora no século XIX e do esforço de sistematização realizado por Allan Kardec, coube às gerações seguintes não apenas preservar a herança recebida, mas também ampliá-la, revendo equívocos e incorporando novos horizontes de reflexão. Nosso tempo é marcado pela aceleração do conhecimento humano e pela expansão dos meios de comunicação. Nesse cenário, o Espiritismo encontra uma dupla tarefa: de um lado, retornar às fontes genuínas do pensamento kardequiano, revendo interpretações imprecisas e sedimentações religiosas que se afastaram de seu caráter filosófico-científico; de outro, abrir-se à interlocução com as descobertas contemporâneas da ciência e com os debates atuais da filosofia e da espiritualidade, como o fez com as fontes que geraram as obras clássicas do espiritismo, no pós-Kardec.

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

O ESTUDO DA GLÂNDULA PINEAL NA OBRA MEDIÙNICA DE ANDRÉ LUIZ¹

Alvo de especulações filosóficas e considerada um “órgão sem função” pela Medicina até a década de 1960, a glândula pineal está presente – e com grande riqueza de detalhes – em seis dos treze livros da coleção A Vida no Mundo Espiritual(1), ditada pelo Espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier. Dentre os livros, destaque para a obra Missionários da Luz, lançado em 1945, e que traz 16 páginas com informações sobre a glândula pineal que possibilitam correlações com o conhecimento científico, inclusive antecipando algumas descobertas do meio acadêmico. Tal conteúdo mereceu atenção dos pesquisadores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, Décio Iandoli Júnior, Juliane P. B. Gonçalves e Alessandra L. G. Lucchetti, autores do artigo científico Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence (tradução: “Aspectos históricos e culturais da glândula ...

ALLAN KARDEC E A DOUTRINA ESPÍRITA

  Por Doris Gandres Deolindo Amorim, ilustre espírita, profundo estudioso e divulgador da Codificação Espírita, fundador do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, em dado momento, em seu livro Allan Kardec (1), pergunta qual o objetivo do estudo de uma biografia do codificador, ao que responde: “Naturalmente um objetivo didático: tirar a lição de que necessitamos aprender com ele, através de sua vida e de sua obra, aplicando essa lição às diversas circunstâncias da vida”.

JESUS E A QUESTÃO SOCIAL

              Por Jorge Luiz                       A Pobreza como Questão Social Para Hanna Arendt, filósofa alemã, uma das mais influentes do século XXI, aquilo que se convencionou chamar no século XVII de questão social, é um eufemismo para aquilo que seria mais fácil e compreensível se denominar de pobreza. A pobreza, para ela, é mais do que privação, é um estado de carência constante e miséria aguda cuja ignomínia consiste em sua força desumanizadora; a pobreza é sórdida porque coloca os homens sob o ditame absoluto de seus corpos, isto é, sob o ditame absoluto da necessidade que todos os homens conhecem pela mais íntima experiência e fora de qualquer especulação (Arendt, 1963).              A pobreza é uma das principais contradições do capitalismo e tem a sua origem na exploração do trabalho e na acumulação do capital.

DEMOCRACIA SEM ORIENTAÇÃO CRISTÃ?

  Por Orson P. Carrara Afirma o nobre Emmanuel em seu livro Sentinelas da luz (psicografia de Chico Xavier e edição conjunta CEU/ FEB), no capítulo 8 – Nas convulsões do século XX, que democracia sem orientação cristã não pode conduzir-nos à concórdia desejada. Grifos são meus, face à atualidade da afirmação. Há que se ressaltar que o livro tem Prefácio de 1990, poucas décadas após a Segunda Guerra e, como pode identificar o leitor, refere-se ao século passado, mas a atualidade do texto impressiona, face a uma realidade que se repete. O livro reúne uma seleção de mensagens, a maioria de Emmanuel.