Por Roberto Caldas (**)
O
avanço das conquistas sociais observadas nos dias atuais passa,
necessariamente, pela jornada de paulatina inserção da mulher nos espaços de
decisão das graves questões humanas. Durante muitos séculos a cultura do mundo
impunha ao gênero feminino uma participação secundária nas grandes discussões
que estabeleciam as diretrizes conjunturais da sociedade e sua entrada nos
primórdios do mercado de trabalho provavelmente se deveu à escassez da mão de
obra masculina, uma vez que os homens tinham as suas vidas ceifadas pelas
muitas guerras e colocavam sob risco a produção.
Registre-se, porém, que uma vez
inserida no mercado, sob regime de semi-escravidão, a mulher encontrou forças
para iniciar desde o final do século XIX um movimento de contínua e progressiva
mudança norteada pela busca da igualdade e da justiça entre os gêneros. Dessa
forma alcançou patamares de resultados que estabelecem uma discussão permanente
e acalorada em direção dos rumos sociais e políticos do mundo.
Toda
a saga vivida pelo gênero feminino no decorrer da história é vista pela
Doutrina Espírita de uma forma muito natural, pois segundo as informações
espirituais, o ser espiritual não tem um sexo definido, senão quando se
encontra encarnado ou, se desencarnado, ainda vibra sob os resquícios de uma
das polaridades, mas ser mulher ou homem depende tão somente da organização
física e desaparece quando ocorrida a morte. É exatamente a esse respeito que
trata a pergunta 202 de O Livro dos Espíritos, assim retratada: “Quando está na
erraticidade, o Espírito prefere encarnar no corpo de um homem ou de uma mulher?”
Resposta dos Orientadores : “ Isso pouco importa ao Espírito. Depende das
provas que deve suportar”.
A
posição inequívoca do Espiritismo a respeito da questão de gênero pode
contribuir e muito com as discussões que tentam radicalizar posições que trazem
mais malefícios do que benefícios ao projeto de convivência harmônica entre
homem e mulher, que de parte a parte deveriam entender que não somos
adversários na marcha de progresso a que o mundo aspira, mas complementares
tanto nas virtudes quanto nas lacunas que possuímos.
A
humanidade caminha seguramente para pôr a terra todo e qualquer preconceito e a
queda dos preconceitos é consequência direta da nossa capacidade de olhar para
o outro com o senso de respeito incondicional, independente de quaisquer diferenças
que marquem a condição do outro. Homens e mulheres são iguais em suas
diferenças, conquanto as diferenças sejam apenas biológicas e passageiras, ao
passo em que o que nos faz semelhantes são a origem e a destinação - seres
espirituais criados simples e ignorantes, fadados à evolução.
Independente
do sexo físico que carregamos na presente encarnação importa que exercitemos as
aptidões masculinas e femininas que todos possuímos, pois nenhuma instituição
sobrevive, de forma adequada, quando se fecha em qualquer das polaridades e
exclui a outra. O cultivo da masculinidade na mulher e da feminilidade no
homem, dosando-as, é um dos caminhos para tornar mais rápido o nosso
crescimento espiritual.
(*) editorial do programa Antena Espírita de 10.03.2013
(**) integrandte da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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