Pular para o conteúdo principal

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE I

Em março de 2019 iniciamos o nosso projeto de pesquisa de doutorado, no Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da PUC Minas, intitulado NA INTIMIDADE DO CORAÇÃO: a mística na vida e obra de Chico Xavier. Essa pesquisa pretende identificar se seria possível estabelecer, a partir da vida e da obra do famoso médium mineiro Chico Xavier, uma relação com as principais características de grandes místicos da história, identificando a presença de uma mística voltada para a prática do amor e da caridade, e se ela guarda influências que vão além do Espiritismo de Allan Kardec.

Embora, segundo relatos obtidos por pessoas de sua convivência, Chico Xavier não acreditasse na sua condição de místico, tentaremos provar tal hipótese, através de pesquisas bibliográficas, documentais e de entrevistas com pessoas que tiveram um contato pessoal com o médium mineiro. Essas entrevistas têm por fim dar voz a Chico Xavier, oferecendo-nos informações relevantes acerca de seus pensamentos e trazendo, sempre que possível, seus pontos de vista. Isso é importante, na medida que, na maioria das vezes, muito do que é atribuído como sua fala tem sido reportado como sendo as vozes dos espíritos através de sua psicografia.

Um dos registros históricos de cunho mais pessoal foi relatado na obra da médium e escritora mineira Suely Caldas Schubert intitulada Testemunhos de Chico Xavier (2010), na qual a autora entra em contato com a intimidade dele, trazendo a público as cartas pessoais que ele escrevia a Wantuil de Freitas, Presidente da Federação Espírita Brasileira na época. Essas cartas não eram as dos chamados espíritos, mas, sim, do cidadão Francisco Cândido Xavier, nas quais ele relatava suas lutas e dores na condução da missão espírita que assumiu para si mesmo. Dessa forma, em 17 de agosto de 2019, durante o 3° Congresso da Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte, com o fim de atender aos objetivos de nossa pesquisa, gravamos uma entrevista1 com Suely Caldas Schubert.

Nascida em um berço espírita, em 9 de dezembro 1939, em Carangola, Minas Gerais, ainda na sua infância, a escritora passou a residir em Juiz de Fora, no mesmo estado. Schubert é escritora, médium e consagrada oradora, e tem se dedicado, no decorrer de sua vida, especialmente ao estudo da mediunidade e à divulgação do Espiritismo. Foi uma das fundadoras da Sociedade Espírita Joana de Angelis, em Juiz de Fora, e, desde 1971, trabalha na Aliança Municipal Espírita daquela cidade, onde é Diretora do Departamento de assuntos de Mediunidade. É autora de dezessete livros, dos quais destacamos: Dimensões Espirituais do Centro Espírita (2012); Divaldo Franco: uma vida com os Espíritos (2006a); Obsessão/Desobsessão: Profilaxia e Terapêutica Espíritas (1999); Os Poderes da Mente (2010); O Semeador de Estrelas (1989); Testemunhos de Chico Xavier (2010) e Transtornos Mentais: uma leitura espírita (2006b).

 

A seguir, a entrevista com Suely Caldas Schubert:

 

1. Como a senhora conheceu Chico Xavier?

O meu conhecimento a respeito de Chico Xavier vem de muito antes de ir visitá-lo pela primeira vez. Sendo de família espírita, meu pai sempre esteve lendo e estudando, procurando ter um conhecimento maior da Doutrina, embora tenha feito somente até o terceiro ano primário. Mas ele era um leitor infatigável, e foi assim que tomei contato com os livros de Chico e outros mais da Doutrina.

Quando eu tinha 9 anos, eu comecei a ler os primeiros livros espíritas, que, no caso, foram alguns romances de um autor chamado Fernando do Ó. Preciso dizer que sou uma leitora compulsiva... Li todos os livros do meu pai, mesmo os não espíritas, coleções de vários autores. Minha vida é ler, depois, escrever.

E comecei lendo os romances, para depois começar a ler as obras doutrinárias, inclusive a própria Codificação e isso suscitou em mim – à medida que eu fui lendo, logo depois, a obra de André Luiz, Emmanuel – e, a partir daí, a vontade de conhecer o Chico. Eu tinha a impressão de que eu já o conhecia, que era alguma coisa assim muito familiar a mim, o que depois foi por ele confirmado. E então, no ano de 1960, resolvemos ir a Uberaba para o conhecer pessoalmente.

 

2. A senhora tinha quantos anos nessa época?

 

Eu estava com 21 anos. Eu já era casada já tinha uma filha, de poucos meses, casei-me aos 18 anos.

Antes eu vou contar o motivo pelo qual eu fui a Uberaba. Havia um motivo maior, eu já estava psicografando, porque a minha mediunidade despontou mesmo aos 16 anos de idade, quando comecei aplicar passes, no Centro Espírita Ivon Costa, de Juiz de Fora. Mais adiante, com 19 anos, já casada, sentindo presenças espirituais muito intensas, comecei a psicografar, em casa mesmo. Porque nós fazíamos o culto do lar, eu, o meu marido, meus pais, e nesse momento às vezes eu tinha vontade de escrever e comecei a psicografar, logo depois passamos a fazer uma reunião em nossa casa, e já com a filhinha de poucos meses, numa reuniãozinha pequena. Alguns Espíritos amigos escreviam, eram mensagens instrutivas. Posteriormente comecei a receber mensagens de um espírito que assinava o nome de Militão Pacheco. Eu não sabia quem era! Achei o nome muito estranho, mas assinava, porque a mensagem era muito boa!

Quando iniciei, as páginas psicografadas vinham com título, com conteúdo e com assinatura. Mas, Militão Pacheco, este chamou muito a minha atenção. Alguns dias depois, folheando um dos livros do meu pai com mensagens psicografadas por Chico Xavier, eu descobri uma de autoria de Militão Pacheco. Fiquei preocupada com aquilo, pois pensei que deveria ter lido tal livro e aquele nome teria ficado no meu subconsciente, por isso é que assinava Militão Pacheco... mas, vai ver que não é ele. São as dúvidas do médium iniciante, foi por isso que fomos a Uberaba.

Naquela época, Chico atendia na Comunhão Espírita Cristã de Uberaba, e sabendo disso fomos para lá. Mas combinamos que seríamos os últimos da fila, para poder ter um pouco mais tempo e não ficarmos naquela pressa de ter pessoas ainda para serem atendidas, o que faz com que a criatura comece a resumir muito a conversa, por isso ficamos por último.

Então, a poucos metros de distância do Chico, ele me olhou e disse: “Suely, minha filha, tanto tempo esperei que vocês viessem”, e muito surpresa e emocionada, mal conseguia andar, cheguei perto dele que me abraçou e disse: “Eu não sabia que vocês estavam aqui, nisto eu vi entrar o nosso doutor Militão Pacheco e abraçar uma pessoa, quando eu olhei, era você!” Meu Deus, eu já estava com todas as respostas! É, não precisava nem perguntar mais nada! Aí eu fiquei assim, perdi a fala. A gente nem consegue falar, né!

 

3. Perdeu a fala porque o Chico nunca tinha visto a senhora?

 

É, e eu nunca o tinha visto pessoalmente! É, então é um impacto aquela emoção!

E ele foi muito carinhoso também com o meu marido, foi uma coisa muito interessante. E daí em diante, ele começou a orientar a minha mediunidade. E que eu deveria mesmo psicografar diariamente e que, então, eu estava tendo uma proteção do doutor Militão Pacheco2, um médico homeopata que fez parte da Federação Espírita de São Paulo.

 

4. A senhora visitava o Chico regularmente? Como era? Quantas vezes esteve com ele até ele partir?

 

Olha, não era regularmente, porque logo depois, em 1960, eu tive o segundo filho. E com isso havia muita dificuldade de viajar, tínhamos dificuldades financeiras e isso também nos impedia. Nós fomos de ônibus para lá a primeira vez.

Fomos depois de carro também, nas outras oportunidades. Eu passava anos sem ir, mais de 2, 3 anos, porque não tinha condição. Porém, o Martins Peralva3, nosso amigo residente em Belo Horizonte, combinou comigo que quando Chico Xavier viesse de Uberaba para Pedro Leopoldo ele me avisaria ... porque como ele havia mudado há pouco tempo4, e estava indo e vindo para Pedro Leopoldo, para resolver problemas familiares, e muitas coisas, portanto...

 

5. Parece que ele tinha muitos problemas com a família, ele chegou a relatar alguma uma vez? Ele chegou a lhe falar desses problemas?

 

Não, não tínhamos esse tipo de conversa.

Foi quando o Martins Peralva falou comigo: “Quando ele vier a Pedro Leopoldo eu te aviso, para evitar de vocês irem a Uberaba, porque é muito longe e Pedro Leopoldo fica perto de Belo Horizonte.”

Na época que eu ia, havia muita aproximação e Chico me fez uma dedicatória (IMAGEM 1) que eu coloquei depois no meu livro Testemunhos de Chico Xavier, que até hoje me emociona, que até hoje me emociona, porque dá para notar o quanto havia de estima por parte dele, não é? Ele menciona isso.

A prezada irmã e distinta escritora Suely Caldas Schubert a cuja nobre inspiração e grande bondade passamos a dever os esclarecedores comentários que muito me sensibilizaram e instruíram nos textos deste livro, a homenagem do meu reconhecimento, rogando a Jesus continue a protegê-la e abençoá-la sempre em sua elevada missão de Paz e Amor, em nossa Seara de Luz.

Sempre reconhecidamente,

Chico Xavier

Uberaba, 27-3-87

Imagem 1

 

Notas:

1Entrevista concedida de acordo com o TCLE (Termo de Consentimento Livre Esclarecido) sob número de registro CEP: CAAE: (16654819.7.0000.5137).

2 Dr. Augusto Militão Pacheco (1866 - 1954) foi um médico homeopata e espírita com forte envolvimento na fundação da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP), já falecido à época relatada pela entrevistada.

3José Martins Peralva Sobrinho (1918 - 2007) foi escritor espírita e Presidente da União Espírita Mineira.

4 Chico Xavier mudou da cidade de Pedro Leopoldo para Uberaba em 1959, por questões de ordem familiar.

 

REFERÊNCIAS

EMMANUEL (Espírito). Há 2000 anos... Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 29. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996.

EMMANUEL (Espírito). Paulo e Estevão. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 45. ed. Brasília: FEB, 2020.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 91 ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2008.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. Brasília: FEB, 2013.

SCHUBERT, Suely Caldas. O semeador de estrelas. Salvador: Livraria Espírita Alvorada, 1989.

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunho de Chico Xavier. 4. ed. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2010.

SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/Desobsessão: Profilaxia e Terapêutica Espíritas. 13. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1999.

SCHUBERT, Suely Caldas. Divaldo Franco: uma vida com os Espíritos. Salvador: Leal, 2006a.

SCHUBERT, Suely Caldas. Transtornos Mentais: uma leitura Espírita. Belo Horizonte: Minas Editora, 2006b.

SCHUBERT, Suely Caldas. Os poderes da mente. 3. ed. São Paulo: EBM Editora, 2010.

SCHUBERT, Suely Caldas. Dimensões espirituais do Centro Espírita. 2. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2012.

SOUTO MAIOR, Marcel. As vidas de Chico Xavier. São Paulo: Planeta, 2003.

XAVIER, Francisco Cândido. Chico Xavier no Pinga Fogo. São Paulo: Edicel, 1984.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ALLAN KARDEC E A DOUTRINA ESPÍRITA

  Por Doris Gandres Deolindo Amorim, ilustre espírita, profundo estudioso e divulgador da Codificação Espírita, fundador do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, em dado momento, em seu livro Allan Kardec (1), pergunta qual o objetivo do estudo de uma biografia do codificador, ao que responde: “Naturalmente um objetivo didático: tirar a lição de que necessitamos aprender com ele, através de sua vida e de sua obra, aplicando essa lição às diversas circunstâncias da vida”.

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

PUREZA ENGESSADA

  Por Marcelo Teixeira Era o ano de 2010, a Cia. de teatro da qual Luís Estêvão faz parte iria apresentar, na capital de seu Estado, uma peça teatral que estava sendo muito elogiada. Várias cidades de dois Estados já haviam assistido e aplaudido a comovente história de perdão e redenção à luz dos ensinamentos espíritas. A peça estreara dez anos antes. Desde então, teatros lotados. Gente espírita e não espírita aplaudindo e se emocionando. E com a aprovação de gente conhecida no movimento espírita! Pessoas com anos de estrada que, inclusive, deram depoimento elogiando o trabalho da Cia. teatral.

09.10 - O AUTO-DE-FÉ E A REENCARNAÇÃO DO BISPO DE BARCELONA¹ (REPOSTAGEM)

            Por Jorge Luiz     “Espíritas de todos os países! Não esqueçais esta data: 9 de outubro de 1861; será marcada nos fastos do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa, e não de luto, porque é a garantia de vosso próximo triunfo!”  (Allan Kardec)                    Cento e sessenta e quatro anos passados do Auto-de-Fé de Barcelona, um dos últimos atos do Santo Ofício, na Espanha.             O episódio culminou com a apreensão e queima de 300 volumes e brochuras sobre o Espiritismo - enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurice Lachâtre - por ordem do bispo de Barcelona, D. Antonio Parlau y Termens, que assim sentenciou: “A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outr...

A CULPA É DA JUVENTUDE?

    Por Ana Cláudia Laurindo Para os jovens deste tempo as expectativas de sucesso individual são consideradas remotas, mas não são para todos os jovens. A camada privilegiada segue assessorada por benefícios familiares, de nome, de casta, de herança política mantenedora de antigos ricos e geradora de novos ricos, no Brasil.

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.

O MOVIMENTO ESPÍRITA MUNDIAL É HOJE MAIS AMPLO E COMPLEXO, MAS NÃO É UM MUNDO CAÓTICO DE UMA DOUTRINA DESPEDAÇADA*

    Por Wilson Garcia Vivemos, sem dúvida, a fase do aperfeiçoamento do Espiritismo. Após sua aurora no século XIX e do esforço de sistematização realizado por Allan Kardec, coube às gerações seguintes não apenas preservar a herança recebida, mas também ampliá-la, revendo equívocos e incorporando novos horizontes de reflexão. Nosso tempo é marcado pela aceleração do conhecimento humano e pela expansão dos meios de comunicação. Nesse cenário, o Espiritismo encontra uma dupla tarefa: de um lado, retornar às fontes genuínas do pensamento kardequiano, revendo interpretações imprecisas e sedimentações religiosas que se afastaram de seu caráter filosófico-científico; de outro, abrir-se à interlocução com as descobertas contemporâneas da ciência e com os debates atuais da filosofia e da espiritualidade, como o fez com as fontes que geraram as obras clássicas do espiritismo, no pós-Kardec.

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.