Pular para o conteúdo principal

PRA NÃO DIZER QUE FALEI DA DORES


              
              

               O que são as dores? Conceitualmente são um conjunto de sensações físicas, emocionais ou psicológicas que produz incômodo e sofrimento. Podem ter o caráter agudo, daí passageiro, ou crônico se permanecem por muito tempo e classificadas em contínuas, cujo nome já define ou intermitentes quando tem períodos de analgesia.
            O poder que exercem na rotina do mundo é incalculável, tanto quanto a compreensão de sua intensidade em quaisquer circunstâncias que se apresentem. Impossível delimitar quem é mais ou menos sensível aos seus chamados, pois há uma série de fatores que implicam nessa sensibilidade. Não dá para dizer que esse ou aquele é mais “duro” ou “mole” para a dor, pois essa medida é completamente inabordável pelas condições neurofisiológicas, emocionais e espirituais envolvidas em seu processo e desencadeamento. 

            Chamadas de provação, expiação, resgate, castigo, oportunidade. Alcançam desde os mais complexos psiquismos, representados pelos seres humanos, estão presentes entre os animais e a Botânica já esclarece quanto sua presença no mundo vegetal. Alteradas pelo livre arbítrio independem dele para existir, pois é muito provável que animais e plantas não detenham liberdade de escolha e ainda assim sentem dores. Essa concepção remete para o papel de instrumento essencial de evolução em todos os Reinos da Natureza que desempenha. 
            As dores são um dos maiores desafios para a Ciência Biológica e Psicológica e também dominam a cena quando tratamos de questões de natureza espiritual. O drama das dores físicas, apesar de muitas vezes implacáveis, não sobrepujam à importância daquelas que alcançam o silêncio da alma, as quais são menos compreendidas por faltarem elementos físicos que as justifique incluídas aquelas que envolvem os vícios, as emoções e os medos. 
            Filosoficamente pode ser vista como embrião do processo de iluminação que alcança os Espíritos que alcançaram graus especiais do controle das próprias expectativas e que alçaram à humanidade a generosidade dos seus propósitos elevados. A espiral evolutiva da dor aponta para um sentimento de empatia, que torna possível querer ver pelos olhos daquele que se encontra ao lado e sofre as fragilidades que é possível vermos presente em nosso psiquismo, num esforço de compreender-lhes as dificuldades. É o sentimento de empatia que empurra a nossa necessidade de dor para o patamar de precisarmos caminhar para o Amor, exatamente o eco evolutivo da dor, seu correspondente de luz e transcendência.
            A dor não cessa como se caísse no nada, ela simplesmente metamorfoseia em Amor, é a sua semente, cuja árvore robusta que produz consegue albergar todas as consciências do Cosmo sob a proteção acolhedora da conspiração universal, a síntese da lógica divina. Paridos pela dor atingimos pela excelência do amor a estrada que encaminha, “do átomo ao arcanjo”, todos os seres à sintonia que nos tornará, paulatina e demoradamente, detentores da harmonia conquistada pelas eternidades relativas dos espaços infinitos.   
            Essa é uma homenagem a todos os homens e mulheres que suavizam a vida de seus semelhantes doando de si para que a dor do outro se torne suportável e superável, tantas vezes relativizando as próprias dores.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.