sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

RELIGIÃO SEM ESPIRITUALIDADE É O CAOS


          



          Basta uma busca nos Evangelhos que foram escritos com os relatos da passagem de Jesus sobre a Terra (tanto os oficiais e em especial os ditos apócrifos) para ampliarmos a compreensão entre ver e saber ver, ouvir e saber ouvir. É reconhecido por qualquer estudioso das Religiões que aqueles que lhes deram razão de existir, como Jesus, Budha e Krishna foram muito maiores do que aqueles que tornaram os seus conhecimentos em doutrinas. Da revelação daqueles à formatação dos seus seguidores muitos esquemas e arrumações políticas destoaram das mensagens originais.

          A pior das desarmonias expostas pelas religiões estabelecidas tem sido julgar que é possível viver-se religiosamente sem a presença da espiritualização. Todas as grandes catástrofes testemunhadas pela humanidade que envolveram as religiões constituídas se deram exatamente por esse viés. Não é diferente na atualidade. E a explicação não é de difícil compreensão, apesar da solução para o problema ser de extrema complexidade. A imperfeição do julgamento humano e a precariedade dos valores morais dos líderes religiosos levam a uma interpretação equivocadas a respeito dos ensinamentos daqueles ícones que dizem seguir. Como mudar essa realidade é assunto para discussão dos próximos séculos.
          Sempre que virmos o binômio “Religião sem Espiritualidade” é certo que vai haver perseguições, distorções, extorsões, politização espúria, violência santificada, violação de direitos, especialmente se o poder religioso encontra espaço para parasitar o Estado. Essa concepção destrói os valores morais estabelecidos pelos Mestres do Pensamento e, sob a retórica de salvar a família, a propriedade e a tradição, simplesmente joga nas trevas da escravidão aqueles que não se deixam aliciar, como se fossem subversores de uma nova ordem que se intenta impor pela coerção.
          Enquanto isso o ícone do Cristianismo, de braços abertos conclama o “vinde a mim os aflitos e sobrecarregados”, numa alusão absolutamente espiritual, não necessariamente religioso, que garante uma visão que contextualiza o mais puro desejo de aliviar, atender e tornar a sua mensagem um libelo universal, sem distinções quaisquer de credos ou crenças.
          A Doutrina Espírita desde a sua publicação em abril/1857, ao basear a sua disposição ética e moral de revelar Jesus como o seu grande timoneiro trouxe à compreensão dos novos cristãos a renovação da mensagem do Mestre. Propugna a Justiça e a Paz como os elementos básicos para a implementação do Reino de Deus na Terra, com a lógica raciocinada de que tal objetivo há de ser perseguido com os olhos abertos e os ouvidos atentos para que não nos tornemos cegos e surdos aos descaminhos que nos lançam à prática religiosa órfã de espiritualidade.
          Religião só enobrece se dotada de espiritualidade.  Cuidemos atentamente para que a sociedade seja a nossa cidadela de ação cristã, não apenas as instituições que se frequenta, a fim de que a posição que adotamos diante do mundo faça valer o esforço de Jesus que, antes de tudo, veio restabelecer a fraternidade e o respeito entre todas as pessoas, com as quais festejou e publicou, na qualidade de irmão mais velho, a condição de Filhos de Deus.

2 comentários:

  1. Concordo plenamente,infelizmente a religião passou a ser entendida como um “bem”, algo que possui “valor” no sentido pecuniário,e isso é um dos maiores entraves para que a espiritualização de faça presente,pois com o interesse material ocorre a exacerbação de vícios morais como a cobiça,a inveja,o interesse egoista.

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    1. Igualmente se destaque que a falta de espiritualização transforme o religioso em um CEGO. Como se viu nas Cruzadas e Inquisição e como se vê agora, quando OBRAS SACRAS são confundidas com símbolos religiosos. Tudo isso sinal de religião sem Espiritualidade. Roberto Caldas

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