A mensagem espírita caminha na
mesma estrada de todas as filosofias que ensinam o a espiritualidade em
associação com a liberdade do pensamento. Entre os seus pressupostos esclarece
que somos Espíritos que trilham caminhos independentes, apesar das vinculações
que geramos à medida que os relacionamentos acontecem. Zela pelos laços de família
e as amizades esculpidas pelas afinidades espontâneas, mas faz compreender que
os laços que nos une não é restrito parentesco consanguíneo e que podemos em
cada encarnação modificar o papel que desempenhamos no concerto familiar e
social. Espiritualmente não somos pais ou filhos ou irmãos ou primos ou tios ou
sobrinhos ou esposo ou esposa, nem chefes ou subalternos ou diretores ou
gerentes. Todas essas condições mudam a cada encarnação, de forma que as
disposições familiares ou sociais são completamente passageiras consideradas as
nossas idas e vindas ao corpo físico.
O conhecimento espírita
esclarece quanto aos cuidados que devemos ter com os papéis desempenhados nos
diversos retornos à existência corporal mostrando claramente que a evolução é
uma decisão individual, isentando as pessoas que completam o nosso cenário de
convivência humana de qualquer responsabilidade sobre as opções que a nossa
existência nos exige, exceto nos períodos em que a educação e a autoridade dos
pais deve se expressar para manter a sanidade dos filhos ainda menores de
idade.
Assim sendo a Doutrina Espírita
defende a liberdade de consciência como o maior bem em posse do ser encarnado.
Esse tema foi auscultado por Allan Kardec na questão 837 de O Livro dos
Espíritos (Qual o resultado dos
obstáculos postos à liberdade de consciência?) cuja resposta não deixa
dúvidas quanto à lucidez dos Espíritos Superiores a respeito de tão atual e
importante discussão: “– Constranger os homens a agir de modo diferente do que
pensam, torná-los hipócritas. A liberdade de consciência é uma das
características da verdadeira civilização e do progresso.”
Cabe
ao espírita, munido desse instrumento que é a Doutrina Espírita, o aprendizado
da convivência plural que nos permita fugir da intolerância ao direito de
opinião e de crença por parte das pessoas que povoam o nosso universo de
relações, qualquer que seja o status social que ocupem essas pessoas, posto que
o status é condição passageira e o saber do outro tem minúcias que fogem a
nossa capacidade de interpretação. Compete aos que pensam com liberdade
lamentar a intolerância daqueles que se julgam ungidos e eleitos baseados que
se encontram em crenças que lhes conferem o direito de arbitrar sobre as
crenças alheias como se fossem inferiores as suas. Lamentar e manter a sua
postura decididamente livre.
O
conhecimento espírita é uma estrada iluminada que permite a todos que a
percorram a possibilidade de tornar a jornada uma bela caminhada de
enriquecimento em busca do autoconhecimento, a maior das riquezas a ser
aspirada. Segundo Thoreau “o homem é rico na mesma proporção do número de
coisas que pode dar-se ao luxo de abandonar”. Abandonemos a postura de
intolerância dando ampla repercussão à necessidade existencial de abrirmos
espaço para a liberdade plena de consciência. Com essa atitude estaremos nos
tornando mais ricos pela abertura de recebermos do outro uma experiência que
jamais teríamos sozinhos. O respeito à diversidade é uma das maiores riquezas
espirituais.
Editorial do programa Antena Espírita de 20.05.2018.
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