quinta-feira, 26 de maio de 2016

E POR FALAR EM QUEBRA DE DECORO...¹


     Especialistas da língua portuguesa, em importante momento da vida nacional, vêm em nosso auxílio para esclarecer que o termo “DECORO”, quando aplicado em uma frase na função de SUBSTANTIVO corresponde a decência, vergonha, dignidade.
         Esses valores que expressam claramente a sua significação são largamente conhecidos e prescindem de dicionário até mesmo ao menos letrado. Aliás, o menos letrado compreende muitas vezes mais profundamente tais conceitos que muitos doutorados das grandes academias, porque na simplicidade de sua vida aprendeu que o caráter de uma pessoa é o seu maior patrimônio em seguida ao existir.

          A criança só cresce de forma saudável se o seu aprendizado for alicerçado na confiança, uma vez que a sua fragilidade exige exemplos e sustentação para que a sua formação se consolide. Também o adolescente e o adulto, em suas especificidades etárias, são reféns da autoridade da palavra a fim de concretizarem as suas plataformas de decisões. Sem confiar não há como se desenvolver qualquer engrenagem de natureza coletiva, pois quando a condição de honestidade é posta em dúvida, nada mais pode ser considerado viável, seja lá de que ordem for. A honestidade de princípios é exigência absoluta para a fabricação de qualquer projeto, desde os mais simples ao mais sofisticado e complexo.
           
          Jesus chamou a isso de Verdade e vaticinou que apenas esse expediente, uma vez conhecida e reconhecida nos levaria ao que chamou de salvação. Ora se apenas a Verdade, com todas essas significações correlatas é caminho para uma meta salvadora, o que dizer de suas contraditas, entre elas a “falta de decoro”? Fatalmente não há ordem nem progresso onde a verdade é condição escondida abaixo dos tapetes vermelhos de vergonha pela desfaçatez e a truculência.

            Nada há que sustente investidas de mudança, em qualquer nível de realização, que deixem de se respaldar, independente de justificativas e artifícios, na mais límpida fonte da honestidade, sinônimo de verdade no vocabulário de Jesus. Desejos, ensejos, planos, projetos, proposições e práticas que se afastem dessa norma hão de sucumbir como os castelos de areia diante da maré por mais plácida, porque lhes faltam o maior dos alicerces, a dignidade, sabendo-se que o comprometimento com o futuro exige essa solda fundamental para a manutenção da construção pretendida. 

            Ganhar o mundo ou perder a alma é a balança que Jesus (Marcos VIII; 16) coloca a nossa disposição quando estivermos diante da hesitação sobre qual destinação escolher, quando a opção envolva ética, cujo desafio seja manter os princípios da honestidade. O Cristal da confiança é tesouro que mantém a pessoa em conexão com a sua imagem interior. Deve ser triste a qualquer um, poder disfarçar e parecer altaneiro diante dos outros enquanto não consegue se confessar a si mesmo, despedaçada a sua auto-imagem.

            Nada casual que em O Livro dos Espíritos (q.918 - IV Caracteres do Homem de Bem) não há referências a credos ou status para definir o Homem de Bem, senão a sentença de que se colocam nessa classe aqueles que cumprem as leis de Deus... e nada mais.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 22/05/2016.
(*) escritor espírita, editorialista do programa radiofônico Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

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