sábado, 27 de setembro de 2014

REENCARNAÇÃO E O MUNDO DE REGENERAÇÃO



“Não te maravilhes de eu te dizer:
É-vos necessário nascer de novo.”
(Jesus, Jo:3:7)



Por Jorge Luiz (*)




            As evidências científicas alcançadas nas últimas décadas, no que diz respeito à reencarnação, já são suficientes para atestá-la como lei natural. O dogmatismo de cientistas materialistas vem sendo o grande óbice para a validação desse paradigma.
            Indubitavelmente, o mundo de regeneração, como didaticamente classificou Allan Kardec o estágio para as transformações esperadas na Terra, exigirá novas crenças e valores para a Humanidade, radicalmente diferenciada das existentes e que somente a reencarnação poderá ofertar, em face da explosiva diversidade e complexidade da sociedade do mundo inteiro.
            O professor, filósofo, jornalista, escritor espírita, J. Herculano Pires, em sua magistral obra O Espírito e o Tempo, assim se pronuncia sobre a questão:

“A axiologia (1) espírita não é antropológica. Sua escala de valores não funciona em relação ao homem, mas à realidade universal.”
           
            Kardec, na questão nº 100 de O Livro dos Espíritos, elabora de forma também didática a escala espírita, considerando o grau de desenvolvimento, as qualidades morais adquiridas e as imperfeições ainda não superadas dos Espíritos. São três categorias principais, contemplando dez classes.
            O processo dialógico resultante do meio, admitida a reencarnação como lei biológica, promoverá uma revolução conceitual, estrutural e ética daquilo que hoje se classifica como ordem social, estabelecendo a moral cristã que o mundo de regeneração exige.


            A vida
            Partindo-se da pré-existência do Espírito, o Espiritismo é preciso na conceituação da vida desde o momento da fecundação. São desmascaradas todas as conjecturas do direito do Ser em fase embrionária, já que herdeiro de experiências transatas guarda em si a individualidade, promovente das características físicas em constituição. Desse modo, aborto, eutanásia e pena de morte deixam de ser temas polêmicos na sociedade.
            Por sua vez a clonagem, a partir das técnicas de células-tronco de embriões, fundamenta-se acompanhando a mesma lógica do aborto, em decorrência da influência do Ser reencarnante em toda a sua constituição extrafísica.

            A morte
            Reconceituando a vida, necessariamente a morte assume nova feição. O Espiritismo assume de vez para a Humanidade, a condição de Consolador Prometido”, afirmada por Jesus. A morte perde a sua dramaticidade e assume a sua condição de fenômeno natural na trajetória evolutiva do Espírito. Não mais o sofrimento da “perda”, mas a saudade amparada na certeza da imortalidade e na esperança do reencontro no porvir. A vida espírita é estuante, como explicam os Espíritos Reveladores no Capítulo VI, do Livro II, de O Livro dos Espíritos – Vida Espírita , e traz luz a temas como eutanásia, morte assistida, aborto e morte cerebral.
            O intercâmbio entre os dois mundos será objeto de validação científica, já em germe nas pesquisas da Transcomunicação Instrumental – TCI, referendando as leis universais que regem a continuidade da vida em todas as suas expressões.

            Educação
            “Aprender é recordar”, como no Mênon de Platão, em que a anamnese (2) é a tônica do aprendizado, afloram os conhecimentos adquiridos em vidas passadas. A educação centrada em virtudes dará mais importância às condições morais e espirituais do indivíduo, considerando que essas características são prevalecentes para nova ordem social-espiritual no mundo de regeneração. A massificação do processo educacional do individual desaparecerá para serem priorizadas as tendências naturais do educando, consistindo na arte de formar caracteres, já que a educação do Espírito é adquirida pelo conjunto de hábitos, como bem elabora Allan Kardec na questão nº 685 “a”, de O Livro dos Espíritos.
            A reencarnação tem na tolerância sua virtude por excelência, uma vez que explica racionalmente a diversidade humana. Kardec a insere juntamente com o trabalho e a solidariedade em sua bandeira.
            Os ambientes escolar e familiar são espaços privilegiados para o cultivo da tolerância, favorecendo a construção e o desenvolvimento das personalidades individuais, das descobertas, do respeito pelo outro, que embora ocupe espaço, tenha direitos e deveres, como eu, mas, em sua essência, é diferente de mim. Por isso e em função disso, Jesus ensinou: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”.
             Voltaire (1694-1778), escritor, ensaísta, filósofo iluminista francês, assim se expressa: “O que é tolerância? É o apanágio da humanidade. Somos todos feitos de fraquezas e de erros, perdoemo-nos reciprocamente nossas tolices, é esta a primeira lei da natureza.”
            A educação para a morte, que não deixa de ser educação para a vida, estará obrigatoriamente na grade curricular das instituições de ensino.         

            Saúde
            Allan Kardec considera que o reconhecimento do perispírito, como modelador do corpo físico, estando nele gravadas todas as tendências boas ou más trazidas de outras existências, a ciência encontrará a cura de inúmeras patologias de ordem física e psicológica. É necessária, portanto, uma medicina proativa, centrada no equilíbrio da mente e do corpo, com resultante dos quesitos morais do indivíduo, determinantes para a saúde integral, exigências das existências futuras. A hierarquia fisiopatológica passará a ter uma relação entre causa e efeito, exigindo a adequação de novas técnicas terapêuticas, agora centradas nas relações éticas dos indivíduos, valorizando os conceitos holísticos do homem.
            A sexualidade será enobrecida com a benção da reencarnação, luarizada pelas expressões sublimes do amor.

            A paz
            Dr. Ian Stevenson (1918-2007), cientista e professor de Psiquiatria da Universidade de Virgínia, fundador da moderna ciência da pesquisa sobre a reencarnação, em entrevista a Tom Shroder, jornalista e redator do jornal The Washington Post, que resultou na edição do livro Almas Antigas, afirmou que a sua determinação em comprovar cientificamente a reencarnação, era de que, através dela, o homem alcançará a paz no mundo. Stevenson era convicto que ao se eliminar o medo da morte, o mundo conseguiria um equilíbrio maior, não havendo mais motivos para a guerra. Ele conseguiu isso, coletando testemunho de crianças, com idades entre 2 e 4 anos, que têm lembranças nítidas de vivências pretéritas. Em boa parte desses casos, Stevenson associou marcas de nascença que se relacionam com ferimentos em vidas passadas.

            O Espiritismo, no seu tríplice aspecto – ciência, filosofia e moral –, não só vem atualizando as religiões, mas também as ciências, pela comprovação da imortalidade da alma, tendo no Espírito, ser circunscrito, centelha divina e viajor na esteira do tempo através das experiências múltiplas, a Verdade que liberta, propiciando à Humanidade regenerada as possibilidades de progresso em todas as dimensões da vida física e espiritual.

(1)      padrão dominante de valores em determinada sociedade.
(2)      do grego ana (trazer) + mnesis (memória);


(*) blogueiro e expositor espírita.

Referências
IANDOLI JR, Décio. Reencarnação como lei biológica. São Paulo: Fé, 2005.
KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. São Paulo: Lake, 2004.
PIRES, J. Herculano. O Espírito e o tempo. Sobradinho: Edicel, 2001.
SHRODER, Tom. Almas antigas. Rio de Janeiro: Sextante, 2001.


           


4 comentários:

  1. Indubitavelmente a Reencarnação é instrumento de ampliação da vida instalando na percepção dos seres a real dimensão do significado da vida. Parabéns amigo Jorge Luiz pela forma das ideias, quando crescer quero escrever desse jeito. Roberto Caldas

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  2. Caro amigo!
    Exagerado! Exagerado! (rs)
    Valeu!
    Abração!

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  3. Vou imitar o Roberto Caldas, deixe ver só quando eu crescer! Muito bom Jorge, continue pesquisando e escrevendo, você tem futuro rapaz! Parabéns! Francisco Castro

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  4. Progresso é isso.
    Parabéns pelas jóias deixadas aqui. São presentes suas inspirações de luz.
    Obrigado!

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