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ESPIRITISMO E ECOLOGIA

 


Decididamente há regras na Natureza. Por mais que se possam pretender as driblar é impossível anulá-las. Afinal uma infinidade de processos precede a existência das civilizações. Curioso que as constatações da Ciência têm a virtude de demonstrar que muitas teorias aceitas no passado acerca dos ciclos naturais estavam equivocadas, numa perspectivas de que os avanços do futuro certamente comprovem que estamos enganados no presente momento. O erro não está na Natureza, sim nas percepções da Ciência.

            Os fatos estão postos sem mistérios, mas as respostas parecem estar invisíveis aos nossos olhos. A sociedade humana sofre de uma cegueira que a impede de avançar na direção de compreender que a Terra é um presente, daqueles que vêm embrulhados com um grande laço e uma dedicatória saída graficamente das mãos de Deus.

            Difícil entender porque foi deixada para trás a sintonia instintiva, cujo embrião ainda é possível ver manifestado na leveza dos atos produzidos por uma criança em seus primeiros aprendizados. Parece que à medida que se desenvolve como grupo social, a humanidade se distancia de forma perigosa da fonte que contém a seiva que lhe alimenta a vida. Provavelmente tomada que é pela mística da competição e da posse. 

            A equação natural parece simples. Semente gera semente. Caule, flor e fruto são os caminhos para a consecução do destino inexorável. A árvore provém da semente com o claro objetivo de semear; essa a sua maior arte e finalidade.

            Inegável que a condição humana tem especialidades que tornam mais complexa a compreensão do ciclo que lhe cabe cumprir. A aquisição de padrões superiores de leitura dos condicionantes naturais, em especial por não perceber o quanto é influenciado por eles, confere ao ente humano a enganosa percepção de estar destacado da Natureza, sem a devida aceitação de que é parte integrante da mesma e por isso passivo de sofrer os ônus do desrespeito que venha a operar em sua direção.

            A flora e a fauna planetária não se encontram dispostas apenas como paisagem para entretenimento e usufruto destruidor. Há mais associações do que se possa presumir da relação direta entre a preservação desses seres naturais e o grau da qualidade de vida que o gênero humano tenha por alcançar.

Concluo com texto de Allan Kardec em A Gênese (Cap. VII – Esboço geológico da Terra):” Uma vez restabelecido o equilíbrio na superfície do planeta, prontamente a vida vegetal e animal retomou o seu curso. Consolidado, o solo assumiu uma colocação mais estável; o ar, purificado, se tornara apropriado a órgãos mais delicados. O Sol, brilhando em todo o seu esplendor através de uma atmosfera límpida, difundia, com a luz, um calor menos sufocante e mais vivificador do que o da fornalha interna. A Terra se povoava de animais menos ferozes e mais sociáveis; mais suculentos, os vegetais proporcionavam alimentação menos grosseira; tudo, enfim, se achava preparado no planeta para o novo hóspede que o viria habitar. Apareceu então o homem, último ser da criação, aquele cuja inteligência concorreria, dali em diante, para o progresso geral, progredindo ele próprio.”  Cuidemos da Natureza.

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