segunda-feira, 18 de maio de 2020

REENCONTRO



Sertão queimado por longa seca impiedosa,
É já noite, à beira de míngua água restante,
Nem parece que a brisa, tão deliciosa,
Sucedera, ainda há pouco, ao sol causticante.

Céu de estrelas... infinitamente azul...
Lá, bem longe, a Dalva a acenar com alegria,
No mesmo lugar, brilha o Cruzeiro do Sul,
Juntas, ainda, a me velarem as Três Marias...


O "Ouvir Estrelas" de Bilac é verdade!
Cantam da saudosa infância as doces lembranças:
O conforto dos pais, os irmãos, a felicidade...
Num acalentar de já vividas esperanças.

Surpreendente, lá no longínquo horizonte,
Por luz sanguínea e imensa, arrebenta o luar!...
Celebra o tetéu frenético em voos rasantes;
No solo, o chocalho de vaca a ruminar...

No céu - formosa - a Via Láctea a cintilar;
Na terra, a claridade santa em profusão;
Em tudo, a suprema paz ao alcance do olhar;
Dentro de mim, sem mais caber, tanta emoção...

Tudo é tão belo, grandioso, encantador...
Sistemática expressividade do céu,
Manifesta abundância do Divino Amor,
Que banha os miseráveis com luzes, ao léu...

Detenho-me, enfim, estupefato a pensar...
Vêm imagens dos mais sublimes sonhos meus...
Enquanto ouço a divinal "Sonata ao Luar",
E, extasiado, flutuo... sinto...e vejo Deus!...

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