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CORPO - FERRAMENTA DE EVOLUÇÃO


          

 
          As informações emanadas da Doutrina Espírita propõem que cuidemos de forma mais adequada da saúde física. É fato que o pensamento religioso tradicional intentou, por longos séculos, minimizar a importância do organismo na conquista das aquisições da alma, como se fosse possível alcançar alguma meta de espiritual negando o corpo com todas as suas funções e necessidades. O corpo, nesse contexto, devia sofrer toda a negação possível e havia quem orientasse infligir-lhe sofrimentos voluntários, caso se objetivasse fruir de condição espiritual especial.

          A Doutrina Espírita alça o corpo físico ao patamar de instrumento de purificação. Ensina que é importante cuidar com zelo atento aos reclamos das funções corporais orientando quanto aos cometimentos que podem levar à geração de patologias que afetam de forma profunda a própria vida do Espírito até mesmo depois de transcorrido o desencarne. A nossa primeira obrigação enquanto individualidade encarnada é cuidar da cidadela orgânica que nos permite a existência. Imprudências na esfera da atenção à casa da vida corporal são passivas de dificultar a caminhada em busca dos nossos objetivos espirituais e limitam a execução de planos reencarnatórios com repercussões no progresso a ser alcançado em nossa busca evolucional.
          Essa questão foi abordada em O Livro dos Espíritos, em sua 2da parte – Retorno à Vida Corporal – capítulo 7. Na questão 369, Allan Kardec pergunta: “O livre exercício das faculdades da alma está subordinado ao desenvolvimento dos órgãos?” Ao que respondem os Espíritos que orientaram a Codificação: “Os órgãos são os instrumentos da manifestação das faculdades da alma; essa manifestação depende do desenvolvimento e grau de perfeição desses mesmos órgãos, como a boa qualidade de um trabalho depende da boa qualidade da ferramenta”.
          É fundamental que tenhamos em mente o quanto precisamos preservar a saúde do corpo físico, enquanto aprendemos a melhor forma de preservar o equilíbrio espiritual frente aos desafios das forças orgânicas que estabelecem o grande espetáculo bioquímico que permeia as demandas emocionais, que nos caracteriza a atitude, quando atingidos em nossas fraquezas de cada dia. 
          O aprendizado de cuidar do corpo há de nos impor, aos poucos, a possibilidade de conseguirmos estabelecer uma forma de dominar a intemperança diante do insulto, a agressividade em resposta ao comportamento de descaso do outro, a serenidade diante dos momentos mais complicados, as escapadelas de alegria apesar do ambiente pesado em torno. A conquista que consigamos obter diante das tempestades de hormônios e enzimas que nos alcançam, sempre que nos vemos em situação de dor e perigo, é um passaporte para a renovação do Espírito Encarnado. A capacidade de entender a mensagem do corpo e ainda assim conseguir que ele seja inundado pelas nossas forças espirituais é o caminho para o autoconhecimento, única condição que leva à evolução pretendida. 

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