Pular para o conteúdo principal

AO PROFESSOR HIPOLLYTE KARDEC¹



            


            Professor é aquele que PROFESSA, ou seja, ensina, educa, pratica e exerce. Alguém que retira de si e da Natureza os ensinamentos com os quais vai auxiliar na promoção de nova condição àquele que é alvo de sua ação. Instituição da mais alta envergadura pode ser considerada o ápice entre todas as demais atividades porque a formação discipular não haveria por razões óbvias de faltar quem ensinasse. Essa a principal razão pela qual sofre ataques mortais sempre que o poder imperial intenta desqualificar um povo com a finalidade de mantê-lo incauto e fragilizado, através de cortes em orçamento na educação formal.

            É da dignidade e postura do professor que emergem classes inteiras que alavancam o progresso e a sociedade humana amplia as suas conquistas de forma a tornar a existência um aquário de diversidades, onde beleza e produtividade podem formar alianças. O impedimento que tal suceda com a velocidade esperada é que além da palavra é fundamental que haja a intenção. Ensinar requer renúncia, o que por si exige que o conteúdo praticado esteja despido de finalidades pessoais e tenha em alta monta a essência do ensino para a própria experiência.
            Tais conceitos trazem à memória aquele homem nascido em 03/10/1804, cujo nascimento grafou o nome de Hippolyte Leon Denizard Rivail e a história imortalizou com o pseudônimo de Allan Kardec, exatamente o professor Hippolyte Kardec, se a improvisação permitir. Até chegar a proferir a sentença: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a Lei”, o nosso professor precisou transformar toda a sua vida que, diga-se de passagem ia muito bem, fosse no aspecto acadêmico (agraciado e reconhecido pelo mundo da ciência do ensino) ou no aspecto financeiro (tinha vida confortável e abundante) ou ainda pelo reconhecimento popular (mantinha escolas gratuitas em Paris).
O contato com os fenômenos das mesas girantes mudou a sua vida. Primeiro foi aprender com os melhores (Espírito da Verdade, Sócrates, São Luís, Santo Agostinho e outros). Depois de devidamente transformado identificou naqueles ensinamentos algo muito mais valioso para ensinar às pessoas, apesar de amar muito aquilo que fazia anteriormente. Parou a sua ação acadêmica. Mudou o nome. Gastou as suas economias para que o mundo pudesse alcançar a compreensão do mundo espiritual. Dedicou os seus últimos 19 anos para trazer de volta a mensagem de Jesus sob a roupagem do Espiritismo.
            A sua pedagogia do mundo espiritual ensinadas com a coragem e honestidade que lhe caracterizaram em todas as suas ações humanas nos alçaram ao mundo novo que abriu as portas da ciência, filosofia e religião como instrumentos para a evolução humana. Foram necessários dezoito séculos para que se comprovasse a intemporalidade da mística mensagem de Jesus e mais 150 anos para que se entendesse a profundidade da Doutrina Espírita no mundo moderno, mas a sua travessia em mar revolto, cujas ondas do materialismo e do dogmatismo se entrechocavam, certamente trouxe a luz que brilha acima de nossas cabeças. Aquela mesma luz que o mestre aconselhava pairar acima do alqueire.    
            Professor Hippolyte Kardec, Allan Kardec, Hippolyte Rivail, seja lá como o quiserem chamar. Muito obrigado.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 15.,10.2017



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.