terça-feira, 31 de maio de 2016

A ALQUIMIA DA MUDANÇA¹



            O MUNDO EXIGE MUDANÇAS. As pessoas se encontram em rota de colisão num ritmo em que todas as propensões, desde as mais embrutecidas até as mais elevadas, dividem o mesmo espaço de criação. Barbárie se mistura com o senso de defesa da vida e gera uma confusão de conceitos que torna a sociedade um colchão de pólvora prestes a explodir. O termômetro das redes sociais mostra alta temperatura e nunca foi tão explícita a insatisfação de lado a lado. Aqueles que desejam o “quanto melhor pior” incrementam as suas práticas e a ala comprometida com a melhoria da vida não consegue manter a serenidade e se lança numa luta de agressões que torna o caldo da sociedade tão quente que às vezes parece insustentável. Essa uma possível fotografia desses nossos tempos.
            Permanecemos esquecidos de que enquanto interpomos razões, o diálogo perde para a quebra de braços. Inexiste espaço para o entendimento sempre que a vaidade e a volúpia em derrotar o outro pelo cansaço enaltece todo tipo de comportamento e se deixa de fazer a “mea-culpa”. Sem confissão, não há troca de atitude e a vida tende a mostrar os mesmos resultados que entediam, aborrecem, transtornam... sem solução, energia gasta apenas.

      Atentemos, porém que esse cenário não caiu de paraquedas nessa paisagem social. Apenas sofisticamos os argumentos e armas, atidos às mesmas motivações dominadoras antes pela posse do ouro, da terra, do petróleo, da mente do outro. Mudaram os contextos, mas a usura e a cobiça ainda dão as cartas.
         Nesse turbilhão vale a pena pararmos um pouco para aprender com o exemplo da água. Foi a principal responsável pelo resfriamento do solo planetário, antes incompatível com a vida orgânica. Apresenta-se em diferentes estados sem perder a natureza. Deixa-se contaminar e logo ressurge restaurada ao evaporar e descer como chuva. Diante de obstáculos sabe que um dia vai vencê-lo, mesmo que muitas vezes precise driblá-lo passando por cima, por baixo, pelos lados. Sofre grandes quedas e dá lugar aos potenciais de eletricidade que movem o progresso. Adapta-se a quaisquer recipientes aparentemente tomando-lhes a forma, enquanto mantém a sua capacidade de nutrir a quem se aproxime mitigando-lhe a sede. Jamais se corrompe, apesar de todos os apelos que sofre em sua jornada em direção ao mar.
            À pergunta de Allan Kardec, “Por que a civilização não realiza imediatamente todo o bem que ela poderia produzir? – LE 792”, os mentores da Codificação não se intimidam; “Porque os homens ainda não se encontram em condições, nem dispostos a obter este bem (grifo meu).” Entendemos a razão de tantas controvérsias. Enquanto não houver a real intenção de mudança e a disposição for débil movimento de constrangida insatisfação quando as temáticas que defendemos são aviltadas, sem a universalização de todas as necessidades humanas sob um mesmo princípio de defesa incondicional da vida, não passaremos de grupos desconectados que lutam por suas razões.
            A Alquimia da Mudança é um movimento que se propõe garantir a vida do embrião ao idoso, das plantas e dos animais, além de banir do planeta as práticas desonestas a partir dos pequenos delitos aparentemente sem consequências. Significa reler as ideologias e práticas para a construção de um mundo melhor à vida de todos que habitam a Terra, em síntese o aprendermos a viver sem muros emocionais, abertos para a Regeneração da humanidade.

¹ editorial do programa Atena Espírita de 29.05.2016.
(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

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