sexta-feira, 18 de março de 2016

JUSTIÇA E ÓDIO, DEMOCRACIA E GRITARIA? O QUE TEM A VER?



Justiça não é entretecida de ódio, mas de isenção, bom-senso, comedimento e austeridade. Democracia não é feita com gritaria, mas com diálogo, argumentos, racionalidade.

Uma nação não se faz dividida, entre inimigos – isso é guerra civil ou prenúncio de ditadura – mas se faz a partir da visão serena e sincera, da ação sólida e pensada, em consenso entre todos, pelos interesses coletivos e não de um grupo, em detrimento de outro.

Uma crise não se vence com desespero, desrespeito à lei, agressões mútuas, ódio histérico. A crise é aprendizado, é caminhada, é momento de amadurecimento, se os atores históricos não se perderem na irracionalidade e no desmando.


Agora é hora de ponderação. E de uma ação ponderada. Meditação e prece por parte daqueles que se ligam a alguma espiritualidade. Reflexão madura por parte daqueles que não creem na transcendência, mas acreditam na possibilidade da paz.

Leiamos maduramente todos os argumentos pró e contra cada situação que se apresente. Saibamos, quando lemos algo, qual a origem daquele determinado discurso. E saibamos ouvir os lados opostos, procurando discernir o que é um fato de uma presunção, de um boato, de uma ideia, de um julgamento precipitado, de um discurso inflamado e interessado.

E na dúvida, abstenhamo-nos de proferir vereditos absolutos, apaixonados, taxativos e, sobretudo, que massacrem o outro e considerem todo aquele que pensa diferente como um imbecil, um mau caráter! Saibamos ver o outro além de rótulos e paixões. Atrás de qualquer posição política, além de qualquer cargo no poder, está um ser humano, igual a nós.

As imagens que estão compartilhando da estátua do Redentor, chorando pelo momento do Brasil, devem ser lidas não como a tristeza de Jesus diante do roubo de alguns, mas lágrimas de pesar pelo futuro julgamento daqueles que acusam sem provas, movidos pelo ódio. Ele avisou – seremos julgados com a medida com que julgarmos o próximo!

Tenhamos cautela, calma. Busquemos uma avaliação o mais serena possível no meio do nevoeiro da pólvora das denúncias, dos boatos, dos xingamentos, do massacre público.

E sobretudo, zelemos pelas boas maneiras uns com os outros, pela integridade, pela educação! Educação aqui entendida em todos os sentidos: a educação que se aprofunda na história, na reflexão filosófica, na análise das coisas com uma referência teórica mínima (e não apenas na deseducação promovida pela mídia), a educação que liberta consciências, abre os olhos da alma, para visões mais abrangentes e por fim, um sentido mais estrito, mas não menos importante da educação: o respeito ao próximo, a civilidade da convivência fraterna.

Se cada qual viver os princípios, pelos quais há tanta gente gritando (muitos de forma bastante hipócrita), mantendo sua integridade, trabalhando por um mundo mais justo, militando por uma educação que emancipe o indivíduo e por uma sociedade plural e fraterna, estaremos mais perto de soluções duradouras.

É disso que precisamos nesse momento!



4 comentários:

  1. Francisco Castro de Sousa18 de março de 2016 às 20:24

    Parabéns Profª Dora Incontri, sua análise é o que de melhor se encontra em toda essa confusão em que se encontra nosso País!
    Excelente a sua avaliação desse momento que vive a sociedade brasileira, serenidade é a recomendação mais adequada, respeito ao pensamento divergente, nem sempre aquele fala mais alto é o que está com a razão! Parabéns!

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  2. Brilhante o chamamento da prof. Dora Incontri. Nós, espíritas, conhecedores do pensamento de Allan Karde e dos Espíritos acerca desses momentos, temos que ser balizadores de um pensamento de equilíbrio e sensatez diate do delicado momento que a sociedade brasileira atravessa.

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  3. Eu não encontraria melhor forma de dizer o que foi dito aqui e agora. Sob qualquer pretexto haverá um único fruto saudável de uma semente venenosa, uma só boa ideia que tenha nascido do ódio, nenhuma saída saudável para os que se encolerizam. Se não temos foco na solução que sereniza fazemos apenas parte do problema e também puxamos para baixo agravando o que já está ruim. Obrigado Dora, fico devendo mais essa. Roberto Caldas

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  4. Verdade,necessário cautela,serenidade...tudo que hoje acontece no Brasil está muito delicado. Ás intenções boa e más se misturam.

    Vanessa.

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