domingo, 2 de agosto de 2015

QUAIS AS NOSSAS BANDEIRAS?¹




Por Roberto Caldas (*)


          Semear o medo é a melhor estratégia para quem pretende dominar pelo silêncio e pela força. A liberdade é uma ave que necessita de espaço para desferir vôo além. Aprisioná-la é o maior tento das ideias que sem fundamento de lógica, exibem a ponta da lança que fere a essência daquele que se atira ao afã das conquistas do seu tempo.
            Na contradição é que a pessoa consegue definir a linha de pensamento a que deve se ajustar, mas se a turbulência da comunicação obscurece os diversos aspectos da verdade e impõe uma falsa hegemonia, silenciando todos os esforços que se lhe oponham, a escuridão é a grande vitrine para o espetáculo burlesco que conduz ao caos.
            Todas as vezes que a ganância e a mentira se posicionaram como alicerce de algum projeto que prometia melhorar a condição da vida humana, os resultados que o tempo trouxe comprovaram que caminhar à margem da verdade e da generosidade é uma péssima escolha. A totalidade dos déspotas que ganharam a quebra de braço utilizando as técnicas da leviandade para conquistar a qualquer custo impuseram longas décadas de dor e sofrimento até verem as suas obras virarem pó diante da obsequiosa ação da verdade que tarda, mas não falta. Aqueles que ainda não experimentaram não perdem por esperar.

            A ciência espírita declara incisivamente que só o bem triunfa. Porque o bem promana de Deus. É lamentável que a humanidade se encontre diante de tamanha realidade e ainda insista em abraçar as teorias que apequenam a ação nossa de cada dia. Habituamos a reverberar as frases da moda, completamente alheios às intenções que as definiram, muitas vezes imbuídos de bons propósitos, servindo a causas personalistas e fugidias. Repetimos refrões, canções, opiniões, sem perceber que podemos estar fazendo parte de um cortejo que não pensa por si mesmo, apenas repete sem refletir.
            A questão 895 de O Livro dos Espíritos aponta o maior dos erros que pode se cometer quando estamos em trânsito de relacionamento com o outro. Perguntou Allan Kardec: “Além dos defeitos e vícios sobre os quais ninguém se enganaria, qual o sinal mais característico da imperfeição?”  Ao que responderam os Mentores: “O interesse pessoal...”

            Diante dos avanços dos problemas humanos compete aquele que se julga amante da verdade saber fazer eco ao que é justo silenciando o que não é. A vivência cidadã nos impõe compromisso com o bem comum e isso enseja que estejamos alinhados com o crescimento da defesa da equanimidade. Nas questões espirituais temos a admoestação de Jesus (Mateus 7; 21), “nem todos que dizem senhor, senhor entrará no reino dos céus”. Nas situações da vida humana tenhamos o senso de buscar de forma consciente um propósito que possa servir à totalidade das pessoas. Pensar com isenção, buscar a conciliação, investir nas soluções que começam conosco, decidir pela liberdade rechaçando qualquer outra opção que contrarie a democracia. Deixemos que seja a coragem, não o medo, a compelir nossos passos para a transformação que o mundo precisa e que sempre começa dentro de cada um de nós. 

¹ editorial do programa Antea Espírita de 02.08.2015.
(*) escritor, editorialista do programa Antena Espírita, e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

Um comentário:

  1. Caro Roberto,
    Corajosa e oportuna a sua abordagem. É isso que Kardec e Jesus esperam de nós. Necessitamos construir a cultura espírita no mundo, e só poderemos fazê-la com atitudes viris, sensatas como a que adotas. Quero ver mais vezes editoriais com esse refrão. Parabéns!

    ResponderExcluir