segunda-feira, 11 de agosto de 2014

"PAIRECENÇAS" FÍSICAS E MORAIS¹

       


Por Roberto Caldas (*)



        Avaliando o conteúdo exposto em "O Livro dos Espíritos" a questão 207, que trata das semelhanças físicas e morais dentro dos contextos familiares, não há como fugirmos à compreensão de que os elos que nos vinculam uns aos outros decorrem de inequívocas atrações/repulsões geradas pela multiplicidade dos convívios espalhados pelos milênios e reprisados pelas inúmeras encarnações recheadas de encontros e desencontros. A consanguinidade é capaz apenas de permitir a reprodução fisionômica, marcada pelos traços biológicos que exibimos e denunciam a assinatura genética daqueles que nos doaram os seus caracteres.

            Inegável que em certos momentos vemos conglomerados familiares se movimentarem apresentando os mesmos pendores sejam para a arte, os negócios, a ciência, de outras vezes por caminhos nem tão meritórios, o que nos faz questionar se as tendências apresentadas também não se encontrariam nas entrelinhas das informações do DNA, opinião que domina a convicção de vários especialistas em Sociologia e Educação. Quando desconhecemos as vinculações espirituais só nos resta apropriar o organismo de condições que lhes superam a capacidade.
            Claro que convivemos com um programa intencional do Universo, no qual somos responsáveis em projetarmos mutuamente as qualidades que nos são inerentes na direção do enriquecimento próprio e ao serviço de cooperação com o outro, na aquisição de novas disposições de comportamento. Não há quem duvide da força de uma atitude repetida na configuração moral de um indivíduo, especialmente nas primeiras fases de sua infância.
            Entendamos, no entanto que as tendências morais que exibimos vida afora não se encontram criptografadas na carta genética, para a qual a ciência adota a nomenclatura de genoma. A semelhança física decorre dos tijolos físicos ofertados pelos nossos pais, mas o comportamento adotado diante da vida é consequência das experiências individuais e coletivas do passado, cuja semelhança se explica pelos laços de convivência impregnados em nossa mente inconsciente. Porém, a boa notícia que se propicia de forma explícita na mensagem trazida pela Doutrina Espírita é que podemos nos influenciar de forma positiva, dentro e fora do núcleo familiar na produção de novas condutas.
            Esse o papel daqueles que tem o privilégio de receber amigos e inimigos de ontem, através da paternidade, auxiliá-los na caracterização de um projeto renovado de amor a si mesmo e ao mundo. Ensiná-los que a existência é o maior presente que Deus nos oferta para a redenção de todas as almas encarnadas. Caminhar junto com os seus filhos na construção de um mundo melhor. Permitir-lhes se tornarem pessoas que consideram o respeito humano a maior das aquisições da alma. Propiciar-lhes que um dia, as semelhanças físicas retratem a irmandade de almas que só se consegue construir quando nos doamos sinceramente uns aos outros o melhor de tudo que conquistamos.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 10.08.2014
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.


                 

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