quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A DOUTRINA ESPÍRITA APLICADA AO QUOTIDIANO - III





                                                                                                   Por Francisco Castro (*)



“A Terra, conseguintemente, oferece um dos tipos de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando todos, como caráter comum, o servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à lei de Deus. Esses Espíritos têm aí de lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos homens e com a inclemência da Natureza, duplo e árduo trabalho que simultaneamente desenvolve as qualidades do coração e as da inteligência. É assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo redunde em proveito do progresso do Espírito.” Santo Agostinho. (Paris, 1862.) Cap. III – O Evangelho Segundo O Espiritismo – Allan Kardec.



            Esse trecho de “O Evangelho Segundo O Espiritismo” transcrito acima, é do capítulo III, com o título “Há Muitas Moradas na Casa do Pai”, no qual Alan Kardec o inicia transcrevendo o seguinte trecho do Evangelho de João:
Não se turbe o vosso coração. – Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. – Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós ai estejais. (S. João, ap. XIV, vv. 1 a 3)
Para, em seguida,  iniciar o seu comentário, sob o título, Diferentes estados da alma na erraticidade, dizendo o seguinte: “A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem, aos Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes ao adiantamento dos mesmos Espíritos. Independente da diversidade dos mundos, essas palavras de Jesus também podem  referir-se ao estado venturoso ou desgraçado do Espírito na erraticiadde
Erraticidade é o estado, no mundo espiritual, em que o Espírito se encontra entre uma encarnação e outra. Vemos aí que as palavras de Jesus no Evangelho de João, são enfáticas, não podem deixar margem para qualquer tipo de dúvida, pois coloca aí toda a sua autoridade. Mas não é só isso, ele também deixa clara a ideia de que é possível ir e voltar e que, nesse ir e voltar, como ele mesmo anunciou, momento haverá em que não mais será preciso aqui voltar.
Nesse capítulo de “O Evangelho Segundo O Espiritismo”, Kardec apresenta mais dois blocos de comentários além desse que anunciamos acima, cujos títulos são: Diferentes categorias de mundos habitados e Destinação da Terra. – Causas das misérias humanas. Nesse último bloco, ele inicia assim: “Muitos se admiram de que na Terra haja tanta maldade e tantas paixões grosseiras, tantas misérias e enfermidades de toda natureza, e daí concluem que a espécie humana bem triste coisa é”.
Essa edição de “O Evangelho Segundo O Espiritismo, que hoje nos ocupamos de fazer esse pequeno comentário, é de Abril de 1.864, portanto, estamos falando de Século XIX, pergunta-se: Haverá alguma diferença daquela época relatada por Kardec, para os dias de hoje, decorridos quase 150 anos? Quer me parecer que nós, como humanidade, não avançamos muito! Em alguns pontos, até parece que regredimos! Ocorre que a população mundial do século XIX era alguma coisa em torno de um bilhão e meio de habitantes. Hoje já ultrapassamos a casa dos sete bilhões de habitantes, daí parecer que pioramos!
Mas, nós iniciamos esse texto citando o Espírito Santo Agostinho, quando ele diz que a Terra é um dos tipos de mundo expiatórios, cuja variedade é infinita, será que nós encontramos alguma evidência de que esse Espírito estivesse enganado, ou nos enganando, ou é o contrário, de que ele tinha razão?
Todos nós conhecemos a famosa série “Cosmos”, baseada no livro do mesmo nome, publicado em 1980, pelo cientista americano Carl Sagan, que se notabilizou pela busca por inteligências extraterrestres, cujo livro inspirou a série de televisão. Esse homem não acreditava em Deus, mas, pelo seu conhecimento do Universo, por suas pesquisas, tinha uma ideia muito clara de que a Terra não detinha o privilégio de abrigar seres inteligentes.
Vejamos o que afirma Carl Sagan em seu livro “Cosmos”:
Há algumas centenas de bilhões (10¹¹) de galáxias, cada uma contendo, em média, uma centena de bilhão de estrelas. Em todas as galáxias há, talvez, tantos planetas quanto estrelas, 10¹¹ x 10¹¹ = 10²², dez bilhões de trilhão. Face a estes números esmagadores, qual a probabilidade que uma única estrela comum, o Sol, seja acompanhada por um planeta habitado? Por que seríamos nós, aconchegados em alguma esquina perdida do Cosmos, tão afortunados? Para mim, parece bem mais provável que o universo esteja repleto de vida. Nós, seres humanos, ainda não a conhecemos, pois estamos iniciando as nossas explorações. (Os grifos são meus).
A conclusão mais racional é a de que o Espírito Santo Agostinho estava dizendo a mais pura verdade, e que o mais importante no que ele disse, não foi o de que a Terra é um dos mundos expiatórios cuja variedade é infinita, mas o de que aqui, nesse estágio em que nos encontramos como humanidade, a luta que devemos empreender, é com a inclemência da Natureza e com a perversidade dos homens, desenvolvendo as faculdades da inteligência e do coração, duplo e árduo trabalho que, sem dúvida, poderá minorar esse estado de coisas.
Estamos muito longe de compreender o que a espiritualidade tem se esforçado tanto para nos alertar e nos fazer entender, de que é tarefa de cada um de nós, realizar a mudança interior com reflexo nos costumes, utilizando de forma inteligente os recursos naturais e tecnológicos, e assim, transformar a Terra em um MUNDO MELHOR PARA TODOS NÓS VIVERMOS!  

(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
    

3 comentários:

  1. Caro Leitor, entenda que o título correto desse artigo é: Doutrina Espírita Aplicada ao Quotidiano III. Boa leitura! Francisco Castro de Sousa.

    ResponderExcluir
  2. Excelente artigo Castro. Parabéns!

    ResponderExcluir