segunda-feira, 10 de junho de 2013

JUNTOS E MISTURADOS ¹







 Por Roberto Caldas (*)




Somos parte de um mundo absolutamente habitado em cada milímetro cúbico de sua superfície. O corpo que utilizamos como vestimenta é um conglomerado de trilhões de células diversamente especializadas e carrega uma população de quatrilhões de seres unicelulares entre bactérias, fungos e vírus, um verdadeiro universo ambulante. Compomos famílias que se estendem de um continente a outro, irmanados pelo tipo sanguíneo e fator Rh, extensos grupamentos que reúnem condições de doar de si em atendendo à necessidade do outro. Independente de raça, cor, grupo cultural, condição social a carta genética individual difere apenas em detalhes entre as pessoas. Passamos algo de nós na direção do semelhante no aperto de mão, afago, abraço, mas também através dos objetos que manipulamos, numa transferência que não cessa, de partes que nos compõem. Ver, ouvir, sentir, tocar os outros torna-nos possuidores de qualidades que lhes pertence.
            Se biologicamente estamos juntos e misturados, apesar das diferenças, a questão é muito mais interessante quando avaliamos as questões de natureza energética e espiritualmente. O fato de termos o corpo e o perispírito extraídos de uma mesma fonte, o fluido cósmico universal - detalhe exposto na questão 30 de O Livro dos Espíritos – e a absoluta certeza de que todos os espaços aparentemente vazios são preenchidos pelo magnetismo e pelos milhares de ondas em diferentes frequências redimensionam o nosso entendimento de tantas situações aparentemente sem explicação.

            É muito comum lembrarmos pessoas que depois revelam terem tido o desejo de nos falar algo importante. Acontece muito de lermos algo que poderíamos ter escrito tamanha a identidade com o nosso discurso. Pesquisas são realizadas em diferentes centros, sob sigilo, e são exatamente iguais as motivações dos pesquisadores sem terem conversado entre si. Grupos de defesa à vida se movimentam em regiões completamente distanciadas, sem que os seus componentes se conheçam, mantendo teoria e prática em completa ressonância.
            Formamos com a multiplicidade de individualidades um corpo populacional, incluindo aqueles que se encontram desencarnados na atmosfera psíquica da Terra, com interação e sinergismo com o planeta. Isso nos torna responsável pelos fatos que se processam em todas as situações mundiais que nos chegam aos ouvidos, com as quais aparentemente não temos nada a ver. Nesse ponto é importante considerar que responsabilidade não significa culpa. Foi exatamente por essa compreensão que Jesus, segundo a 1ª epístola de Pedro (IV: 8) sentencia que o amor cobre uma multidão de pecados, convidando-nos em seguida para exercermos a hospitalidade uns com os outros sem murmuração(vers. 9). Sempre que alguém dá um passo para a compreensão, cogita um brilho de iluminação, exercita uma atitude de conciliação, a humanidade toda se beneficia e é guindada a repetir a mesma coisa que foi praticada em qualquer ponto isolado da Terra. As nossas ações são responsáveis pelo crescimento do mundo, geram uma onda que repercute em regiões que nunca visitamos e ajuda a resolver questões que jamais imaginamos envolvendo pessoas que não conhecemos. Parafraseando o efeito borboleta, o farfalhar das asas de uma borboleta na América causa um tufão na Ásia, uma pequena atitude consciente dentro do nosso lar pode deflagrar uma revolução moral sem precedentes, em qualquer parte do mundo. A mudança desse mundo também está em nossas mãos.
            

¹ editorial do programa Antena Espírita de 09.06.2013. 

(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

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