Pular para o conteúdo principal

REFINANDO A MENTE ¹







 Por Roberto Caldas (*)


Nada mais democrático do que os nossos relacionamentos espirituais. No campo das energias, nada de disfarces. O pensamento, sendo o elemento modulador da sintonia, é que forma o campo através do qual nos expomos à vida invisível e produzimos a estrutura que garante os resultados da vida material. No ato de pensar estabelecemos as coordenadas que garantem a formação da nossa atmosfera psíquica, que podemos chamar de psicosfera, atraindo ou repelindo segundo uma instantânea correspondência de afinidades que se estende entre encarnados e desencarnados.
            O receio de invasão mental, orquestrada pelos habitantes do mundo espiritual, confessado por tantas pessoas que estudam a Doutrina Espírita não passa de compreensão incompleta a respeito da dinâmica dos fluidos e da hierarquia espiritual. Poucas discussões existem em torno da necessidade de receptividade para que se produza uma interferência entre duas mentes, pois sabemos dos modelos de comunicação através de ondas que o emissor e o receptor interagem e precisam estar recíprocos para que a mensagem possa ser  levada a cabo. Essa mesma lógica se aplica aos processos de retroalimentação entre as mentes, incluídas as vinculações entre os planos da existência.

            Por muitos séculos fomos amedrontados pela falsa doutrina de demônios devassando as nossas mentes com poderes quase irresistíveis de fazer de nossas vidas o que bem desejassem. A Doutrina Espírita simplesmente mostrou a infantilidade das teorias que enlouqueceram tantas gerações atormentadas pelo medo do diabo. Não é razoável que substituamos aquele receio desprovido de lógica, por outro que seria tão imobilizador quanto aquele, que é a crença do acesso livre de nossos pensamentos aos Espíritos.
            Atento ao problema, Allan Kardec reflete em O Livro dos Espíritos (questão 469) que a forma mais hábil para repelir qualquer forma de influência espiritual indesejada se resume em fazer o bem e colocar toda a confiança em Deus. Simplesmente não parametriza a capacidade de evitar as más interferências ao fato de termos ou não certos tipos de crenças, mas apenas que façamos o bem e estejamos entregues, em plena confiança, a Deus.
            No campo dos relacionamentos espirituais, não nos sobrem dúvidas ao pensar sobre o assunto, a nossa posição pessoal é que dita o grau. A forma como vivemos as experiências da existência corporal, aliada à linha de pensamentos que alimentamos nas mais profundas cavernas do nosso silêncio, onde ninguém alcança, é que estabelecem o hálito que transpiramos na confecção do clima espiritual da nossa individualidade.
            É na firmeza em transformar as nossas más inclinações, no combate aos velhos hábitos, buscando o bem estar comum, que iniciamos a trajetória de tornar as nossas mentes  afinados instrumentos de recepção das forças vitalizadoras do mundo superior, sob as bênçãos de Jesus, aquele mais perfeito que Deus nos deu para nos servir de  guia e modelo. Permitamos que ele seja o condutor de nossas mentes, sem resistências.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 05.05.2013

(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

Comentários

  1. Excelente! Dr. Roberto Caldas sempre muito feliz nas suas colocações! Abraços!

    ResponderExcluir
  2. O convite elaborado pelo confrade Roberto Caldas é muito oportuno. Quase sempre, argumentamos da influência dos Espíritos, nos condicionamentos da obsessão, dentro de um processo quase automático. O que não é verdadeiro. O condicionamento mental do encarnado é material primordial para esse intercurso. O refinamento da mente no exercício do bem é padrão para as boas influ~encias.

    ResponderExcluir
  3. Confiança no pai maior e produção no bem.Nos conduzará ao avanço moral.


    Vanessa

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

DIA DA ESPOSA DO PASTOR: PAUTA PARASITA GANHA FORÇA NO BRASIL

     Imagens da internet Por Ana Cláudia Laurindo O Dia da Esposa do Pastor tem como data própria o primeiro domingo de março. No contexto global se justifica como resultado do que chamam Igreja Perseguida, uma alusão aos missionários evangélicos que encontram resistência em países que já possuem suas tradições de fé, mas em nome da expansão evangélico/cristã estas igrejas insistem em se firmar.  No Brasil, a situação é bem distinta. Por aqui, o que fazia parte de uma narrativa e ação das próprias igrejas vai ocupando lugares em casas legislativas e ganhando sanções dentro do poder executivo, como o que aconteceu recentemente no estado do Pará. Um deputado do partido Republicanos e representante da bancada evangélica (algo que jamais deveria ser nominado com naturalidade, sendo o Brasil um país laico (ainda) propôs um projeto de lei que foi aprovado na Assembleia Legislativa e quando sancionado pelo governador Helder Barbalho, no início deste mês, se tornou a lei...

OS ESPÍRITAS E O CENSO DE 2022

  Por Jorge Luiz   O Desafio da Queda de Números e a Reticência Institucional do Espiritismo no Brasil Alguns espíritas têm ponderado sobre o encolhimento do número de declarados espíritas no Brasil, conforme o Censo de 2022, com abordagens diversas – desde análises francas até tentativas de minimizar o problema. O fato é que, até o momento, as federativas estaduais e a Federação Espírita Brasileira (FEB) não se manifestaram com o propósito de promover um amplo debate sobre o tema em conjunto com as casas espíritas. Essa ausência das federativas no debate não chega a ser surpreendente e é uma clara demonstração da dinâmica do movimento espírita brasileiro (MEB). As federativas, na realidade, tornaram-se instituições de relacionamento público-social do movimento espírita.

CONFLITOS E PROGRESSO

    Por Marcelo Henrique Os conflitos estão sediados em dois quadrantes da marcha progressiva (moral e intelectual), pois há seres que se destacam intelectualmente, tornando-se líderes de sociedades, mas não as conduzem com a elevação dos sentimentos. Então quando dados grupos são vencedores em dadas disputas, seu objetivo é o da aniquilação (física ou pela restrição de liberdades ou a expressão de pensamento) dos que se lhes opõem.

JUSTIÇA COM CHEIRO DE VINGANÇA

  Por Roberto Caldas Há contrastes tão aberrantes no comportamento humano e nas práticas aceitas pela sociedade, e se não aceitas pelo menos suportadas, que permitem se cogite o grau de lucidez com que se orquestram o avanço da inteligência e as pautas éticas e morais que movem as leis norteadoras da convivência social.  

O CERNE DA QUESTÃO DOS SOFRIMENTOS FUTUROS

      Por Wilson Garcia Com o advento da concepção da autonomia moral e livre-arbítrio dos indivíduos, a questão das dores e provas futuras encontra uma nova noção, de acordo com o que se convencionou chamar justiça divina. ***   Inicialmente. O pior das discussões sobre os fundamentos do Espiritismo se dá quando nos afastamos do ponto central ou, tão prejudicial quanto, sequer alcançamos esse ponto, ou seja, permanecemos na periferia dos fatos, casos e acontecimentos justificadores. As discussões costumam, normalmente e para mal dos pecados, se desviarem do foco e alcançar um estágio tal de distanciamento que fica impossível um retorno. Em grande parte das vezes, o acirramento dos ânimos se faz inevitável.

A FÉ COMO CONTRAVENÇÃO

  Por Jorge Luiz               Quem não já ouviu a expressão “fazer uma fezinha”? A expressão já faz parte do vocabulário do brasileiro em todos os rincões. A sua história é simbiótica à história do “jogo do bicho” que surgiu a partir de uma brincadeira criada em 1892, pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do zoológico do Rio de Janeiro. No início, o zoológico não era muito popular, então o jogo surgiu para incentivar as visitas e evitar que o estabelecimento fechasse as portas. O “incentivo” promovido pelo zoológico deu certo, mas não da maneira que o barão imaginava. Em 1894, já era possível comprar vários bilhetes – motivando o surgimento do bicheiro, que os vendia pela cidade. Assim, o sorteio virou jogo de azar. No ano seguinte, o jogo foi proibido, mas aí já tinha virado febre. Até hoje o “jogo do bicho” é ilegal e considerado contravenção penal.

O AUTO-DE-FÉ E A REENCARNAÇÃO DO BISPO DE BARCELONA¹ (REPOSTAGEM)

“Espíritas de todos os países! Não esqueçais esta data: 9 de outubro de 1861; será marcada nos fastos do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa, e não de luto, porque é a garantia de vosso próximo triunfo!”  (Allan Kardec)             Por Jorge Luiz                  Cento e sessenta e três anos passados do Auto-de-Fé de Barcelona, um dos últimos atos do Santo Ofício, na Espanha.             O episódio culminou com a apreensão e queima de 300 volumes e brochuras sobre o Espiritismo - enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurice Lachâtre - por ordem do bispo de Barcelona, D. Antonio Parlau y Termens, que assim sentenciou: “A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outros países.” ...

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia: