terça-feira, 14 de maio de 2013

O FUTURO DA RELIGIÃO



“Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que queríamos que nos fosse feito. Toda a religião, toda a moral se encerram nestes dois preceitos. Se eles fossem seguidos no mundo, todos seriam perfeitos.”
(Allan Kardec)
                                                                                                         

“Todos os crimes no clero, como alhures,
não provam que a religião seja inútil,
mas que muito pouca gente tem religião.”
(Jean-Jacques Rousseau)
                                                                                                                                    


"Se não professamos Jesus Cristo, nos converteremos em uma ONG piedosa...”
(Papa Francisco I)




Por Jorge Luiz (*)




         Karl Marx, filósofo alemão, considerou a religião como “o ópio do povo”. Sigmund Freud, pai da psicanálise, já a entendeu como “neurose obsessiva”, comum ao gênero humano. Para Émile Durkheim, considerado um dos pais da sociologia, ela não passa apenas de “fato social” que existirá enquanto existir sociedade.
            Viktor Frankl, psiquiatra austríaco, fundador da logoterapia, refuta Freud ao afirmar que a religiosidade psiquicamente doente seria realmente uma neurose obsessiva. Para este, o homem é dotado de um “inconsciente espiritual”; a presença ignorada de Deus.
            Todas as afirmativas guardam suas verdades no contexto em que foram desenvolvidas, no entanto, não cabe reduzi-la a essas especificidades. O conhecimento espírita evitaria os equívocos perpetrados.
            Por expressar sentimento inato, como o da Divindade, exarado em “O Livro dos Espíritos” - Lei de Adoração -, sua expressão possibilita vários significados, considerando que se deixou adornar ao longo da história pela fé cega, crenças dogmáticas, elementos mitológicos e mitopoéticos, sincretismo, experiências místicas, fanatismo, fundamentalismo. Assim como o prisma de Nicol transmuta feixe de luz natural em feixe de cores distintas, igualmente a fé religiosa opera espectros de religião no sentimento de religiosidade.

        Apesar da sua tradição, não foi possível consolidar “o amor ao próximo” como o seu  núcleo natural, recomendado por Jesus e autenticado no Evangelho de João 13:34-35: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” Em decorrência da fé pessoal, ela foi assumindo processos híbrido-evolucionários.
            A superação de todos os escolhos inseridos na Boa Nova e o aprofundamento de uma nova consciência religiosa passa necessariamente por uma oposição radical aos valores estabelecidos pelas religiões salvacionistas, tendo como parâmetro o paradigma espírita. A afirmativa parece contrariar os princípios da tolerância religiosa. No entanto, vejam o que diz Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), educador suíço e mestre de Allan Kardec:
“(...) se o homem vê o erro da superstição e a fraude da religião do Estado, e vê que isto está de fato impedindo a verdadeira religião e o enobrecimento da sua geração, então não só é permitido, mas é um dever, mostrar a corrupção de tal religião, mas evidentemente de uma forma que não fira a essência da religião, mais do que o seu desvio está ferindo.”
            Para que se inicie esse processo faz-se necessário, em primeiro instante, estudo criterioso para se distinguir religião de seita no universo religioso. No meu entendimento é uma tarefa árdua, desafiadora e demanda coragem. A religião por natureza é fundamentalmente fraterna. A seita, ao contrário, é sectária e fundamentalista. Nisto reside a questão.
            Roberto Mangabeira Unger, professor da Universidade de Harvard, entende que para se promover uma revolução na crença religiosa, é necessário superar dois obstáculos: o primeiro é superar o tabu da crítica religiosa da religião; o segundo é superar o sentimentalismo em relação à religião.
            Allan Kardec contribui para um melhor entendimento dessas opiniões:
“O Espiritismo, que se funda no conhecimento de leis até agora incompreendidas, não vem destruir os fatos religiosos, porém sancioná-los, dando-lhes uma explicação racional. Vem destruir apenas as falsas consequências que deles foram deduzidas, em virtude da ignorância daquelas leis, ou de as terem interpretado erradamente.”
            Na prática, realizar a promessa do Consolador Prometido fazendo com que o Espiritismo reviva o protocristianismo é determinante para a consolidação do futuro das religiões, como assertivamente disse Léon Denis: “O Espiritismo será o futuro da religião.” A frase virou meme no movimento espírita. Será que realmente já a entendemos em sua profundidade?
            O movimento espírita mostra-se surdo à vocação revolucionária da Doutrina Espírita, o que tem contribuído para que, paulatinamente, maioria dos espíritas tenha transformado suas casas em verdadeiras igrejas, com isso, o Espiritismo no Brasil, para muitos, passou a ser mais uma religião no sentido vulgar do termo.
            A ciência avança com o primado do Espírito, o que facultará em breve a sua aliança com a religião anunciada por Allan Kardec no cap. I:8 de “O E.S.E.” A reencarnação como lei biológica contribuirá para a restauração da religião do Cristo, fundada na preexistência da alma, na sua sobrevivência e na comunicabilidade dos Espíritos com o homem. Isto fez, como afirma o prof. Herculano Pires em sua obra O Centro Espírita, com que a Religião Espírita, sendo objeto de pesquisas, surja no mundo como modelo ideal da religião do futuro. Ken Wilber, um dos mais festejados pensadores da contemporaneidade, prognostica que a força da espiritualidade autêntica deve ser baseada em evidências contestáveis.
             Em comunicação transmitida pelo Sr. Brion Dorgeval, através do médium Sr. Jorge Genouilalt, inserida em Obras Póstumas, assim ele se expressa:
“O Espiritismo (...), restaurará a religião do Cristo, (...) instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus, sem se ter nas franjas de uma sotaina, ou nos degraus de um altar.”
            Como bem testificou Jesus no Evangelho de João 4:23: “Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim o adorem.”
            Tomemos tento!

(*) livre-pensador e voluntário do Instituto de Cultura Espírita.

2 comentários:

  1. Amarmos uns aos outros... eis a religião!
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. A obra nos foi dada,agora nos falta coragem para expo-la verdadeiramente!!!!

    Vanessa

    ResponderExcluir