quinta-feira, 23 de agosto de 2012

REENCARNAÇÃO: A SINERGIA DO ESPÍRITO



                 O reconhecimento da reencarnação como lei biológica revolucionará todos os paradigmas vigentes e promoverá mudanças profundas em todas as disciplinas, principalmente as de ciências humanas. 
                Para nós espíritas a reencarnação é uma certeza. Quais, portanto, suas implicações nas relações interpessoais no Centro Espírita?
                 O paradigma espírita que instrui todas as relações, que sejam elas individuais e grupais, é a regra áurea Cristã do amor ao próximo como a si mesmo.
            Em pesquisas psicossociais e observações informais no dia-a-dia, constatou-se que o indivíduo que se conhece e aceita pode fazer opções mais realísticas de mudanças pessoais e interpessoais e preservar a sua autenticidade.
            Na questão nº 919 de “O Livro dos Espíritos”, os Espíritos Reveladores respondem que o conhecimento de si mesmo é o meio mais eficaz para se melhorar nesta vida.
            O início do processo de autoconhecimento do Ser pela aceitação da reencarnação como lei biológica é o início do seu inventário pessoal que parte da resposta à indagação filosófica primordial: quem sou eu?

            Na condição de Espírito imortal, viajor no tempo pelas vidas sucessivas, a resposta estabelece um diálogo vigoroso em direção ao seu próximo. O amar a si mesmo como ao próximo assume um novo significado com a ontogênese espirítica.
            Com essa compreensão abre-se um leque de possibilidades para a interpretação dos processos de interação consigo, com o meio e com o próximo. Não existem maridos e esposas, pais e filhos, amigos e parentes, dirigentes e dirigidos, superiores e inferiores, mas sim Espíritos milenares em experiências educacionais partilhando a mesma Escola da Vida. As relações terrenas são aspectos passageiros da personalidade humana.
            As máscaras com que ora desfilamos se pudermos enxergar o que há por trás dela, compreenderemos a razão dos nossos relacionamentos, encontros, reencontros e desencontros; e descobriremos o seu significado real.
            A singularidade é a marca de Deus em nós. No contexto intra e interpessoal essa singularidade é fundamental para a convivência fraterna e os enriquecimentos mútuos. A construção sinérgica que torna um grupo ou uma organização viva decorre da riqueza da diversidade individual, fruto das experiências milenares do Espírito.
            Sinergia, sob o ponto de vista etimológico, vem do grego Syn (junto) Ergo (trabalho), portanto, “trabalhar em conjunto”. Denomina a atuação conjunta de duas ou mais pessoas, famílias, empresas, ou organizações, contribuindo entre si, alcançam um aprimoramento mútuo, cuja essencialidade está na valorização das diferenças. (grifo meu)
            O que tem a ver a sinergia, ferramenta das relações humanas no mundo corporativo com a reencarnação? No meu entendimento tem tudo a ver. Tanto a sinergia intrapessoal como a interpessoal. O plus dos processos sinérgicos - 2 + 2 = 5 - são consideradas as diferenças existentes entre os Espíritos encarnados, conquistas nos ciclos dos renascimentos.
            No campo da sociologia, que estuda o comportamento cooperativo das espécies, encontram-se espécies altamente organizadas, como as abelhas e as formigas, que apresentam diferentes formas de sinergia social. O voo dos gansos é outro exemplo clássico. No processo da individualização do princípio inteligente, o determinismo natural comanda o processo sinérgico.
            Só os seres humanos, apesar dos níveis intelectivo e inventivo, não levam em conta os problemas que ocorrem pela inobservância dos efeitos positivos da sinergia. Aqui nos deparamos com o processo de individuação na concepção junguiana (autoconhecimento), quando o Espírito sob a égide do bom uso do livre-arbítrio amplia o nível de consciência de Si-mesmo.
            Para Sérgio Lins (*), o sinergismo é uma característica de cada espécie que se combina com seus pares ou com espécies diferentes para, juntos, se tornarem admiráveis criadores de novidades.
              Todo o Universo é sinérgico!
            Por isso e apesar disso, no ser humano ela não acontece acidentalmente e que seja sustentada de forma fácil.  Não se tem dúvidas, portanto, que o espírito de confiança e colaboração é fator determinante para alcançar-se uma união sinérgica. Em isso não ocorrendo, poder-se-á ter um processo sinérgico negativo ou nulo.
            É importante destacar que a chave a valorização da diversidade pode estar na sinergia intrapessoal, que é algo que se encontra dentro de cada um de nós e surge com a harmonia e o equilíbrio de valores individuais. Autoconfiança e autoestima são fundamentais para despertar em cada um o poder de visualizar o valor das diferenças de pensamentos, palavras e idéias alheias.
            O processo sinérgico no contexto da casa espírita, se aplicado, aprimora as nossas potencialidades, fortalece o autoconhecimento, e, na interação com os nossos companheiros de jornada, vamos gradativamente corrigindo nossas imperfeições, o que resultará na autonomia e aprimoramento moral. O grupo cresce e consequentemente a Instituição.
            O dirigente espírita deve ser o grande catalisador dessas potencialidades, animando-as, dinamizando-as para elaborar a grande liga resultante que pode ser maior em força, coesão, resistência, atração, significado, complexidade ou até mesmo tamanho. Por exemplo, a liga cromo-níquel-aço é imensamente mais resistente do que qualquer um dos metais que a compõem, e mais do que todos eles juntos.
            Quanto ao Homem, esses valores são crescentes quando surgem demonstrações de respeito e confiança.
            Para que ocorra um processo sinérgico há a necessidade de: a) disposição; b) abertura; c) fusão e d) ação.
            Todo o processo sinérgico aqui abordado converge para a excelência da tríade Kardeciana: Trabalho, Solidariedade e aqui destaco a Tolerância.
            A sinergia espírita, fundamentada no lema de Allan Kardec, faculta ao Espírito encarnado superar os efeitos do orgulho e egoísmo, resquícios do seu primarismo em sua saga evolutiva, possibilitando-lhe voos extraordinários na exemplificação da caridade em todas as suas múltiplas expressões.
            A reencarnação é proposta Divina para uma Sinergia do Espírito que, criado pelo amor e para amar, transita da diversidade para a similaridade, e à unicidade como determinismo Divino, explicitada pela afirmativa de Jesus – João, 10:30 – “Eu e o Pai somos um”.



5 comentários:

  1. Muito bom!! Parabéns Jorge pelo texto!

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  2. A cerca de 6 meses atrás precisei ler sobre sinergia e achei um máximo(rs). De fato, quando se trabalha em conjunto o trabalho sai melhor que do que se pensava. 1+1=3 -> linda matemática onde consequentemente a tolerância é fator primordial.

    Bom toque, Jorge!

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