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O REINO DE DEUS - OS IMPÉRIOS CONTRA ATACAM

 

Gravura representativa das Comunidades Eclesiais de Base

Por Jorge Luiz

            O sentimento de adoração é nato no homem e encontrado entre todos os povos, embora sob formas diferentes (Kardec, 2000, q. 652). Os ritos mais bárbaros ou os mais extravagantes e os mitos mais estranhos traduzem alguma necessidade humana, algum aspecto da vida, seja individual ou social (Durkheim, 2000). Durkheim considera que, em resumo, todas as grandes instituições sociais nasceram desse sentimento, ao concluir que as forças religiosas são as forças humanas, forças morais (idem).

            Esses aspectos são determinantes para se compreender que os sentimentos de religiosidade ou espiritualidade são diferentes da religião, enquanto instituição, o que é fortalecido pelas diversas religiões que desapareceram na poeira do tempo, como as religiões dos sumérios, egípcios, gregos, romanos. A religião, portanto, é um fato social.

            Digno de nota para se considerar é que o conceito de “religião” como entidade autônoma surgiu na cultura europeia ocidental no século XVIII.

            Ao inaugurar o reino de Deus na Terra, Jesus foi peremptório ao afirmar que O reino de Deus não vem com aparência visível. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! porque o reino de Deus está dentro de vós (Lc., 17:20-21). O reino, portanto, está desvinculado de uma religião.

             Imperialismo Romano

            A subjetividade do cristão ocidental foi condicionada a ter Jesus como uma figura eminentemente religiosa, o que se levou a ignorar os aspectos político-econômicos e as implicações da pregação e da prática de Jesus. Isso foi influenciado pela revolução científica nos séculos XVI e XVII, na Europa, o que provocou a ruptura sobre os pensamentos científicos e religiosos e se estendeu por todos os segmentos da vida das sociedades ocidentais modernas. Essa ruptura irá se consolidar, na realidade, por ocasião da revolução burguesa no final do século XVIII. Esse pressuposto associa-se estritamente ao individualismo ocidental moderno.

            Ironicamente, é interessante se notar que o cristianismo é um produto do império, o que possibilitou a se tornar uma religião universal, a qual começou como um movimento anti-imperialista. O que se via de fato eram comunidades que experienciavam na vida prática os valores do recém-inaugurado reino de Deus. O ato de compartilhar o pão, as riquezas e o mesmo espaço foi se expandindo e passou a ser visto como força significativa na sociedade em geral. Diante da impossibilidade de sufocar esse movimento, o Império não teve uma alternativa senão usá-lo em seu favor, tornando-o a religião oficial do Estado.

Portanto, um dos quatro coimperadores que partilhavam o governo do Império ao movimento dos nazarenos percebeu que não lhes podia dar fim, que os perseguir nada servia de fato, sendo impossível fazê-los renegar a fé e retornar ao paganismo. Um fato determinante ocorreu com a vitória de Constantino, seguida de um sonho (“com este sinal vencerás”), convertendo-se ao movimento que viria a ser conhecido como cristianismo. À época, pensa-se que apenas cinco ou dez por cento da população do Império (talvez 70 milhões de habitantes) eram cristãos. “A revolução religiosa feita por Constantino, em 312, foi talvez o ato mais audacioso alguma vez levado “a cabo” por um autocrata, desafiando e desprezando o que pensava a grande maioria dos súditos.” (Veyne, 2007).

            Constantino, potentado imaginativo e até megalômano, era também um homem de ação, modelado pela prudência e pela energia; alcançou, pois, os seus propósitos: o trono romano tornou-se cristão e a Igreja transformou-se numa potência. Sem Constantino, o cristianismo teria permanecido uma seita de vanguarda. O tempo avançara: em 312, a religião tolerada era o cristianismo, em 324, era o paganismo (idem).

            A realidade eclesial também passa a ser objeto da política do imperador, que vê na Igreja como um elemento fundamental do seu projeto de governo. Então o concílio, de estrutura interna da Igreja – expressão de sua comunhão de fé e disciplina –, passa a ser um instrumento para a realização do novo papel público de que a Igreja se investiu, para sustentar o bem-estar e a unidade  do Estado (Alberigo, 1995). Essa situação se pereniza até os dias atuais.

            Teologia da Libertação e Comunidades Eclesiais de Base

            Dois fatos tiveram consequências desastrosas em iniciativas norteadoras do Reino de Deus na América Latina, especificamente no Brasil. Esses fatos foram: o triunfo da Revolução Cubana e a sagração do papa João XXIII.

            Passadas mais de seis décadas do embargo dos Estados Unidos para Cuba é possível se compreender o que representou a Revolução Cubana em termos práticos na geopolítica do mundo, mostrando que as iniquidades sociais não são determinismos históricos, mas resultados de estruturas de políticas sociais iníquas e que podem perfeitamente ser superadas. Esse bafio de progresso social atingiu a Igreja Católica, que resolveu adotar posições equivalentes, e elas vieram na II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano em Medellín, que acabou por ser a aplicação do Vaticano II à realidade da Igreja latino-americana. O teólogo brasileiro João Batista Libânio afirmou que a conferência foi “o evento mais importante na década de 1960 para o salto qualitativo da Igreja da América Latina numa linha social”. (1)

            Já o teólogo brasileiro Leonardo Boff considera que a partir dos anos 1960 começou, em quase todos os países latino-americanos, uma crescente conscientização acerca dos reais mecanismos produtores do subdesenvolvimento. (...) Posteriormente, após os anos da repressão mais dura (1968-1974), começaram as bases da Igreja a assumir importância excepcional em termos eclesiológicos e políticos. Era o povo mesmo que assumia seu próprio destino (Boff, 1994).

Libânio afirmou que em fins da década de 1960, a Igreja Católica latino-americana dá o seu salto em direção à justiça social. Uma nova teologia é formulada na periferia do mundo. Nada condescendente com as injustiças no terreno político-econômico. Pensa em uma nova concepção de pecado, o social, asseverando que “lutar pela justiça é lutar pelo reino de Deus”. (1) É nesse cenário que surgiram a Teologia da Libertação e as Comunidades Eclesiais de Base. Os primeiros ensaios daquilo que viria a se constituir na Teologia da Libertação, publicação de 1974, ocorreram por volta do final da década de 1960, por teólogos latino-americanos mais progressistas, insatisfeitos com a “teologia do desenvolvimento” *, dentre esses teólogos, há destaque para Hugo Asmann, brasileiro, que desempenhou um papel pioneiro na elaboração dos primeiros elementos de uma crítica cristã e da libertação ao desenvolvimento (desaollismo), em 1970. A publicação da Teologia da Libertação – Perspectivas coube ao jesuíta peruano Gustavo Gutierrez, desencarnado recentemente.

Na mesma direção, e até de braços dados, surgem as Comunidades Eclesiais de Base.  A principal característica dessas comunidades é a questão fundiária: elas são vítimas da acumulação capitalista, em contraposição com a estrutura da própria Igreja tradicional, hierarquizada, ajustada a uma sociedade de classes, integrada a um projeto das classes hegemônicas. Somadas a essas questões estão o salário, o trabalho, a saúde, a casa, a escola e o sindicato. Na realidade, são invisíveis para esse modelo de sociedade capitalista, onde nada funciona em função delas, nem as leis, nem os juízes, nem o aparato policial, nem os meios de educação; são, na realidade, os espoliados do mundo; os pequenos significados por Jesus de Nazaré. Na realidade, elas sintonizavam com as comunidades como descritas em Atos dos Apóstolos (Boff, 1994).

As comunidades de base são constituídas de 15 a 20 famílias, que se reúnem uma ou duas vezes por semana para discutirem a dinâmica das suas vidas tendo com parâmetro os Evangelhos (idem). Essas comunidades participaram ativamente da oposição popular ao regime militar.

As comunidades eclesiais de base propõem um cristianismo de libertação de um modo geral – traduz-se na utopia sociorreligiosa do “Reino de Deus”, diz o pensador marxista brasileiro Michael Lowi, não como transcendência projetada em outro mundo, mas com uma sociedade nova aqui embaixo, fundada no amor, na justiça e na liberdade. Entretanto, contrariamente ao milenarismo tradicional, este “Reino” não é concebido como iminente, mas sim como fruto de uma longa marcha, (...). As lutas sociais presentes são teologicamente interpretadas como etapas que prefiguram e anunciam o “Reino” (Lowi, 2016).

                O Imperialismo Norte-Americano

            Até os atentados terroristas de 11 de setembro de 2011, os Estados Unidos se consideravam um povo bíblico desde o momento em que começaram a ocupar a Nova Inglaterra. Essa identidade formadora era tão visceral que a própria Revolução Americana foi interpretada como um novo êxodo, uma fuga para longe do novo faraó, Jorge III. Depois, quando a Constituição estava sendo ratificada, os pregadores da Nova Inglaterra aclamaram-na como a nova aliança. Assim como as doze tribos de Israel haviam recebido a aliança no Sinai como modelo de governo civil e farol para a história que se desenvolveria, agora os treze Estados formavam um novo modelo de aliança de governo civil como protótipo para outras sociedades (Horsley, 2004). A América Latina e a Igreja Católica eram determinantes para a consecução desse propósito.

            Os eventos mencionados acenderam o sinal de alerta no Governo norte-americano que enxerga a atuação de forças marxista-leninistas utilizando a Igreja como arma política contra a propriedade privada e o sistema capitalista de produção, infiltrando a comunidade religiosa com ideias que são menos cristãs que comunistas (Nassif, 2024). Logo, com o propósito de entender todo esse contexto que se disseminava na América Latina, o presidente Richard Nixon enviou o rico empresário e político Nelson Rockefeller que, in loco, juntamente com especialistas em todas as áreas, deveria elaborar documento com o propósito de identificar “A qualidade de vida nas Américas”.

A visita ao Brasil ocorreu em junho de 1969, e foi onde a estadia da comissão se demorou mais. Esse documento ficou reconhecido como “Relatório Rockefeller”, cujo resultado ficou longe do que se propusera oficialmente. A avaliação se deu no âmbito militar e sobre as instituições da sociedade civil e política. Evidentemente, o ponto central desse relatório era a guindada à esquerda que a Igreja efetuou com a Teologia da Libertação e as Comunidades Eclesiais de Base, que se voltavam para a opção pelos pobres, contra a pobreza e em favor da justiça social. O contra-ataque do Governo norte-americano viria a se fortalecer com a criação do Comitê de Santa Fé. Todas as contraofensivas irão se consolidar com a intervenção conservadorista da Igreja cujo principal ideólogo foi o teólogo Joseph Aloisus Ratzinger, que foi escolhido Papa Bento XVI, intervenção esta que fica marcante para os brasileiros com o colóquio deste, em setembro de 1984, com o teólogo Leonardo Boff, que posteriormente viria a deixar o clero.

Os movimentos eclesiais de base, de forma protocolar entre o Vaticano – documento Santa Fé I, 1980 – e o Governo Reagan, vão se consolidar como arma política com o Neopentecostalismo, através da Teologia da Prosperidade, elaborada propositalmente para o combate à Teologia da Libertação, proporcionando o encolhimento do Catolicismo e a expansão do movimento evangélico, resultando o caos religioso que ora se enfrenta no Brasil. Principal estudioso do pacto Reagan-João Paulo II, Mark Riebling, traz informações definitivas em seu livro A Equipe da Guerra Fria do Papa João Paulo II e Ronald Reagan com base em arquivos ultrassecretos do Conselho de Segurança Nacional, disponíveis na Biblioteca Ronald Reagan, em Simi Valley, Califórnia.

“Na verdade, os documentos revelam uma corrida contínua para reforçar o apoio do Vaticano às políticas dos Estados Unidos. Revelam também um Vaticano que age politicamente, mas sempre de forma altamente espiritual” (idem).

Os resultados ora vistos não revelam que as questões espirituais do Catolicismo tenham sido prevalentes sobre as questões políticas americanas.

            Não há necessidade de uma inteligência brilhante para que se enxergue nessa resenha que há dois cristianismos: O Cristianismo de Libertação e o Cristianismo de Rebanho. O Cristianismo de Libertação não pode em nenhum momento ser confundido com instituições ditas cristãs, inclusive espíritas, mas sim uma profunda esperança de justiça, de libertação da humanidade sofrida e injustiçada e a real sociedade dos irmãos entre si. Tornar-se-á o resultado da luta, da batalha pela transformação social e histórica da vida humana, da vida não egoísta, será a resultante de uma vida em comum cuja repartição de todos os bens e de todas as necessidades é comum (Mascaro, 2002). Na prática, inconscientemente, o Cristianismo de Rebanho combate o Cristianismo de Libertação, pois instrumentalizado pelo Estado, desde o seu surgimento até os dias atuais, só entende  uma forma discursiva conhecida como apito de cachorro tradicional, que emite ondas sonoras em frequência inaudível aos ouvidos humanos. Esse tipo de discurso não é compreendido pela grande maioria das pessoas. A ideia, no entanto, é exatamente essa. Comunicar aquilo que apenas algumas pessoas possam entender. Nesse sentido, o Cristianismo de Libertação é tratado para as massas como comunismo. Paradoxalmente, a solução apresentada pelo meigo Nazareno para o mundo é aquilo que é odiado pelos seus seguidores, inclusive muitos espíritas.

            A sanha continua!

 

 

(*)Teologia do desenvolvimento é uma declaração de princípios que orienta o trabalho de desenvolvimento de uma comunidade cristã. Ela envolve valores como arrecadação de recursos, contratação de pessoas, oração e ensino bíblico.

 

(1)      https://www.seer.ufal.br/index.php/criticahistorica/article/view/11216

 

           

 

Referências:

ALBERIGO, Giuseppe. História dos concílios ecumênicos. São Paulo: Paulus, 1995.

BETTO, Frei. O que é comunidade eclesial de base. São Paulo: Brasiliense, 1981.

BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e poder. São Paulo: Ática, 1994.

DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

HORSLEY, Richard A. Jesus e o império. São Paulo: Paulus, 2004.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. São Paulo: Lake, 2000.

LOWI, Michael. Cristianismo de libertação. São Paulo: Expressão Popular, 2016.

MASCARO, Alysson. Cristianismo Libertador. São Paulo: Comenius, 2002.

VEYNE, Paul. Quando o nosso mundo se tornou cristão. Rio de janeiro: Texto & Grafi

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