domingo, 3 de março de 2024

POR QUEM OS SINOS DOBRAM

 

 

 


 Por Roberto Caldas

           

  Uma obra publicada em 1940 por Ernest Hemingway (EUA – 21/julho/1899 a 02 /julho/1961) trazia o título “por quem os sinos dobram” numa alusão ao chamado para a ocorrência de um óbito naquela população específica.

            A frase, tomada com pedido de licença ao autor, poderia ser adaptada aos dias atuais em “por quem os gritos gritam” significando qual a ocorrência ou a notícia está sendo espalhada quando se escuta a elevação das vozes que comunicam situações.

            Vive-se, mundo afora, numa conflagração. Os fatos, e a distorção desses, ressoam como se fossem dois lados da moeda, apesar de haver clara manipulação que alimenta objetivo de gerar desinformação e com isso criar o efeito de rebanho. A falta de ponderação e escassez de cultura contextual são as molas propulsoras que cultivam a semente da discórdia

        Jamais houve tanta oposição à santidade do papado entre os católicos em razão das posturas adotadas pelo detentor atual do cargo, que diz defender as ideias de Francisco, o santo. Jamais houve tanta resistência em abrirem-se fronteiras para acolhimento de refugiados em regiões corrompidas pelas guerras. Jamais foi tão assombroso o apoio de faixas da opinião pública mundial aos massacres de etnias, seja no Oriente Médio ou na Amazônia. 

        A condição de Espíritos Encarnados, vivendo numa época de tantas dificuldades, é uma conclamação para que se tome consciência do grito que escuta e do grito que reverbera. Afinal, cada um é agente do próprio crescimento espiritual, o qual acontece dentro das perspectivas de pactuar com a sua época e interferir dentro das possibilidades na realidade objetiva em que se insere.

        Ainda mais quando há a compreensão quanto a perspectiva do que se apresenta no presente seja relacionada diretamente ao tipo de aprendizado que os enganos do passado nos impõem, se importa a lição que ensina a Lei da Reencarnação. Os desafios e dúvidas que disseminam os gritos que se escuta nas proximidades e à distância são sinais para que as pessoas saibam como, porque e com quem se posiciona.

        Ainda mais quando munidos dos ensinamentos da Doutrina Espírita. O texto de Allan Kardec em Obras Póstumas (Orgulho e Egoísmo) sugere a revisão das posições adotadas diante das circunstâncias: “O Espiritismo é, sem contradita, o mais poderoso elemento de moralização, porque mina pela base o egoísmo e o orgulho, facultando um ponto de apoio à moral” e ainda adiante “Ele tomou o homem em meio da vida, no fogo das paixões, em plena força dos preconceitos e se, em tais circunstâncias, operou prodígios, que não será quando o tomar ao nascer, ainda virgem de todas as impressões malsãs; quando a criatura sugar com o leite a caridade e tiver a fraternidade a embalá-lo; quando, enfim, toda uma geração for educada e alimentada com ideias que a razão, desenvolvendo-se, fortalecerá, em vez de falsear? Sob o domínio destas ideias, a cimentarem a fé comum a todos, não mais esbarrando o progresso no egoísmo e no orgulho, as instituições se reformarão por si mesmas e a Humanidade avançará rapidamente para os destinos que lhe estão prometidos na Terra, aguardando os do céu”. Reflitamos: Por quem gritam os nossos gritos?

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