Por Ana Cláudia Laurindo
Desejar felicidades na virada de ano, é uma bela expressão de empatia!
Seria até mesmo deselegante afirmar o contrário, pois este exercício afetivo precisa ser mantido entre o povo brasileiro em tempos de ódio, quando tantos se tornaram irreconhecíveis aos amigos de infância e familiares por causa de ideologias fundamentalistas, extremistas de direita e intolerantes à diversidade de seres e comportamentos humanos.
Mas apesar da graciosidade do desejo, que também reiteramos, existem aspectos da vida social, política, cultural e econômica brasileira que não nos permitem apenas tergiversar sobre boas vibrações (embora também acreditemos nelas).
A análise racional a partir de observações frias, relata que para o ano 2024 o Brasil não leva uma carga de perspectivas promissoras no que se refere à qualidade de vida social, pois a situação econômica extrapola os discursos liberais, e neste cerne (liberal) reside a desdita coletiva.
A retirada de direitos que foi aberta a partir do golpe de 2016 sequer foi remendada no ano 2023, como muitos esperamos. A cartada de força bruta nos balcões políticos partidários onde o mercado financiou os seus representantes e os tornou legisladores em sua causa, segue vencedora, estampando para quem quiser enxergar que o problema do país não era apenas o asqueroso Bolsonaro, mas a essência que o segurou por décadas na política.
2024 será ano de reafirmação de força política localizada por diversos clãs coronelistas, de um lado a outro do país, porque o criadouro de caciques eleitoreiros pode até mudar de nome de uma região para outra, mas não muda um milímetro o modus operandis. Os prefeitos aprenderam a dinâmica neoliberal de negociar concessões de serviços públicos e embolsar milhões facilmente.
Com a manutenção das medidas paliativas em caráter eleitoreiro e o teatro da eleição sem compra de votos (porque todos fingem que não sabem que ela é definidora de vitórias eleitorais) cada pedacinho do Brasil se prepara para o grande evento, com o acréscimo de neste momento histórico o bolsonarismo ter se tornado bandeira de campanha para prefeitos e vereadores no estilo fascista abençoado por inúmeras igrejas.
As perdas de direitos sociais, trabalhistas, e humanitários não recuperados e até esquecidos, nos mantém, enquanto nação, na rota de outras perdas, sob o risco de acostumarmos com estas retiradas até nos tornamos massa amorfa, desconhecedora da cidadania.
Onde não houver conquistas coletivas com perfil comunitário, qualquer naco de ilusão servirá de alento e coerção, dando eco a coros alienados, guiando os passos do Brasil para cada vez mais distante das perspectivas socialistas, marchando em corredor polonês entre o fascismo e o liberalismo descarado, vestido de vermelho.
Gostaríamos de te ver feliz pátria mãe, e enquanto houver vida talvez a esperança não nos tire o direito de lutar, ainda que utopicamente por dias melhores.
Feliz 2024 Brasil, torcendo para que você consiga!
Concordo. Se ouvimos Monte Castelo do Renato, podemos perceber como estão as comunidades, "Estou acordado e todos dormem/Todos dormem, todos dormem". É assim que vejo a apatia daqueles que nem coragem tem de ir votar, de contra argumentar quando uma situação o incomoda. Penso que em parte, já perdemos esta geração. Ela não sente "o amor altruísta". Ela não olha o percurso de sofrimento que tivemos para chegar até aqui.
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