segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

É POSSÍVEL DESEJAR FELIZ 2024 AO BRASIL?

 


Por Ana Cláudia Laurindo

Desejar felicidades na virada de ano, é uma bela expressão de empatia!

Seria até mesmo deselegante afirmar o contrário, pois este exercício afetivo precisa ser mantido entre o povo brasileiro em tempos de ódio, quando tantos se tornaram irreconhecíveis aos amigos de infância e familiares por causa de ideologias fundamentalistas, extremistas de direita e intolerantes à diversidade de seres e comportamentos humanos.

Mas apesar da graciosidade do desejo, que também reiteramos, existem aspectos da vida social, política, cultural e econômica brasileira que não nos permitem apenas tergiversar sobre boas vibrações (embora também acreditemos nelas).

A análise racional a partir de observações frias, relata que para o ano 2024 o Brasil não leva uma carga de perspectivas promissoras no que se refere à qualidade de vida social, pois a situação econômica extrapola os discursos liberais, e neste cerne (liberal) reside a desdita coletiva.

A retirada de direitos que foi aberta a partir do golpe de 2016 sequer foi remendada no ano 2023, como muitos esperamos. A cartada de força bruta nos balcões políticos partidários onde o mercado financiou os seus representantes e os tornou legisladores em sua causa, segue vencedora, estampando para quem quiser enxergar que o problema do país não era apenas o asqueroso Bolsonaro, mas a essência que o segurou por décadas na política.

2024 será ano de reafirmação de força política localizada por diversos clãs coronelistas, de um lado a outro do país, porque o criadouro de caciques eleitoreiros pode até mudar de nome de uma região para outra, mas não muda um milímetro o modus operandis. Os prefeitos aprenderam a dinâmica neoliberal de negociar concessões de serviços públicos e embolsar milhões facilmente.

Com a manutenção das medidas paliativas em caráter eleitoreiro e o teatro da eleição sem compra de votos (porque todos fingem que não sabem que ela é definidora de vitórias eleitorais) cada pedacinho do Brasil se prepara para o grande evento, com o acréscimo de neste momento histórico o bolsonarismo ter se tornado bandeira de campanha para prefeitos e vereadores no estilo fascista abençoado por inúmeras igrejas.

As perdas de direitos sociais, trabalhistas, e humanitários não recuperados e até esquecidos, nos mantém, enquanto nação, na rota de outras perdas, sob o risco de acostumarmos com estas retiradas até nos tornamos massa amorfa, desconhecedora da cidadania.

Onde não houver conquistas coletivas com perfil comunitário, qualquer naco de ilusão servirá de alento e coerção, dando eco a coros alienados, guiando os passos do Brasil para cada vez mais distante das perspectivas socialistas, marchando em corredor polonês entre o fascismo e o liberalismo descarado, vestido de vermelho.

Gostaríamos de te ver feliz pátria mãe, e enquanto houver vida talvez a esperança não nos tire o direito de lutar, ainda que utopicamente por dias melhores.

Feliz 2024 Brasil, torcendo para que você consiga!

Um comentário:

  1. Concordo. Se ouvimos Monte Castelo do Renato, podemos perceber como estão as comunidades, "Estou acordado e todos dormem/Todos dormem, todos dormem". É assim que vejo a apatia daqueles que nem coragem tem de ir votar, de contra argumentar quando uma situação o incomoda. Penso que em parte, já perdemos esta geração. Ela não sente "o amor altruísta". Ela não olha o percurso de sofrimento que tivemos para chegar até aqui.

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