Questão 1018 (O Livro dos Espíritos) –
Jamais o reino do bem poderá ter lugar sobre a Terra?
Resposta: O bem reinará sobre a Terra
quando, entre os Espíritos que vêm habitá-la, os bons vencerem sobre os maus.
Os sofrimentos existentes no planeta Terra
são devidos às imperfeições morais dos seres, encarnados e desencarnados, que
nela habitam. Embora com a intelectualidade até certo ponto desenvolvida e
apurada, as criaturas humanas que aqui se encontram, na sua maioria, estão com
a moral atrofiada pelas paixões inferiores alimentadas pelo orgulho, pelo
egoísmo e pela vaidade, sentimentos estes precursores de todas as desgraças
humanas. A iniquidade reinante no globo terrestre não pode ser ignorada pois,
em todos os recantos do mundo, ela é visível e concreta.
Não duvidamos que a Lei do Progresso é uma
lei natural, emanada de Deus e, por isso mesmo, imutável atingindo a tudo e a
todos. É certo também que o progresso intelectual precede ao progresso moral,
possibilitando ao Espírito saber diferenciar o bem do mal e o certo do errado,
facultando-lhe o merecimento das escolhas acertadas que fizer durante a sua
vida, exercendo, assim, o seu livre-arbítrio.
No entanto, percebemos que a moral, que
deveria acompanhar nas mesmas proporções o crescimento intelectual,
impulsionador do crescimento científico e tecnológico do planeta, não está se
desenvolvendo como deveria. O progresso moral do homem está ainda com passos
lentos e vacilantes, e as evidências desta lentidão estão patentes entre os
povos atuais e antigos, onde podemos observar pelo estudo histórico das
civilizações.
Certa vez, conversando com um amigo, ele me
disse que certo dia foi em um clube assistir a um show de um cantor que ele
admirava. Algum tempo após o início do show, uns amigos ofereceram-lhe bebida
alcoólica. Como ele não ingeria este tipo de bebida, recusou a oferta
esclarecendo que estava apenas tomando refrigerante. De imediato, ele foi
questionado se estava doente ou tomando algum tipo de remédio.
Este é apenas um exemplo clássico da atual
inversão de valores que estamos vivendo. Quem não ingere bebida alcoólica é
tido por “doente”; quem não fuma cigarro, está por “fora” e, quem não usa
qualquer outro tipo de droga, é considerado “careta”.
Foi talvez por isso, por possuir a percepção
do desequilíbrio moral por que passava a humanidade que Rui Barbosa, grande
poeta e estadista brasileiro, sabiamente, escreveu: “De tanto ver triunfar as
nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a
desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
Infelizmente, é o que estamos assistindo
nestes dias de grandes transformações humanas: os mansos e os pacíficos são
rotulados de “moscas-mortas”; os honestos são chamados de “bobalhões” e os
indulgentes de “covardes”.
Quando o homem é forte na sua vontade ele é
capaz de resistir ao assédio constante que o envolve. Quando não, infelizmente,
sucumbe no poder utópico das paixões inferiores, entregando-se aos mais
diversos tipos de viciações, atrasando o seu progresso, a sua jornada evolutiva.
Ninguém seria tão otimista ao ponto de negar
a violência que assola a humanidade terrestre: ela está presente no trânsito,
destruindo vidas e mutilando corpos; nas drogas, acabando com a mocidade e a
adolescência dos nossos jovens nas viciações químicas, levando-os a loucura,
quando não à morte; na prostituição infanto-juvenil, criminosamente conduzida
por seres inescrupulosos e sem valores éticos reais; nas competições
profissionais, acirradas e muitas vezes desonestas; na política, fazendo com
que aqueles que prometeram proteger e auxiliar o povo, subvertam-se das suas
obrigações patrióticas por interesses pessoais e mesquinhos; nas religiões,
onde fanáticos insanos lutam e se aniquilam pela posse de um deus mais forte e
mais poderoso; no lar, pela falta de paciência e do diálogo atencioso dos pais
para com os seus filhos e, consequentemente, o desrespeito dos filhos para com
os seus velhos pais... Tem-se a impressão que os atos violentos, praticados por
pessoas doentias, banaliza-se no curso do tempo; e assim será considerado, caso
não haja a conscientização de todos nós em buscar soluções racionais e eficazes
contra estes fatos degenerantes da moral e da paz.
Mesmo assim, apesar desta violência sufocar,
confundir, assustar e encarcerar o homem na sua liberdade de ir e vir, direitos
estes assegurados pelas leis que regem o nosso país, nunca se assistiu em todos
os tempos, a tantos movimentos organizados por pessoas boas e pacíficas,
tentando melhorar as condições de vida daqueles irmãos menos afortunados,
trabalhando voluntariamente com o objetivo cristão de tornar este mundo um
mundo melhor.
O combate à violência não é obrigação
exclusiva dos grupos governamentais, ele se inicia na batalha íntima contra as
nossas próprias imperfeições, pois, a cada um de nós compete uma parte neste
trabalho de purificação dos sentimentos.
Orando e vigiando, evitando as pequenas
violências e delitos que muitas vezes acontecem na nossa intimidade familiar e,
consequentemente, irradiam-se ao agrupamento maior do qual fazemos parte – a
sociedade –, estaremos contribuindo com a Divindade para a construção de um
mundo mais pacífico e uma sociedade mais irmã, em cuja bandeira do futuro, a
única a tremular em nossos corações, estará escrita, com letras garrafais, a palavra
Amor.
Agradeço ao amigo Jorge Luiz, administrador do Blog Canteiro de Ideias, a confiança por ter publicado mais um texto de minha autoria.
ResponderExcluirCaro amigo Acioli,
ExcluirVocê é e será sempre bem-vindo neste espaço. Os seus pensamentos convergem para os propósitos doutrinários que direcionaram a criação desse espaço. Agradecidos somos nós pela sua presença.
Mais uma mensagem para reflexão no nosso dia a dia. Precisamos assim, buscar mais dentro do nosso "eu", as fagulhas do bem Divino e transforma-las em boas ações, sempre na promoção da harmonia universal.
ResponderExcluirBelas reflexões meu amigo. Continuemos nossa jornada evolutiva, orientados pelo Mestre Jesus.
ExcluirExcelente trabalho, a busca da correção e dos valores morais, deve ser uma constante em nossas vidas.
ResponderExcluirObrigado pelas palavras, meu amigo Ronan.
ExcluirQue Deus nos abençoe e permita sempre que trabalhemos na Seara do Bem.
Prezado Acioli, você traça um panorama realista da situação atual em que vivemos. Em primeiro lugar, é importante ter a consciência clara de como a realidade é. E para isso é necessário que se conheça de fato o desenrolar dos dramas humanos. A partir desse "diagnóstico", poderemos decidir onde e como atuar para dar a nossa contribuição no enfrentamento dos problemas. E você aponta alguns caminhos quando fala de "movimentos organizados por pessoas boas e pacíficas". Penso que é fundamental nos engajarmos num ou noutro desses movimentos e, coletivamente, trabalharmos com dedicação, estudo e inteligência para a melhoria moral das pessoas, consequentemente do mundo. Saudações. Rômulo
ResponderExcluirPrezado amigo,
ExcluirFico feliz por ter gostado do texto como, também, percebi que você sintonizou com minha ideia mãe.
Obrigado por ter lido o texto. Espero que possa ser compartilhado entre os teus amigos.
Meu amigo Acioli
ResponderExcluirExcelente texto para refletirmos. Quando vencermos e submetermos nossas paixões, vícios e vontades, aí chegaremos perto do progresso moral e teremos uma sociedade mais justa