quinta-feira, 25 de junho de 2020

CAUSAS SOCIAIS E EVOLUÇÃO



Não creia que você precisa abraçar todas as lutas para encontrar um lugar politicamente correto nas fileiras da evolução. Isso além de demonstrar fragilidade na compreensão dos processos humanitários pode ser uma armadilha sutil da arrogância, aquela má companheira das nossas provas terrenas.

Contudo, a partir desta humilde demonstração de limites, urge salientar o respeito que precisamos desenvolver pelas lutas desconhecidas que outros tantos estão a travar nesta mesma hora. Pois o tablado da encarnação é complexo e vai muito além do que consegue mapear esta nossa infância nos caminhos do bem.


Ao nos presumirmos capazes de abordar todas as falas e emitir os sons de todas as vozes, por mais que nos esforcemos estaremos muito mais propensos a fazer mal feito do que a colaborar verdadeiramente para a implantação utópica das escolhas que fizemos.

Sim, não são apenas as nossas escolhas que vingarão. Outras feitas por outras pessoas também precisam de sol e ar. Mas isso não significa que as nossas sejam desmerecidas. Bastará por vezes aparar nossas projeções para que não excedam as forças, preparo e até responsabilidades que por ora temos.

Assim lidando com a nossa vida e as vidas das outras pessoas, sejamos honestamente singelos, tenhamos calma e principalmente não busquemos corresponder outras expectativas, pois não teremos deveres com o que as pessoas possam vir a interpretar sobre nós.

Obviamente sei bem do que falo, pois não foi apenas uma vez que indivíduos se aproximaram de mim com suas causas e lutas em punho; algumas vezes em busca de solidariedade e apoio – e sempre que pude ofereci. Mas também existem aqueles outros que angariam adeptos, e estes são os mais ardilosos, por isso prefiro lidar com eles sem níveis profundos de compromisso, porque já tenho meu caminho.

Mesmo quando as causas são humanitárias nós não somos obrigados a sair enchendo as nossas horas com todas que nos cheguem. Alguns não estão preparados para ouvir esta reposta, e a causa mais comum para esta situação se efetivar, é não saber ouvir o outro. Não se dispõem a saber quais são as causas que aquela individualidade inserida em um mar de coletividades, já possa ter escolhido. Em resumo, não sabem respeitar o arbítrio alheio.

Todo leitor de Allan Kardec saberá sobre a importância do arbítrio. Saberá também que não somos orientados a proselitismos nem esforços de convencimento quando cabe ao outro tomar decisões que lhe dizem respeito. Esta é uma sábia postura a ser adotada mesmo na vida social, nas relações, pois é assim que o Espiritismo se confirma na história, saindo da escrita para a atitude.

Se alguma vez já se sentiu mal ou mau por não ter seguido determinados grupos aos quais admira mas não se deseja integrar, aconselho a não alimentar com sentimentos autodepreciativos a cultura da manipulação que tem crescido por trás de muitos discursos. Isto é requisito de autonomia que precisamos aprender a manifestar, falar sobre, defender nossas decisões.

Admirando e respeitando muitas lutas, seguiremos fazendo outras tantas. E se alguém tentar diminuir o efeito das causas as quais abraçamos, nosso real compromisso será com a continuidade, com o equilíbrio de nos pertencer e direcionar a doação de nós mesmos, ou não.

Ser aceito primeiro por nós, como somos, é o ponto de partida para eventos exitosos nas relações estabelecidas. Pois o contrário nos torna dependentes, e esta condição nos torna trunfo do manipulador.

Por mais que louvemos os grandes feitos humanitários transformadores de histórias, se não formos capazes de lidar com a nossa própria, pouco poderemos fazer além nos arriscarmos atuar com fantoches de alguém.

Ser espírita não passa por ingênuas posições diante da vida e da sociedade, isto pode rimar bem com imaturidade. Porque o Espiritismo nos esclarece a tal ponto, que nem a pressa nem o medo da opinião nos abala ou influencia.

Se não respeitam a sua causa, abençoa e segue no trabalho que te reclama fidelidade após ter sido escolhido livremente por ti.


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