segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A COMPREENSÃO É GRADATIVA¹




Por Roberto Caldas (*)



A Doutrina Espírita descortinou um novo tempo nos meados do século XVIII, mas não permaneceu como uma novidade presa a sua época, como tantas ondas que acabaram se transformando em marolas e, portanto retiradas da história, apesar de todos os clamores que levantaram no momento em que aparecem em forma de tsunami. Os espíritas compreendem o porquê desse caráter de fortificação das idéias do Espiritismo à medida que passam os anos. Aceitamos que Jesus prenunciou o advento do Espírito da Verdade enquanto ainda encarnado, ao propor em João (XIV – 15 a 17 e 26) que o Pai enviaria outro consolador para ensinar novas coisas e lembrar outras tantas já esquecidas.

Também compreendemos porque tantas pessoas ainda se mantém afastadas da Doutrina Espírita guardando certos receios, apesar de se sentirem atraídas pelos conceitos que depreendem de comentários que escutam sem jamais terem ido à fonte para investigação. Não é por acaso que os censos populacionais mostram o quanto as pessoas são abertas ao pensamento espírita apesar de se dizerem profitentes de outras denominações religiosas. Acontece que a mensagem espírita vem trazendo uma explicação simples para as dúvidas milenares que se encontravam encobertas por dogmas de fé, o que permite aos ditos simpatizantes se saciarem de sua fome de lógica, ao mesmo tempo em que não impõe uma obrigação litúrgica sectária, o que permite às pessoas entenderem certos aspectos da vida espiritual sem perderem as suas raízes doutrinárias esculpidas em sua infância.
Vejamos um exemplo simples do enunciado acima. Alan Kardec dispõe na introdução de O Livro dos Espíritos, como idéia inicial o conceito de Alma (“o ser imaterial e individual que existe em nós e que sobrevive ao corpo”) e o que parecia apenas um dogma, e na imaginação das pessoas a imagem de um lençol ambulante, reveste-se de um perispírito que lhe dá forma tangível depois da morte podendo se comunicar com as pessoas que ficaram na Terra depois de sua morte, agora chamada de desencarnação, pois a vida se amplia quando chega o momento de deixar o corpo e as relações de amizade permitem que os laços de afeto se estendam além da existência física.
Muitas são as mensagens que trazem luz e orientação aos homens, e todas são bem vindas para que amenizemos outras milhares que seduzem e jogam para o cadafalso das ilusões. Nenhum, porém com o alcance daquela que traz o ser encarnado à compreensão da imortalidade responsável. Mensagem universal que não se lança à cata de conversão a qualquer custo, O Espiritismo entende que a cultura espiritual é gradativa e que a cada um é dado o momento de experimentar a necessidade da mudança conceitual sem pressa, apenas restabelece como prévia a qualquer aspirante à paz interior o velho preceito de Jesus, segundo o qual não se faz ao próximo o que não deseja para si.
A Doutrina Espírita surgiu e se mantém no mundo com a clara intenção de revelar ao mundo que somos Espíritos imortais em uma romagem física temporária que se repetirá quantas vezes necessárias até que experimentemos a felicidade em nossos corações e decreta em uníssono com Jesus que “nenhuma ovelha se perderá do redil”.       

¹ editorial do programa Antena Espírita de 02.02.2014.
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.


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