sábado, 23 de abril de 2016

INDESFRUTÁVEIS CELEIROS

        O campo de um homem rico produziu em abundância. Arrazoava consigo mesmo: – Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos.

      E disse: – Farei isto: demolirei os meus celeiros, construirei outros maiores e neles amontoarei toda a minha colheita e os meus bens.  Então, direi à minha alma: – Tens em depósito muitos bens para muitos anos. Descansa, come, bebe e regala-te!

          Mas Deus lhe disse: – Insensato, nesta noite pedirão a tua alma, e o que amontoaste de quem será? Assim acontece a quem entesoura para si e não é rico relativamente a Deus.

         Jesus aborda aqui um dos seus temas prediletos: As riquezas ou, mais exatamente, a preocupação com os bens materiais, em detrimento dos bens espirituais.  A ilusão sobrepondo-se à realidade. O transitório ao permanente.

            Para muitos a visão da vida não vai além dos horizontes humanos. Sabem que a morte é a única certeza da vida.  Em alguns anos ou algumas décadas, todos retornaremos ao Além. No entanto, agem como se devessem estagiar na carne indefinidamente. Por isso, envolvem-se em demasia com valores efêmeros.
         Jesus recomenda que sejamos ricos diante de Deus, uma riqueza formada de valores imperecíveis. A virtude e a sabedoria, que conquistamos com o aprimoramento espiritual e intelectual, constituem bens inalienáveis que nos favorecerão onde estivermos.

            Isto não significa que devamos ser pobres diante dos homens. Não é pecado ter dinheiro. Podemos melhorar nosso padrão de vida, desfrutar de conforto, desde que observemos dois princípios fundamentais: Honestidade e desprendimento.

            Nossas iniciativas envolvem pessoas que nos compete respeitar. Cobramos o preço justo por nossos serviços? Remuneramos adequadamente nossos funcionários? Vendemos nosso produto sem explorar o comprador ou lesá-lo em sua boa fé? Agimos com justiça em nossas transações?

            Diz eufórico o empresário: – Fiz um excelente negócio! Comprei um imóvel por um quarto do valor de mercado. O proprietário estava com a corda no pescoço.

            Ótima compra, sob o ponto de vista humano. Uma desonestidade perante Deus.  Não pagou o preço justo. Aproveitou-se da infelicidade alheia.

            Por outro lado, não podemos esquecer que detemos os bens materiais em caráter precário. Não nos pertencem. Deles prestaremos contas a Deus. Por isso, podemos nos dar muito bem ou muito mal com nosso dinheiro.

            Se o usamos para ajudar e amparar os menos afortunados, estaremos construindo um futuro de bênçãos. Se, porém, nos apegamos, estaremos apenas cristalizando tendências à usura e à ambição, que resultarão em amargos desenganos quando formos chamados a prestar contas de nossa existência.

            Oportuno lembrar a história daquele homem que foi convocado ao tribunal. Preocupado, procurou um amigo.

            – Sinto muito, mas não posso acompanhá-lo. O juiz é severo. Não me dou bem com ele.
            Apelou para outro: – Vou com você até a porta do tribunal.  Ficarei torcendo, do lado de fora…
            O terceiro amigo agiu diferente: – Sem problema! Estarei presente. Serei seu defensor, farei valer seus direitos!
            Traduzindo: O tribunal – a morte.  Todos seremos convocados um dia. O juiz – consciência.  Avaliará com absoluta imparcialidade nossas ações.
            O primeiro amigo – os bens materiais. Úteis na Terra. Nada significam no Além. O segundo amigo – a família.  Fica conosco até o instante final, mas não nos acompanha. Apenas torce por nós. O terceiro amigo – as boas ações. Entrará conosco. Fará valer os nossos direitos. Assegurará futuro tranquilo e feliz para nós.

            Grande amigo! Não o percamos de vista!  A seu lado estaremos sempre bem, na Terra ou no Além!

(*) participa do movimento espírita desde 1957, quando integrou-se no Centro Espírita "Amor e Caridade", que desenvolve largo trabalho no campo doutrinário de assistência e promoção social.
Articulou o movimento inicial de instalação dos Clubes do Livro Espírita, que prestam relevantes serviços de divulgação em dezenas de cidades. É colaborador assíduo de jornais e revistas espíritas, notadamente "O Reformador", "O Clarim" e "Folha Espírita".
Algumas de suas obras:   Abaixo a Depressão!,  Antes que o Galo Cante, Mediunidade - Tudo o que Você Precisa Saber, Para Rir e Refletir, Quem Tem Medo da Morte? Reencarnação, Tudo o que Você Precisa Saber, Rindo e Refletindo com Chico Xavier, Setenta Vezes Sete, Suicídio Tudo o Que Você Precisa Saber!,Trinta Segundos.

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