quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O TEMPO - PRESENTE DO ETERNO



“Comparemos a Providência Divina a estabelecimento bancário, operando com reservas ilimitadas, em todos os domínios do mundo. Pela Bolsa de Causa e Efeito, cada criatura retém depósito particular, com especificação de débitos e haveres, nitidamente diversos, mas, pela Carteira do Tempo, todas as concessões são iguais para todos.”
                                                              (Estude e Viva, F.C. Xavier e Waldo Vieira)





            Toneladas de fogos de artifícios! Expectativas! Simpatias! Bebidas! Músicas! Tudo para atender a demanda do sensorial. Eis um pequeno resumo do que é a passagem do ano em todo o mundo. Em pouco tempo, a vida volta à rotina e se percebe que tudo continua como dantes no quartel d’ Abrantes.
            Envolto nos burburinhos da vida o homem não dispensa um tempo do seu tempo para meditar sobre o significado e a importância do tempo em sua vida.
            “O que é o tempo afinal? Se ninguém me pergunta, eu sei; mas, se me perguntam e eu quero explicar, já não sei.” Assim, Agostinho de Hipona conhecido universalmente como Santo Agostinho, define o tempo em sua autobiografia Confissões. Talvez uma das melhores definições sobre o tempo, pois atende à compreensão do vulgo. Quem poderá defini-lo?
            O Espírito Galileu, em “A Gênese”, no capítulo VI, assim define o tempo:

“O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é susceptível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela não há começo, nem fim: tudo lhe é presente.” (grifos nossos)

            Portanto, o passado e o futuro só existe para efeito de consciência. O tempo é o agora. O tempo é o devir.
            Novamente em Santo Agostinho, se encontra afirmativa vigorosa e que concilia com outros filósofos e pensares científicos contemporâneos:

“O que agora se mostra com a clareza da evidência, é que nem o futuro nem o passado existem.”
           
            Para G.I. Gurdjieff (1866-1949), místico e filósofo armênio o “tempo é respiração. Tente compreendê-lo.” Bela definição! 
O tempo aqui em comento, é o tempo da alma, o tempo do Espírito, definido por alguns filósofos como temporalidade, ou seja, a unidade dentro da consciência, do passado, do futuro e do presente, e não o tempo do mundo.
           Para Aristóteles (348-322 a.C), filósofo grego e discípulo de Platão, o tempo só existe na perspectiva do estado de mudança, quando isso não ocorre, não percebemos o tempo:

“Já que não tomamos consciência do tempo quando não distinguimos nenhuma mudança, e a alma parece permanecer num estado uno e indivisível, e que, ao contrário, quando percebemos e distinguimos uma mudança, então dizemos que passou o tempo, é claro que não há tempo sem movimento nem mudança.”
           
O tempo, portanto, é presente do eterno. É capital inesgotável ao dispor do Espírito encarnado, para a construção da sua regeneração. É de fundamental importância o aproveitamento dos anos, dos meses, das horas, dos minutos e segundos na obra que se vem realizar, ou seja, a construção do Reino de Deus em nós, conforme assinala o Mestre Galileu. Os Benfeitores Espirituais afirmam, no entanto, que muitos Espíritos retornam ao mundo espiritual de “mãos vazias” em decorrência do mal uso do tempo na dimensão do corpo.
A esse respeito o Espírito Massilon, em mensagem inserta na Revista Espírita de novembro de 1860, assim se reporta:

“Se, por um instante, pudésseis refletir sobre a perda de tempo, mas refletir muito seriamente e calcular o imenso erro que cometeis, veríeis quanto esta hora, este minuto escoado inutilmente que não podeis recuperar, poderia ser necessário ao vosso bem futuro. (...) E se usastes mal, um dia sereis obrigados a repará-lo pela expiação, e, talvez, de maneira terrível.”! O que não daríeis, então, para recuperar o tempo perdido!

Já o Espírito Marcilac, em mensagem na Revista Espírita, junho de 1861, seguindo o raciocínio do Espírito Massilon, considera que para os Espíritos inferiores, em especial os que têm faltas pesadas a expiar, o tempo se mede por seus pesares, seus remorsos e seus sofrimentos, fazendo-o tão pesado. Para os Espíritos superiores, o tempo passa mais depressa, pois percorrer as esferas em voo mais rápido.
Vê-se, pois, que a reflexão do tempo nesses dias, nessas horas, é de fundamental importância para o revigoramento das nossas potencialidades evolutivas, buscando a verdadeira compreensão acerca do real sentido da vida, da morte e do próprio tempo.


Com a palavra final, os Espíritos Emmanuel e André Luiz, na obra já citada, Estude e Viva:

“Para isso, reflitamos: o ontem ter-nos-á trazido a luz da experiência e amanhã   decerto nos sugere luminosa esperança. A melhor oportunidade, entretanto, não se chama ontem nem amanhã. Chama-se hoje. Hoje é o dia.”


Um comentário:

  1. Boa e profunda reflexão. Enriquece-nos ver o assunto através da lógica, com o perfilamento das ideias de diversos pensadores, onde se inclui, com destaque, o pensamento espírita.

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