terça-feira, 26 de maio de 2015

DOUTRINA ESPÍRITA E PONTOS DE VISTA¹



           

Por Roberto Caldas (*)



         É quase fatal que as disciplinas científicas se encontrem em determinados pontos para reforçarem mutuamente os itens em que revelam verdades em comum. A Doutrina Espírita, especialmente em relação aos seus aspectos científicos, estabelece pontes em direção a uma infinidade de outras concepções que desfraldam conhecimentos importantes para a evolução da humanidade. Pelo simples fato de que nada foi criado a partir da Codificação Espírita, senão retirados os véus da ignorância de uma infinidade de conceitos que eram repassados apenas para iniciados ou mantidos à distância do homem de senso comum. Ora, não fazendo programas de iniciação, a Doutrina Espírita vulgariza uma série de ensinamentos que fazem parte do conhecimento milenar do gênero humano, traduzindo em linguagem destituída de simbologias, realidades assim compreendidas desde longa data.

            Para tal consecução precisou adotar metodologias que diferem daquelas escolhidas pelos demais portais científicos, mesmos aqueles com os quais mantém uma relação direta, visto que para cumprir as suas finalidades tornou-se imperioso que criasse uma identidade própria, a fim de que não se corresse o risco de perder-se num enovelado de temas que terminam por levar a um labirinto de difícil desbravamento. Pelo volume de temas que drenam para o estuário do Espiritismo, sendo uma doutrina reveladora das verdades que se encontram entre a terra e o céu, facilmente o estudioso mais curioso corre o risco de passar a sua atenção para as disciplinas que lhe subsidiam, sem se aperceberem que as mesmas foram alavancadas pela reluzente revelação da vida depois da morte e da relação entre os mundos visível e invisível.
            Desta forma, muitos companheiros param os estudos da Codificação e a simplicidade das práticas espíritas para discutirem temas que se encontram a um passo atrás do descortinar das realidades espirituais. Deus é a Grande Realidade, nem por isso precisamos reduzir à Teologia o tempo de estudos doutrinários. A Diversidade dos Mundos Habitados é Um princípio doutrinário é um princípio doutrinário, mas nem por isso haveremos de parar as atividades para transformar o grupo espírita em um observatório de Astronomia. A Reencarnação é um fato, mas não é necessário que drenemos as forças para realizar sessões de terapia regressiva. O passe é um fenômeno misto de energias espirituais e magnéticas oriundas do próprio operador, mas não é o estudo do magnetismo animal que vai lhe conferir idoneidade. Os efeitos das energias afetam grandemente o corpo físico, contanto isso não autoriza a tornar-se o centro espírita uma casa de curas com práticas de Reiki, Homeopatia, Cirurgias, Cromoterapia e outras práticas igualmente respeitáveis, pois as mesmas devem estar restritas a institutos que se ocupam de tais estudos.
            Precisamos deixar o personalismo à parte em nossas práticas espíritas, talvez o maior sequestrador de personagens que se diziam espíritas, e hoje não mais o digam por terem criado doutrinas próprias, as quais se os fazem felizes está tudo certo, melhor assim. A finalidade do Espiritismo é o aperfeiçoamento humano. Segundo Herculano Pires (em O Centro Espírita): “O Espiritismo se liga a todos os campos das atividades humanas, não para entranhar-se neles, mas para iluminá-los com as luzes do Espírito. Servir o Mundo através de Deus é a sua função, e não servir a Deus através do Mundo, que nada pode dar a Deus, senão a obediência às leis divinas”.     

¹ editorial do programa Antena Espírita de 24.05.2015.

(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
           

Um comentário:

  1. Caro Roberto,
    Você foi ao âmago da questão. Foram as pequenas concessões da Igreja, que ao longo do tempo deformaram a Boa Nova. Parabéns!

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