Por Roberto Caldas (*)
É quase fatal que as disciplinas científicas
se encontrem em determinados pontos para reforçarem mutuamente os itens em que
revelam verdades em comum. A Doutrina Espírita, especialmente em relação aos
seus aspectos científicos, estabelece pontes em direção a uma infinidade de
outras concepções que desfraldam conhecimentos importantes para a evolução da
humanidade. Pelo simples fato de que nada foi criado a partir da Codificação
Espírita, senão retirados os véus da ignorância de uma infinidade de conceitos
que eram repassados apenas para iniciados ou mantidos à distância do homem de
senso comum. Ora, não fazendo programas de iniciação, a Doutrina Espírita
vulgariza uma série de ensinamentos que fazem parte do conhecimento milenar do
gênero humano, traduzindo em linguagem destituída de simbologias, realidades
assim compreendidas desde longa data.
Para
tal consecução precisou adotar metodologias que diferem daquelas escolhidas
pelos demais portais científicos, mesmos aqueles com os quais mantém uma
relação direta, visto que para cumprir as suas finalidades tornou-se imperioso
que criasse uma identidade própria, a fim de que não se corresse o risco de
perder-se num enovelado de temas que terminam por levar a um labirinto de
difícil desbravamento. Pelo volume de temas que drenam para o estuário do
Espiritismo, sendo uma doutrina reveladora das verdades que se encontram entre
a terra e o céu, facilmente o estudioso mais curioso corre o risco de passar a
sua atenção para as disciplinas que lhe subsidiam, sem se aperceberem que as
mesmas foram alavancadas pela reluzente revelação da vida depois da morte e da
relação entre os mundos visível e invisível.
Desta
forma, muitos companheiros param os estudos da Codificação e a simplicidade das
práticas espíritas para discutirem temas que se encontram a um passo atrás do
descortinar das realidades espirituais. Deus é a Grande Realidade, nem por isso
precisamos reduzir à Teologia o tempo de estudos doutrinários. A Diversidade
dos Mundos Habitados é Um princípio doutrinário é um princípio doutrinário, mas
nem por isso haveremos de parar as atividades para transformar o grupo espírita
em um observatório de Astronomia. A Reencarnação é um fato, mas não é
necessário que drenemos as forças para realizar sessões de terapia regressiva.
O passe é um fenômeno misto de energias espirituais e magnéticas oriundas do
próprio operador, mas não é o estudo do magnetismo animal que vai lhe conferir
idoneidade. Os efeitos das energias afetam grandemente o corpo físico, contanto
isso não autoriza a tornar-se o centro espírita uma casa de curas com práticas
de Reiki, Homeopatia, Cirurgias, Cromoterapia e outras práticas igualmente
respeitáveis, pois as mesmas devem estar restritas a institutos que se ocupam
de tais estudos.
Precisamos
deixar o personalismo à parte em nossas práticas espíritas, talvez o maior sequestrador
de personagens que se diziam espíritas, e hoje não mais o digam por terem
criado doutrinas próprias, as quais se os fazem felizes está tudo certo, melhor
assim. A finalidade do Espiritismo é o aperfeiçoamento humano. Segundo
Herculano Pires (em O Centro Espírita): “O Espiritismo se liga a todos os
campos das atividades humanas, não para entranhar-se neles, mas para
iluminá-los com as luzes do Espírito. Servir o Mundo através de Deus é a sua
função, e não servir a Deus através do Mundo, que nada pode dar a Deus, senão a
obediência às leis divinas”.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 24.05.2015.
(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Caro Roberto,
ResponderExcluirVocê foi ao âmago da questão. Foram as pequenas concessões da Igreja, que ao longo do tempo deformaram a Boa Nova. Parabéns!