terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

E POR FALAR EM CARNAVAL...¹




                 Vivemos no mundo das formas. Não há como escapar das impressões dos sons e das imagens. O espetáculo das cores impregna-nos sobremodo os condutores nervosos que dão passagem aos estímulos. Nosso organismo é um verdadeiro carrossel de vibrações emitindo a cada momento ondas eletromagnéticas para a formação das construções invisíveis que circundam e envolvem o ambiente aparentemente material que identificamos ao derredor. O pensamento, como o grande maestro dessa criação, é que estabelece o padrão de salubridade que emitimos nas variações que as emoções permitem.
            O passo, o compasso, o ritmo, a dança. Maneirismos de um corpo dotado de nervos, ossos e músculos em sucessivos movimentos de contrações e relaxamentos combinados numa intencionalidade programada. Solitários ou agrupados formamos os pelotões de pessoas que povoam o planeta e dão o tom das conquistas e controvérsias que vemos estampadas nas manchetes dos jornais diariamente.

            Na rotina necessária para os atos comuns da sobrevivência gastamos a maior parte das energias que produzimos e aplicamos a maior parte do tempo disponível. Natural que aguardemos os períodos de calendário que possibilitem uma fuga dos compromissos de cada dia, mormente liberando das exigências de trabalho enquanto abrem perspectivas para o lazer. É nesse contexto que o carnaval se apresenta como uma oportunidade de descanso e descontração. E se é carnaval, lógico que é tempo de festejar, viajar, visitar os amigos, reencontrar pessoas. Pena que, da mesma forma que acontece em outras circunstâncias em que há longos períodos de feriados, se precise aumentar os estoques de sangue nos hospitais e a polícia tenha que aumentar o seu efetivo de homens nas ruas.
            Demoramos a compreender que, segundo o chamado de Paulo de Tarso em Coríntios (I:12), “tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém”. A manutenção da atitude responsável é uma demanda que extrapola a vivência de momentos, embora possamos nos sentir licenciados pela própria consciência para viver a plenitude que a existência nos coloca a frente. Queiramos ou não a natureza espiritual que nos caracteriza se impõe além de qualquer outra condição passageira. A importância de vivermos condicionados pelos princípios da harmonia coletiva é um convite para experimentarmos as oportunidades da vida com o olhar claro que dispõe a uma busca de equilíbrio de ações em qualquer situação.

            Extravasar alegria não se contrapõe a fazer melhor o mundo em que vivemos. Transbordar as tensões não contraria uma construção coletiva sadia. Explodir de alegria cabe numa empreitada de socialização sensata. Se o carnaval é a festa do sensório, e parece que é mesmo, é possível fazer de sua existência um espaço para expandir a capacidade dos nossos corpos físicos sem onerar-lhes a economia. Podemos usufruir dos sons e das imagens, das cores e das vibrações utilizando-as para festejar a vida sem medo de ser feliz. Estejamos atentos sempre de que uma construção pode levar anos para ser erigida e alguns minutos para que se destrua. Sejamos responsáveis com as oportunidades de celebração e celebremos a cada momento.   

¹ editorial do programa Antena Espírita de 08.02.2015.

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