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NOVA ENCARNAÇÃO - UMA OPORTUNIDADE¹

                 


 Por Roberto Caldas (*)



                 

                               Agradeçamos a Deus o grande presente que é a nossa atual encarnação. Ancorada em nossas experiências do passado a nossa atual existência é a grande oportunidade de acerto e reajuste patrocinado pela seleção de eventos que se apresentam em nossas rotinas.
            A importância da nossa encarnação transparece na questão 166 de O Livro dos Espíritos quando se interroga como a alma que não alcançou a perfeição durante a vida corporal, pode acabar de se depurar. A resposta não se faz reticente: “Submetendo-se à prova de uma nova existência.” Lógico que a nova existência terá uma relação aproximada àquela que a antecedeu sem a obtenção de resultados satisfatórios. Depreende-se daí que os aprendizados quando não completos exigem um retorno para lhes dar continuidade.

            Sem exceção estamos relacionados com as condições exatas que precisamos para exercitar as conquistas que a nossa consciência indica. Apesar das grandes discussões em torno do conceito de consciência, lembremos que os Espíritos respondem a Allan Kardec que é na consciência onde está escrita a lei de Deus (LE, q. 621). O que significa que todas as pessoas encarnadas, excetuando-se aquelas em avançado estado de perturbação psíquica e emocional, sabem exatamente o que precisam realizar para atingir os objetivos da encarnação presente. Se pairar alguma dúvida basta olhar para as situações que se repetem em nossa rotina e será possível avaliar quais as mudanças que precisam ser empreendidas no nosso caminho.
            O motivo de termos frustradas as muitas tentativas de organização no nosso mundo psíquico ao longo das muitas encarnações se deve, entre outras razões, ao fato de ignorarmos a possibilidade do pensamento reflexivo em cada oportunidade em que somos chamados a decidir em relação às questões mais graves da estrada. Desconsideramos que cada desafio novo que surge é uma oportunidade que se abre e exige a coragem de deixar os antigos conceitos para que se aprendam outros. Desconhecemos que o que somos hoje está muito longe do que precisamos para alcançar a elevação espiritual apropriada e cometemos grave erro ao afirmar que “é assim que sou e é assim que faço”, pois essa postura conservadora é uma das grandes responsáveis pela permanência onde não queremos, com quem não desejamos, em uma situação de contínuo desconforto.
            A atual encarnação propõe o desafio de tornar-nos novo todos os dias, com total abertura mental para a valorização das lições que podem fazer a grande diferença na conquista de paisagens que tragam mais satisfação, leveza e harmonia aos dias a serem vividos.
            Toda encarnação nova sobre a Terra tem os seus objetivos e o seu planejamento. Ambos levam à efetivação de uma caminhada em direção à lucidez de Espírito. Ambos são destituídos de qualquer ranço de castigo ou punição, pois a Bondade Divina não pune nem castiga. Cabe aos Espíritos encarnados no planeta, especialmente aos espíritas, pararmos de evocar desculpas e fazermos dessa existência aquela definitiva para a aquisição de nossas credenciais à conquista de uma condição espiritual superior.
            Todo o tempo que gastamos, nos desculpando ou culpando os outros, pode ser aproveitado para a implantação do Reino de Deus dentro de nossas consciências.   

¹ editorial do programa Antena Espírita de 22.06.2014.
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.   


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