sábado, 9 de novembro de 2013

A DOUTRINA ESPÍRITA APLICADA AO QUOTIDIANO - II










LE. Q 934 – A perda dos entes que nos são caros não constitui para nós legítima causa de dor; tanto mais legítima quanto é irreparável e independente de nossa vontade?

Resposta: “Essa causa de dor atinge assim o rico, como o pobre: representa uma prova, ou expiação, e comum é a lei. Tendes, porém, uma consolação em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos.” Livro dos Espíritos – Allan Kardec.



 Por Francisco Castro (*)




                Continuando a linha que iniciamos e que consta do título, permanecendo ainda na Parte Quarta de “O Livro dos Espíritos”, no Capítulo I, que trata das Esperanças e Consolações, mais precisamente na seção que enfoca a “Perda dos entes queridos”, fato que, como disseram os Espíritos, tanto afeta o rico como o pobre, portanto, está sempre presente em nossas vidas, vamos discorrer sobre a parte final da resposta que Allan Kardec obteve dos Espíritos à pergunta que havia formulado e que transcrevemos acima, pergunta e resposta.
“O Livro Dos Espíritos” teve a sua primeira edição apresentada em 18 de Abril de 1857 e continha apenas 501 Perguntas formuladas por Allan Kardec e respondidas pelos Espíritos. Sendo, posteriormente, bastante ampliada na segunda edição, passando a ter 1019 Perguntas, da mesma forma, formuladas por Allan Kardec e respondidas pelos Espíritos Codificadores.
Essa segunda edição, que se tornou a definitiva, foi anunciada na Revista Espírita de Allan Kardec em março de 1860. Entendemos que esse esclarecimento se faz necessário, posto que, nem todos os que venham a ter acesso a esse texto, tenham algum conhecimento da Doutrina Espírita.

            Voltando ao conteúdo da resposta dada pelos Espíritos, devemos entender que chorar a perda de entes queridos deve ser encarado como algo muito natural, haja vista como os Espíritos iniciam a resposta à pergunta formulada por Allan Kardec, se referindo que é uma dor que atinge a todos, independente de sua condição econômico-financeira. Para, logo em seguida, se referirem que há uma consolação, que é o fato de podermos nos comunicar com os que deixaram esse mundo, pelos meios que estão ao nosso alcance.
            Os meios disponíveis naquela época, e ainda hoje muito comum, eram os médiuns, surgidos em muitos lugares na França e em vários países, como a Rússia, Inglaterra, Alemanha, Itália, inclusive no Brasil, dentre outros. Ainda hoje o meio mais comum de se obter contato com o mundo espiritual, onde se encontram os Espíritos que deixaram o corpo físico, é através dos médiuns, nem sempre médiuns espíritas, porque essa faculdade é uma disposição orgânica.
            Na parte final da resposta a essa pergunta de nº 934, os Espíritos afirmam:enquanto não dispondes de outros meios mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos”. O que nos chamou a atenção foi o fato de que os Espíritos deixaram grifada essa parte da resposta, o que nos fez imaginar que pudesse se tratar de um erro de tradução, no caso, de Guilhon Ribeiro, que é a tradução que usamos costumeiramente, daí ter procurado consultar outras edições.
            Consultando a tradução de Salvador Gentile, tanto a publicada pela IDE-Editora, como a editada pela Boa Nova-Editora, em ambas encontramos o grifo, embora na edição da IDE tenha uma pequena diferença. Estendendo mais a nossa consulta, verifica-se que Herculano Pires não faz qualquer distinção no texto da resposta, enquanto a tradução de Anna Blakwell para o inglês mantém grifada a segunda parte da resposta dos Espíritos e, concluindo nossa pesquisa, visitamos a edição francesa da LES EDITIONS PHILMAN, e encontramos essa parte final da resposta em itálico, ao contrário da parte inicial da resposta que se encontra em romano.
            O leitor pode estar pensando que isso é preciosismo da nossa parte, mas não é, essa questão nos chamou a atenção a partir do relato de D. Ivone do Amaral Pereira, no livro “Devassando o Invisível” - FEB - Editora, cuja primeira edição data de 1963, quando ela relata um fato ocorrido em 1915, em São João Del-Rey – Minas Gerais, de uma comunicação através do médium Silvestre Lobato, um médium muito acreditado naquela época: 

“O Espírito Bezerra de Menezes anunciou o advento do Rádio e da Televisão, asseverando que este último invento (ou descoberta) facultaria ao homem, mais tarde, captar panoramas e detalhes da própria vida no Mundo Invisível, antecipando, assim, que a Ciência, mais do que a própria Religião, levaria os Espíritos muito positivos a admitir o Mundo dos Espíritos, encaminhando-os para Deus”.

            O nosso objetivo ao fazer essa pesquisa é o de encontrar uma possível ligação entre a comunicação do Espírito Bezerra de Menezes, no início do Século XX, com o que disseram os Espíritos Codificadores a Allan Kardec mais ou menos na metade do  Século XIX, deixando entrever que as pesquisas tecnológicas trariam aquilo que os cientistas tanto procuram, que são evidências materiais, sem qualquer tipo de intervenção humana, que possam confirmar, ou não, a realidade espiritual.
É bom lembrar que o rádio só veio surgir no Brasil a partir do ano de 1919 e a televisão vários anos depois! As pesquisas não param, a ciência avança sempre, mais dia menos dia os pesquisadores vencerão essa dificuldade, que não é de todo instransponível, que é o fato muito conhecido e repetido, de que o telefone toca é de lá para cá e não daqui para lá.
Como o nosso planeta enfrenta momentos de muitas dificuldades em termos de violência, drogas e corrupção, a comprovação de que o talão de cheques não compra o reino dos céus, isso certamente levará a que a humanidade reveja suas atitudes e hábitos, valorizando mais, definitivamente, o ser ao invés do ter, passando a dar mais crédito aos valores morais que aos bens materiais!
            Quando essa época chegar, que se espera não esteja muito longe, poderemos imaginar um mundo melhor em que a certeza de que os nossos afetos continuam vivendo, apenas em outra dimensão da vida, nos trarão um grande conforto pela alegria de que um dia iremos reencontra-los e a Doutrina Espírita terá prestado mais esse grande serviço à humanidade!            


(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.       

4 comentários:

  1. Francisco Castro de Sousa10 de novembro de 2013 às 00:36

    JORGE, GOSTEI DA ILUSTRAÇÃO. ESPERO QUE OS LEITORES APRECIEM!

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  2. Castro,
    Parabéns! Trabalho de pesquisa!
    Abração!

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  3. TRANSCOMUNICASTRO!!!!! Excelente texto! Roberto Caldas

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  4. Muito bom artigo caro Castro. Parabéns.

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