Pular para o conteúdo principal

A DOUTRINA ESPÍRITA APLICADA AO QUOTIDIANO - II










LE. Q 934 – A perda dos entes que nos são caros não constitui para nós legítima causa de dor; tanto mais legítima quanto é irreparável e independente de nossa vontade?

Resposta: “Essa causa de dor atinge assim o rico, como o pobre: representa uma prova, ou expiação, e comum é a lei. Tendes, porém, uma consolação em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos.” Livro dos Espíritos – Allan Kardec.



 Por Francisco Castro (*)




                Continuando a linha que iniciamos e que consta do título, permanecendo ainda na Parte Quarta de “O Livro dos Espíritos”, no Capítulo I, que trata das Esperanças e Consolações, mais precisamente na seção que enfoca a “Perda dos entes queridos”, fato que, como disseram os Espíritos, tanto afeta o rico como o pobre, portanto, está sempre presente em nossas vidas, vamos discorrer sobre a parte final da resposta que Allan Kardec obteve dos Espíritos à pergunta que havia formulado e que transcrevemos acima, pergunta e resposta.
“O Livro Dos Espíritos” teve a sua primeira edição apresentada em 18 de Abril de 1857 e continha apenas 501 Perguntas formuladas por Allan Kardec e respondidas pelos Espíritos. Sendo, posteriormente, bastante ampliada na segunda edição, passando a ter 1019 Perguntas, da mesma forma, formuladas por Allan Kardec e respondidas pelos Espíritos Codificadores.
Essa segunda edição, que se tornou a definitiva, foi anunciada na Revista Espírita de Allan Kardec em março de 1860. Entendemos que esse esclarecimento se faz necessário, posto que, nem todos os que venham a ter acesso a esse texto, tenham algum conhecimento da Doutrina Espírita.

            Voltando ao conteúdo da resposta dada pelos Espíritos, devemos entender que chorar a perda de entes queridos deve ser encarado como algo muito natural, haja vista como os Espíritos iniciam a resposta à pergunta formulada por Allan Kardec, se referindo que é uma dor que atinge a todos, independente de sua condição econômico-financeira. Para, logo em seguida, se referirem que há uma consolação, que é o fato de podermos nos comunicar com os que deixaram esse mundo, pelos meios que estão ao nosso alcance.
            Os meios disponíveis naquela época, e ainda hoje muito comum, eram os médiuns, surgidos em muitos lugares na França e em vários países, como a Rússia, Inglaterra, Alemanha, Itália, inclusive no Brasil, dentre outros. Ainda hoje o meio mais comum de se obter contato com o mundo espiritual, onde se encontram os Espíritos que deixaram o corpo físico, é através dos médiuns, nem sempre médiuns espíritas, porque essa faculdade é uma disposição orgânica.
            Na parte final da resposta a essa pergunta de nº 934, os Espíritos afirmam:enquanto não dispondes de outros meios mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos”. O que nos chamou a atenção foi o fato de que os Espíritos deixaram grifada essa parte da resposta, o que nos fez imaginar que pudesse se tratar de um erro de tradução, no caso, de Guilhon Ribeiro, que é a tradução que usamos costumeiramente, daí ter procurado consultar outras edições.
            Consultando a tradução de Salvador Gentile, tanto a publicada pela IDE-Editora, como a editada pela Boa Nova-Editora, em ambas encontramos o grifo, embora na edição da IDE tenha uma pequena diferença. Estendendo mais a nossa consulta, verifica-se que Herculano Pires não faz qualquer distinção no texto da resposta, enquanto a tradução de Anna Blakwell para o inglês mantém grifada a segunda parte da resposta dos Espíritos e, concluindo nossa pesquisa, visitamos a edição francesa da LES EDITIONS PHILMAN, e encontramos essa parte final da resposta em itálico, ao contrário da parte inicial da resposta que se encontra em romano.
            O leitor pode estar pensando que isso é preciosismo da nossa parte, mas não é, essa questão nos chamou a atenção a partir do relato de D. Ivone do Amaral Pereira, no livro “Devassando o Invisível” - FEB - Editora, cuja primeira edição data de 1963, quando ela relata um fato ocorrido em 1915, em São João Del-Rey – Minas Gerais, de uma comunicação através do médium Silvestre Lobato, um médium muito acreditado naquela época: 

“O Espírito Bezerra de Menezes anunciou o advento do Rádio e da Televisão, asseverando que este último invento (ou descoberta) facultaria ao homem, mais tarde, captar panoramas e detalhes da própria vida no Mundo Invisível, antecipando, assim, que a Ciência, mais do que a própria Religião, levaria os Espíritos muito positivos a admitir o Mundo dos Espíritos, encaminhando-os para Deus”.

            O nosso objetivo ao fazer essa pesquisa é o de encontrar uma possível ligação entre a comunicação do Espírito Bezerra de Menezes, no início do Século XX, com o que disseram os Espíritos Codificadores a Allan Kardec mais ou menos na metade do  Século XIX, deixando entrever que as pesquisas tecnológicas trariam aquilo que os cientistas tanto procuram, que são evidências materiais, sem qualquer tipo de intervenção humana, que possam confirmar, ou não, a realidade espiritual.
É bom lembrar que o rádio só veio surgir no Brasil a partir do ano de 1919 e a televisão vários anos depois! As pesquisas não param, a ciência avança sempre, mais dia menos dia os pesquisadores vencerão essa dificuldade, que não é de todo instransponível, que é o fato muito conhecido e repetido, de que o telefone toca é de lá para cá e não daqui para lá.
Como o nosso planeta enfrenta momentos de muitas dificuldades em termos de violência, drogas e corrupção, a comprovação de que o talão de cheques não compra o reino dos céus, isso certamente levará a que a humanidade reveja suas atitudes e hábitos, valorizando mais, definitivamente, o ser ao invés do ter, passando a dar mais crédito aos valores morais que aos bens materiais!
            Quando essa época chegar, que se espera não esteja muito longe, poderemos imaginar um mundo melhor em que a certeza de que os nossos afetos continuam vivendo, apenas em outra dimensão da vida, nos trarão um grande conforto pela alegria de que um dia iremos reencontra-los e a Doutrina Espírita terá prestado mais esse grande serviço à humanidade!            


(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.       

Comentários

  1. Francisco Castro de Sousa10 de novembro de 2013 às 00:36

    JORGE, GOSTEI DA ILUSTRAÇÃO. ESPERO QUE OS LEITORES APRECIEM!

    ResponderExcluir
  2. Castro,
    Parabéns! Trabalho de pesquisa!
    Abração!

    ResponderExcluir
  3. TRANSCOMUNICASTRO!!!!! Excelente texto! Roberto Caldas

    ResponderExcluir
  4. Muito bom artigo caro Castro. Parabéns.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

POR QUE SOMOS CEGOS DIANTE DO ÓBVIO?

  Por Maurício Zanolini Em 2008, a crise financeira causada pelo descontrole do mercado imobiliário, especialmente nos Estados Unidos (mas com papéis espalhados pelo mundo todo), não foi prevista pelos analistas do Banco Central Norte Americano (Federal Reserve). Alan Greenspan, o então presidente da instituição, veio a público depois da desastrosa quebra do mercado financeiro, e declarou que ninguém poderia ter previsto aquela crise, que era inimaginável que algo assim aconteceria, uma total surpresa. O que ninguém lembra é que entre 2004 e 2007 o valor dos imóveis nos EUA mais que dobraram e que vários analistas viam nisso uma bolha. Mas se os indícios do problema eram claros, por que todos os avisos foram ignorados?

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

"FOGO FÁTUO" E "DUPLO ETÉRICO" - O QUE É ISSO?

  Um amigo indagou-me o que era “fogo fátuo” e “duplo etérico”. Respondi-lhe que uma das opiniões que se defende sobre o “fogo fátuo”, acena para a emanação “ectoplásmica” de um cadáver que, à noite ou no escuro, é visível, pela luminosidade provocada com a queima do fósforo “ectoplásmico” em presença do oxigênio atmosférico. Essa tese tenta demonstrar que um “cadáver” de um animal pode liberar “ectoplasma”. Outra explicação encontramos no dicionarista laico, definindo o “fogo fátuo” como uma fosforescência produzida por emanações de gases dos cadáveres em putrefação[1], ou uma labareda tênue e fugidia produzida pela combustão espontânea do metano e de outros gases inflamáveis que se evola dos pântanos e dos lugares onde se encontram matérias animais em decomposição. Ou, ainda, a inflamação espontânea do gás dos pântanos (fosfina), resultante da decomposição de seres vivos: plantas e animais típicos do ambiente.

ESPÍRITAS: PENSAR? PRA QUÊ?

           Por Marcelo Henrique O que o movimento espírita precisa, urgentemente, constatar e vivenciar é a diversidade de pensamento, a pluralidade de opiniões e a alteridade na convivência entre os que pensam – ainda que em pequenos pontos – diferentemente. Não há uma única “forma” de pensar espírita, tampouco uma única maneira de “ver e entender” o Espiritismo. *** Você pensa? A pergunta pode soar curiosa e provocar certa repulsa, de início. Afinal, nosso cérebro trabalha o tempo todo, envolto das pequenas às grandes realizações do dia a dia. Mesmo nas questões mais rotineiras, como cuidar da higiene pessoal, alimentar-se, percorrer o caminho da casa para o trabalho e vice-versa, dizemos que nossa inteligência se manifesta, pois a máquina cerebral está em constante atividade. E, ao que parece, quando surgem situações imprevistas ou adversas, é justamente neste momento em que os nossos neurônios são fortemente provocados e a nossa bagagem espiri...

O ESTUDO DA GLÂNDULA PINEAL NA OBRA MEDIÙNICA DE ANDRÉ LUIZ¹

Alvo de especulações filosóficas e considerada um “órgão sem função” pela Medicina até a década de 1960, a glândula pineal está presente – e com grande riqueza de detalhes – em seis dos treze livros da coleção A Vida no Mundo Espiritual(1), ditada pelo Espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier. Dentre os livros, destaque para a obra Missionários da Luz, lançado em 1945, e que traz 16 páginas com informações sobre a glândula pineal que possibilitam correlações com o conhecimento científico, inclusive antecipando algumas descobertas do meio acadêmico. Tal conteúdo mereceu atenção dos pesquisadores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, Décio Iandoli Júnior, Juliane P. B. Gonçalves e Alessandra L. G. Lucchetti, autores do artigo científico Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence (tradução: “Aspectos históricos e culturais da glândula ...

PROGRESSO - LEI FATAL DO UNIVERSO

    Por Doris Gandres Atualmente, caminhamos todos como que receosos, vacilantes, temendo que o próximo passo nos precipite, como indivíduos e como nação, num precipício escuro e profundo, de onde teremos imensa dificuldade de sair, como tantas vezes já aconteceu no decorrer da história da humanidade... A cada conversação, ou se percebe o medo ou a revolta. E ambos são fortes condutores à rebeldia, a reações impulsivas e intempestivas, em muitas ocasiões e em muitos aspectos, em geral, desastrosas...