segunda-feira, 29 de julho de 2013

A SOLUÇÃO ESTÁ EM NÓS¹



            



 Por Roberto Caldas (*)


Há muita pressa e desencontros puxando-nos para o desespero das ruas. A multidão caminha meio sonâmbula, semi-inconsciente pelos corredores alvoroçados dos escritórios, centros comerciais e avenidas numa busca frenética de consumismo, perfilada como os antigos matadouros dispunham o gado pouco tempo antes do golpe final. Instalou-se nas mentes 
das pessoas um estado de confusão que impõe barreiras para escolher entre o supérfluo e o essencial, daí vivemos uma época que tornou todas as coisas relativas demais gerando uma labilidade de caráter que põe em perigo os mais profundos conceitos de ética da convivência. A convulsão social, filha da desigualdade de oportunidades, foge do controle e impõe derrotas diárias em todos os grandes centros urbanos, tomadas pela criminalidade que a polícia persegue, mas retrata tão somente aquela outra forma de delinquir que se veste de paletó e gravata e frequenta os grandes salões repletos de holofotes da vida pública.  Crianças e adolescentes, antes protegidos pelos esforços dos pais e da sociedade, se encontram expostos à escalada vertiginosa da ambição que corrompe e mata pelas mãos dos que traficam drogas que abatem o corpo, além daquelas que danificam pela bestialização intelectual patrocinada pelos meios de comunicação. Testemunhamos exemplos de altos graus de estresse e suicídios acontecendo em faixas etárias cada vez menores, em parte pela crença de que é preciso abrir o ser humano ainda criança ao carrossel de informações, antes filtradas pelo adulto em sua defesa.

            Por todas essas razões precisamos, de forma urgente, instalar a serenidade em nossos corações, antes que sejamos engolidos pelos medos e incertezas que rondam os passos humanos. Vemos que o alerta lançado por todos os mestres da humanidade ecoa, mas não consegue trazer para a prática das ruas o pensamento reflexivo da mudança. Esperamos pela mudança das condições políticas, sociais e humanas, como se a nobreza das atitudes dependessem do cenário estabelecido em espaço externo ao íntimo de cada um. Desconhecemos que é a transformação humana que impõe as renovações sociais e essas obrigam às viradas políticas, nessa ordem. E certamente não há uma solução, senão pararmos de escutar as vozes da delinquência, sejam quais forem a sua origem, para ouvirmos a sonoridade dos arautos de Deus, enviados ao mundo para nos mostrarem o melhor caminho, antes mesmo que nos percebêssemos perdidos como estamos agora.
            No passado remoto vemos em Krishna, “O homem virtuoso é semelhante a uma árvore gigantesca, cuja sombra benéfica permite frescura e vida às plantas que a cercam.”, em Buda “a paz vem de dentro de você mesmo, não a procure a sua volta”, em Jesus “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra”.
            No passado mais recente, repetindo os grandes nomes da espiritualidade no mundo, eis que Kardec arremata: “As aflições na terra são os remédios da alma; elas salvam para o futuro, como uma operação cirúrgica dolorosa salva a vida de um doente e lhe devolve a saúde. É por isso que o Cristo disse: ‘ Bem-aventurados os aflitos, pois eles serão consolados’". Estejamos, pois, alertas e serenos diante dos desafios dos dias atuais. Tomemos para nós a tarefa de trazer serenidade ao planeta.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 28.07.2013.
² foto: Hunter Doherty, conhecido com Patch Adams, médico norte-americano pela inusitada metodologia de ajudar enfermos, inspirador do filme "O Amor é Contagioso".

(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

2 comentários:

  1. Francisco Castro de Sousa4 de agosto de 2013 às 09:35

    Visitando o "Canteiro" como sempre faço, às vezes apenas pelo prazer de ver como esse instrumento de divulgação das mensagens que esclarecem, orientam e consolam, encontrei esse texto do Roberto Caldas, que é o Editorial de Antena Espírita e que, até agora, não tinha merecido um só comentário, aí eu pensei... Será que é porque na primeira parte o autor fez uma leitura real da situação em que nós nos encontramos, deixando para a segunda parte uma mensagem de consolo? Listando primeiro o mal, para em seguida aplicar o remédio, ele que é médico? Ou será que é indiferença mesmo? Ou será por puro preconceito, por que não devemos apontar as mazelas de nosso tempo? Seja qual for o motivo, penso que nós devemos mostrar que nos interessamos!
    Bom Dia a todos!

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  2. Bela provocação Castro! Os leitores precisam interagir mais com as ideias aqui colocadas. É uma forma de enriquecimento com o pensamento plural, mesmo discordante, as ideias são válidas e bem recebidas.

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