sexta-feira, 23 de novembro de 2012

RADICAL?




Por Jorge Luiz (*)



Certa feita, realçava as competências de um confrade que na minha compreensão reúne condições para exercer o principal cargo do movimento federativo cearense. Meu interlocutor concordou com as minhas ponderações, contudo, fez questão de frisar que o mesmo era tido por alguns como “radical”.

            Aqui e acolá deparamo-nos com esse rótulo-meme aplicado àqueles companheiros que de alguma forma ou outra se posicionam contrários a comportamentos ou práticas que conflitam com os fundamentos do Espiritismo.

            Antes de adentramos ao assunto na sua especificidade vamos ao verdadeiro significado da palavra radical, recorrendo ao dicionário Michaelis: Radical – Pertencente ou relativo à raiz. Que parte ou provém da raiz. Relativo à base, ao fundamento, à origem de qualquer coisa; fundamental.(...)”


            Pela substância natural da palavra é fácil de concluir que o adjetivo enriquece alguém pelo sentimento da coerência; da convicção; do bom senso e da lógica. Enfim, é uma virtude daquele que esposa uma ideia. Longe está, portanto, de ser uma característica pejorativa e perniciosa que desqualifique e inabilite a quem assim procede ao concurso de qualquer atividade no campo do ideal que abraçou.

            Allan Kardec em vários momentos mostrou o seu radicalismo diante de situações da natureza. Em seu artigo Olhar Retrospectivo Sobre o Movimento Espírita, (Revista Espírita – jan/1867), assim ele reage ao relatar sobre pontos que poderiam comprometer a Doutrina Espírita: “Que fazer nesta ocorrência? Uma coisa muito simples; fechar-se nos estritos limites dos preceitos da Doutrina; esforçar-se em mostrar o que ela é por seu próprio exemplo e declinar toda solidariedade com o que pudesse ser feito em seu nome e que fosse capaz de desacreditá-la, porque não seria este o caso de adeptos sérios e convictos.(...)”.

            Parafraseando Moisés¹, na belíssima assertiva sobre a mediunidade: oxalá que todo espírita fosse radical! Certamente, estaríamos livres das práticas, estruturas e ideias que tentam, vez por outra, introduzir no seio espírita, confundindo com outras formas religiosas, num sincretismo de todo inaceitável, desvios desnecessários, obstáculos tenazes no processo de unificação. É fácil de estabelecer o nexo.

            É preciso despojarmo-nos dos valores preconcebidos, herdados da política-partidarista e deixarmo-nos inundar pelos fundamentos espíritas, basilares para a construção de uma consciência lúcida, desanuviadas do preconceito e da precipitação, dois vícios comuns da espécie humana que, segundo René Descartes, prejudicam o juízo e impedem a descoberta da verdade.

            A literalidade da palavra converte a todos os que pontuam suas atitudes e zelam para que as diretrizes de suas casas sejam fundamentadas nas Obras Básicas, como radicais, e deveríamos nos vangloriar por isso. 
            É fácil de concluir que Confúcio tinha sábia razão ao afirmar que: “sem conhecer a força das palavras é impossível conhecer os homens.”

¹ (Nm 11:26-29)
           

(*) Professional & Personal Coach, expositor espírita, livre-pensador e voluntário do Instituto de Cultura Espírita do Ceará – ICE.

3 comentários:

  1. Parabéns pelo texto...Sr. Jorge!
    Muito Obrigado!!!

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  2. Muito bom Jorge! Como sempre o que complica é o desconhecimento e o julgamento prévio daquilo que não se conhece... Espero que mais pessoas tenham acesso ao seu Canteiro de idéias. Com isso, quem sabe caia a trave dos olhos de quem faz críticas mas não faz a autocrítica.

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