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DEMOCRACIA SEM ORIENTAÇÃO CRISTÃ?

 

Por Orson P. Carrara

Afirma o nobre Emmanuel em seu livro Sentinelas da luz (psicografia de Chico Xavier e edição conjunta CEU/ FEB), no capítulo 8 – Nas convulsões do século XX, que democracia sem orientação cristã não pode conduzir-nos à concórdia desejada. Grifos são meus, face à atualidade da afirmação.

Há que se ressaltar que o livro tem Prefácio de 1990, poucas décadas após a Segunda Guerra e, como pode identificar o leitor, refere-se ao século passado, mas a atualidade do texto impressiona, face a uma realidade que se repete. O livro reúne uma seleção de mensagens, a maioria de Emmanuel.

Entre outras informações, encontramos no citado capítulo as seguintes afirmações: (novamente com grifos meus)

a)      Os aviltamentos do ódio campeiam em todos os climas;

b)      Arraiga-se a injustiça, com a máscara da legalidade, nas organizações dos países mais nobres;

c)      desvarios do poder em toda parte;

d)      A desconfiança e a discórdia regem as relações internacionais;

e)      Racismo tirânico perturba povos avançados;

f)       Conflitos ideológicos tremendos aguçam o raciocínio a soldo da ciência perversa;

g)       instalou-se a guerra entre os homens, à maneira de sorvedouro infernal;

h)      O conceito de civilização flutua ao sabor dos grupos dominantes;

i)       Há sempre volumosos contingentes para ganhar a demanda, mas raros homens se preocupam em ganhar a harmonia;

j)       a Terra, em sua geografia política, é uma colmeia desesperada, que só a cristianização da democracia poderá reajustar;

k)      Impossível a organização de instituições respeitáveis sem sentimentos humanos dignificados;

Meu Deus! Que atualidade para nosso tempo! Leia novamente, meu amigo, minha amiga. O texto original não é compacto, fica inviável ficar simplesmente transcrevendo. Sugiro acesso ao texto completo, cujo link indico abaixo. Todavia, há uma frase lapidar, que uso para concluir a transcrição parcial:

O homem elevar-se-á com o Cristo para levantar a política até o plano do equilíbrio divino ou a política sem Cristo, seja qual for a bandeira a que se acolhe, precipitará o homem no caos.

Recorro também ao capítulo XXIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo, no subtítulo Coragem da Fé, itens 15 e 16. Muito pertinente considerando o acervo cultural e doutrinário trazido pelo Evangelho e pelo Espiritismo. Os destaques são muito pertinentes. Diz o Codificador:

Item 15: “A coragem das opiniões próprias sempre foi tida em grande estima entre os homens, porque há mérito em afrontar os perigos, as perseguições, as contradições e até os simples sarcasmos, aos quais se expõe, quase sempre, aquele que não teme proclamar abertamente ideias que não são as de toda gente. Aqui, como em tudo, o merecimento é proporcionado às circunstâncias e à importância do resultado. Há sempre fraqueza em recuar alguém diante das consequências que lhe acarreta a sua opinião e em renegá-la; mas, há casos em que isso constitui covardia tão grande, quanto fugir no momento do combate (...)”.

Item 16: “Assim será com os adeptos do Espiritismo. Pois que a doutrina que professam mais não é do que o desenvolvimento e a aplicação da do Evangelho, também a eles se dirigem as palavras do Cristo. Eles semeiam na Terra o que colherão na vida espiritual. Colherão lá os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza.”

Ao lado, pois, das vacilações e fraquezas humanas, tão bem citadas pelo texto de Emmanuel, inclusive relacionando-os (e que destacamos parcialmente acima), estão os esforços que se podem empreender para alterar aquelas situações, o que vai exigir coragem e decisão.

Coragem e decisão, que se transformam em ações concretas, especialmente porque incentivadas por Espíritos mais desenvolvidos que aqui aportam para auxiliar nesse processo. Busco o final do item 17 – do capítulo III O Céu, no livro O Céu e o Inferno –, quando referindo-se aos mundos superiores Kardec afirma: “(...) dos mundos, focos de luz e de felicidade, os Espíritos se deslocam para mundos inferiores, para semearem aí os germes do progresso, e levarem a consolação e a esperança, erguer os ânimos abatidos pelas provas da vida, e, por vezes, aí se encarnam para cumprirem a sua missão com mais eficácia.”

E como prometi veja o texto de Emmanuel, na íntegra, no link:

https://bibliadocaminho.com/ocaminho/TX/Sel/Sel08.htm

Comentários

  1. COMENTÁRIO ELABORADO PELA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL-IA (GEMINI)
    O artigo analisa a crise do século XX, apontando a democracia como um de seus pontos nevrálgicos. Emmanuel argumenta que a liberdade e os ideais democráticos são insuficientes sem a dignificação moral e cristã dos indivíduos. O texto critica a busca por soluções externas (políticas) sem a reforma íntima (o Evangelho no coração), e conclui que o destino da sociedade moderna reside no dilema: ou o homem se eleva com o Cristo para dignificar a política, ou a política sem esse alicerce moral precipitará a humanidade no caos. O esforço individual de coragem e decisão é, portanto, o pilar para sustentar uma sociedade verdadeiramente progressista.

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